quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Ano Novo - 2013

O Ano Novo se aproxima e com ele muitas esperanças serão renovadas. Reflexões e pensamentos se elevarão para um tempo melhor, com mais paz, segurança, saúde, alegria e claro, fartura.
Desejo a todos os usuários do Blog muitas realizações em 2013.
Aguardem novas músicas e estórias para o ano que se inicia.
Então, até lá!
FELIZ 2013 PARA TODOS!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Pensamento de Poeta XIII


PAI NOSSO QUE ESTÁS NOS CÉUS
José Timotheo
Pai
Eu não sei quanto tempo tenho pra ficar aqui
Você sabe
Eu só sei que quero pisar firme nesse chão
Quero continuar indo em frente sem medo
Ir sempre em frente é a minha vontade
Sempre que encontrar alguém pelo caminho
Se não puder ajudar, que eu não o atrapalhe
Mas eu quero ir sempre em frente
Mesmo estando sentado para descansar
Quero continuar andando
Quero que o horizonte esteja do meu lado
Não quero uma luz no fim do túnel
Quero um ponto de luz na minha mão
Para que eu possa clarear os meus passos
Quem foi que disse que tenho que ter bolhas nos pés
Enquanto caminho?
Colocarei calçados que me deem firmeza
E prazer para andar pelas estradas da vida
Pai
Eu sei que me deste oxigênio para viver
E que respiro gás carbônico e cigarro para morrer
Mas juro que nada disso inventei
E que me deste água limpa para matar a sede
Mas morro com água suja, álcool e outras coisas mais
Mas pode ter certeza: eu nada disso criei
Não sei quando nos apresentaram isso
Mas parece que é coisa desde quando nos criou
Não estou me desculpando, não
Estou me defendendo, apenas
Mas...Deixa pra lá
Só quero continuar caminhando
Sem precisar carregar uma cruz
Alguém disse que tenho que sofrer
Para ser feliz
Não acredito nisso
Alguém botou essas palavras na sua boca
Eu só quero ser feliz
Simplesmente feliz
Eu não quero sofrer para ter um lugar no paraíso
Deixa que eu vá sempre pra frente
Mesmo que o mundo vá pra trás
Não sei quem inventou a dor
Não acredito que tenha sido o Senhor
Com certeza não irias perder tempo com isso
Alguém criou uma estória
Que o Senhor castigava quem mudasse de caminho
Mas na realidade era o caminho deles
A partir disso a simplicidade deu lugar ao medo
E ainda disseram que era obra sua
Só bastava alguém contestar alguma coisa
E lá ia o pobre coitado para a masmorra
Depois inventaram a forca
Ou a forca e depois a masmorra
Como sendo obra sua também
Pai
Só queremos ser felizes
E felicidade é obra sua
Disso eu tenho certeza
Fim

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Moratória - a estória


Moratória
José Timotheo

A manhã acordou cinza. O sol não ousava abrir a porta e acender a sua luz sobre aquele pedacinho de mundo esquecido. Lugar onde o sol torrava qualquer coisa que tivesse vida, isso era raro de acontecer. Quem se arriscasse a viver por ali, ou era suicida ou maluco total. Ou ainda, buscando um esconderijo. (Êta sertão braseiro!). Mas como Deus não esquece seus filhos, eis que naquele inferno dantesco, juntinho de um pedregulho, tinha um pontinho d’água. Não era muita coisa não, mas dava pras necessidades das três famílias que ali viviam. Se é que viviam.
Mundinho das Coisas morava ali com a sua mulher, Maria e os dois filhos, Donatinho e Zé Raimundo. Ele de vez em quando, saía de casa e ficava alguns dias fora. Normalmente não passava de uma semana. Nas redondezas ninguém sabia o que o cabra fazia. Nem mesmo a sua mulher sabia. Mas voltava sempre com bastante comida – e das boas! – e presentes para Maria e as crianças. Ela nunca perguntava aonde ele tinha ido, mas Mundinho assim mesmo, dizia que tinha feito uns ‘servicinhos” pro coroné Pedro, lá das bandas do sul, há mais ou menos 300 Km da capital, e apontava com o dedo mindinho, pois não usava o indicador por pura superstição.
Mundinho era cheio de prosa. Metido a macho. Dizia que não tinha medo de nada. E que o capeta é que tinha medo dele. Pegava até cobra com a mão e arrancava a sua pele. Dizia que as peçonhentas fugiam quando ele passava. E tem mais, dizia ele, até a morte se arrepiava com a sua presença. Era um cabra com corpo fechado.
Lá ia ele com as suas idas e vindas. E era um mistério só. Na sua vida só existia ele e a família. Nem Deus fazia parte do seu mundo. Às vezes blasfemava dizendo que o Homem comia na sua mão. Não era Deus quem decidia sobre a vida e a morte. E assim o tempo rolava feito graveto, no chão batido e rachado daquele sertão nordestino. Mas um dia, nas suas saídas misteriosas, o tempo foi se esticando. Já tinha passado mais de 10 dias e nada do cabra regressar. A mulher já estava ficando desesperada. A comida já estava pelas beiras. “Num ia” dá nem pra dois dias. O pior é que ela não sabia o que fazer. – “E se Mundinho não voltasse?” – pensava ela. Tardou, mas ele finalmente chegou. Cara de cansado. Esgotado mesmo! No rosto aparecia uma marca recente de corte de faca. E mais outra no braço. Tudo sangrava. Pela primeira vez Maria viu Mundinho com medo escorrendo dos seus olhos. Como de costume, ela nada perguntou. E dessa vez, ele nada falou. Apenas se lavou com algumas gotas d’água, em total silêncio. Mas aos poucos aquela frieza habitual foi voltando. Aquele ar de todo poderoso tomou assento novamente. Mas continuou mudo. Passou unguento nas feridas e foi até a janela do casebre. Respirou fundo. Um ar quente começou a invadir os seus pulmões. Mal deu tempo de respirar tudo que queria. Caiu para trás, tombando com uma bala cravada no peito. Maria correu para acudi-lo. Colocou-o no colo. Pela primeira vez olhou na cara do marido e pela primeira vez viu lágrimas nos olhos do cabra. E dessa vez dos seus, nada saiu. E muda, apenas alisava a cabeça de Mundinho. De repente ele falou alguma coisa. Arregalou os olhos e disse o nome de Deus. Maria se assustou com o que ouviu. Desde quando o marido falava no nome do Pai, com medo e respeito? Mas falou. E ela não tinha dúvida. E esperou. E ele continuou. Pediu arrego. Queria ficar vivo de qualquer jeito. Prometeu que se continuasse no mundo dos vivos, mudaria de vida. Iria sair dali com a família e trabalhar decentemente. Ele só foi viver ali, porque era um bom esconderijo. Disso isso entre lágrimas. Rezou para todos os santos. Falou o nome de uma porção deles. Maria nem sabia que ele sabia daquela quantidade de santos. Mas começou a se engasgar com o próprio sangue. E parou de falar. Quando acalmou um pouco, chorando pediu mais uma chance de ficar vivo. Finalmente quando percebeu que não tinha saída, xingou, com as forças que ainda restava, o nosso Criador! E foi para algum lugar. Pelo olhar de Maria, ela deduziu que tinha sido o inferno. Com o ódio estampado na cara, ela murmurava alguma coisa para os filhos. Eles não entenderam nada. Ela se levantou e foi até a janela. Foi sem medo. Depois olhou para os filhos mais uma vez e gritou cheia de raiva.
- “ Vai para o inferno, seu desgraçado!”
E a moratória não chegou...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Noticias...

É com muita felicidade que chegamos a mais de 14 mil acessos, em menos de 01 ano de existência! Notamos nesse tempo que as estórias são o que mais chamam a atenção do internauta que entra no nosso blog.
É muito maior o acesso as estórias que as músicas em sí. Algo que não imaginávamos quando idealizamos o blog. 
Estamos em fase de estúdio, com mais uma canção, minha e de minha parceira musical Martha Taruma. 
Em breve estará publicada aqui.
Aguardem!
E gente, Valeu pelo acesso eh!!


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mistura - Letra de Música

Mistura
José Timotheo e Martha Taruma

Solto na praia
Onda leve
A lavar o pé
Rola na areia
Corre na onda do afoxé
Neguinho tá molhado de esperança
Brinca na crista
Da lança
Lava na água sua fé
Neguinho tá sujinho de espuma
Vem no vento
Corta a bruma
Mostra ao povo seu axé
Neguinho, branco, moreno e pretinho
Amarelo e quase, negrinho
Ainda sem raça sem cor
Sou de qualquer arte
Brasileiro
Amor

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mistura - no myspace

Ouçam mais essa canção de José Timotheo em parceria com Martha Taruma.
Música liberada no myspace do compositor.
http://www.myspace.com/josetimotheo/music/songs/mistura-mp3-88823897
Todas as canções foram gravadas nos estúdios Luperan em São Pedro da Serra - Nova Friburgo - RJ.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Mistura - a estória

Mistura
José Timotheo

O preconceito existe e muito. E esse preconceito é contra nós mesmos. Quem não tem uma misturinha de raças? Não posso afirmar com todas as letras que todos nós somos filhos da mistura, mas posso garantir que estamos quase noventa por centro perto disso. Então somos "neguinho". Tem branco por fora que por dentro é mais negro que muitos negros por fora. E por sua vez, esses ditos negros, às vezes por dentro são mais brancos que os brancos por fora. E ai vai o amarelo, o vermelho...Somos um bolo que está sendo assado. Essa mistura vai dar um bolo de primeira. A nossa raça está nascendo. Está surgindo um povo forte e generoso. Se Deus quiser. Pronto para ser vencedor. Um país neguinho. Eu sou neguinho, e você?
O preconceito maior não é contra a cor. É contra, o quem sou. Se mais eu tenho menos me discriminam. Se menos eu tenho, mais sou jogado às traças. Sou um câncer social. Mas existe o racismo ainda, além do preconceito.
Conheci um cara negro. Ele se apaixonou por uma loura. Conheceu a família dela e ficou tudo numa boa. Levou-a para apresentá-la a seus pais. A reação deles foi péssima. O racismo bateu forte. Ele me segredou, uns anos depois, que não sabia do preconceito do seu pai e da sua mãe.Foi até proibido de se casar. Mas casou assim mesmo. Não ligou para a opinião deles. E acabou esquecendo de dizer que a loura que era o amor da sua vida, era mais negra do que eles. O pai dela era africano puro. (Será?) E a mãe era branca, mas com muita mistura correndo nas suas veias. E os seus pais, vinham carregando, há muito tempo, o branco e o preto pelo corpo e pela alma.
Tem muita gente que fecha os olhos para a nossa realidade. Ou ignoram essa verdade. Essa verdade que é a mistura. Somos moreno, preto, branco, amarelo, mulato e...muito misturado. Somos 'neguinho". Graças a Deus!

- Aguardem em breve a liberação da letra e da música no myspace do compositor.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Pensamento de Poeta XII


Mãe Terra
-José Timotheo-


Mãe Terra
Terra mãe
Fronteira da escola
Da escolha, da ascensão
Pão do corpo e da alma
Calma e fúria
Hospital
Tal e qual
Beijo da sorte
Vida da morte
Colo macio
Cio nosso de cada dia
Não adia colheita
Mão que corrige
Peito que sacia a sede
Sede de esperança
Espera
Espera
Espera
Bolha viajante
Teto acolhedor
Mãe de bilhões de filhos
Perde...mas não distancia
Mãe terra
Nos acolhe nas asas do tempo
Seus pintos
Eternos pintos

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Isso Tudo Por Amor - no Myspace

Já está liberado pra quem quiser curtir a canção Isso Tudo Por Amor, de autoria de José Timotheo e Martha Taruma.
http://www.myspace.com/josetimotheo/music/songs/isso-tudo-por-amor-mp3-87658897
Em breve nova estória, letra e canção!
Tomara que aproveitem!
Falando nisso, que tal postar um comentário galera!
Estarei no aguardo!

domingo, 5 de agosto de 2012

Isso Tudo Por Amor - letra de música

Isso Tudo Por Amor
José Timotheo e Martha Taruma


Eu me deixo levar
Lavar minha alma
Com água e sabão
Defumar minha língua
Com incenso da Índia
Ou não
Ainda peço a Deus
Uma penitência tão forte
Que me tire do prumo
E arrebente meu Norte
Isso tudo por Amor
Isso tudo por Amor
Isso tudo por Amor
Mas critico sua vida
Abro mais a ferida
E esmago uma flor
Isso tudo por amor
Isso tudo por amor
Isso tudo por amor

Aguardem, em breve a liberação da música no Myspace do compositor!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Isso Tudo Por Amor - a estória

Isso Tudo Por Amor
José Timotheo
Tem uma cena que não sai da minha cabeça. E já tem mais de trinta anos. Eu engatinhava no jornalismo, quando tudo aconteceu. Precisamente no Jornal O Dia, sucursal Niterói. Não devia ter mais de uma semana como "foca. Meu amigo e professor, o jornalista Mário, me chamou para acompanhá-lo numa ronda pelas delegacias de Niterói e São Gonçalo. Lá fui eu todo empolgado. Era a minha primeira saída com chance de alguma reportagem. No meio do caminho, antes de chegarmos à delegacia de Jurujuba, um comunicado, via rádio, nos levou para o bairro de Pendotiba, em Niterói. Mário que recebeu o chamado, só disse que era uma matéria quente. Não quis entrar em detalhes. Mandou o motorista pisar fundo. E lá fomos nós quase voando. Cochichou alguma coisa com o fotógrafo. Não deu para entender o que falaram. O motorista entrou por uma estrada de terra, com mais crateras que a Lua. Eu não consigo me lembrar que estrada era aquela. Eu só me lembro que andamos um bocado. Finalmente chegamos num sítio. O local já estava cheio de viaturas da polícia e alguns carros de outros jornais. Mário conversou com alguns jornalistas, seus amigos. E alguém apontou para um casebre. Ele voltou, chamou o fotógrafo, eu acho que o nome dele era Gilson, e me mandou esperar no carro, e foram para o barraco. Passado alguns minutos, voltaram os dois. Mário me mandou ir até o casebre. Perguntei o que fazer lá. Me respondeu apenas que era para eu fazer uma entrevista. Observei o olhar que ele trocou com o fotógrafo, tinha um sorriso escondido, mas fui sem questionar.
A minha inexperiência era tanta, que nem perguntei o que tinha acontecido ali. Eu confiava cegamente no meu amigo e isso bastava. Peguei papel e lápis e fui caminhando, despreocupadamente. O fotógrafo vinha do meu lado. Na porta do casebre, tinha um rapaz de cócoras. O rosto estava sujo de barro. Duas linhas sulcavam a sua face, descendo dos olhos até próximo do nariz. Os olhos vislumbravam o nada. Entrei no barraco. Quase morri de susto: lá estava uma cabeça de mulher fora do corpo, olhando para mim. Fiquei parado. Parecia que os meus pés estavam colados no chão. Procurei rapidamente tirar os olhos daquela cena terrificante. Para onde eu direcionei o meu olhar, encontrei algumas crianças abraçadas. Eram irmãos. Se não me falha a memória, eram cinco. Estavam mais assustadas do que eu. Só consegui sair dali, quando o fotógrafo riu na minha orelha. Saí voando e com um bolo na garganta. Encontrei próximo a porta, Mário e o motorista. Quando me viram, riram um bocado de mim. Mário me disse que era para eu me acostumar. Acostumar como? Perguntei ainda assustado. Continuou rindo, colocou a mão no meu ombro e me levou até ficar na frente do rapaz. Olhou para ele e perguntou porquê daquela violência toda. Ele sem levantar o rosto, apenas respondeu que foi por amor. Mário tentou mais algumas perguntas, mas ele não respondeu mais nada. Um parente seu que estava próximo, foi quem respondeu as perguntas.
Disse o motivo de tanta barbaridade. Eles eram primos, se não me engano. Contou que o patrão esperava ele ir para a roça, para poder se encontrar com a mulher dele. Eram amantes há algum tempo. Naquele dia ele voltou mais cedo e encontrou os dois deitados na sua cama. Esperou o patrão sair, entrou e matou com uma foiçada a mulher. Isso na presença dos filhos. Saiu. Fechou a porta, deixando a mulher morta e os cinco filhos presos com ela. E ficou ali de cócoras, aonde ainda se encontrava. Um policial que estava ali do lado, pegou-o pelo braço e levou-o para a viatura. Mas antes ainda perguntei o porquê dele ter feito aquilo. E ele me respondeu que tinha sido tudo por amor. E duas lágrimas despencaram dos seus olhos, pelo meio do barro que sujava o seu rosto.
Não tive coragem de olhar para dentro do casebre. Apenas mirei as crianças que já estavam sendo tiradas. Eram cinco pessoas que ninguém poderia imaginar em que poderiam se transformar depois daquela violência toda. Voltamos para o carro. No rádio, Gilberto Gil cantava "Xodó", de Dominguinhos - "Que falta eu sinto de um bem. Que falta me faz um xodó. Mas..."

- Aguardem a liberação da letra e da música no Myspace!!!


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Pensamento de Poeta XI

MAIS UM ÊXTASE

O céu está azulado
Mas cai chuva
Chovem manhãs atrasadas
Escorregam águas
Molhadas de seus olhos
Raios desenham luzes
Sob o nosso lençol
Abre o sol da noite
Abre o lençol de estrelas
Abre o seu coração
Nasce uma nova canção
O céu está seu
O universo está nós
Vamos a sós
Brilhar como estrelas
Vamos nós super sóis
Nos vestir de eternidade
Abre o sol da noite
Abre o lençol das estrelas
Abre o seu coração
Nasce uma nova canção
- José Timotheo -

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Roda Ponteiro - no myspace

Já se encontra liberada para a ouvir a mais nova canção do compositor José Timotheo em parceria com  Martha Taruma, que também canta a música.
Ouçam.
Façam comentários!
http://www.myspace.com/josetimotheo/music/songs/roda-ponteiro-mp3-87658911

Roda Ponteiro - Letra de Música

Roda Ponteiro
José Timotheo e Martha Taruma

Roda roda
Roda roda roda
Ponteiro
Gira na palma da mão
É o peão boiadeiro
Agarrado, girando
Mas não, rola no chão

Ter firmeza nos punhos
Preso no cela e no ar
Sem deixar de domar
Se amarrando no laço
Ele não
Pode tombar

Roda roda
Roda roda roda
Ponteiro
Gira na Palma da Mão
É o peão boiadeiro
Amarrado, girando
Mas não, rola no chão

Rodopiar no espaço
A um passo da terra
E pular a esperteza
Pois touro bravo
Não perdoa
Não perdoa

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Roda Ponteiro - a estória

Roda Ponteiro
José Timotheo
Uma névoa branca tomava conta do pasto. O gado já estava espalhado no meio do braquiária. Um vulto circulava entre os animais. Não dava para identificar quem era. Mas eu sabia que era João Boiadeiro. Era o capataz da fazenda. Ele tinha me dito no dia anterior. Olhava a cena de dentro do quarto do Hotel Fazenda.
O sol ainda não tinha saído de todo. Voltei para a cama e comecei a pensar em algumas estórias que o João tinha me contado. Sujeito bom de prosa, tava ali. Se eram verdadeiras as estórias, eu não sei. Mas que pareciam estórias de pescador, pareciam!
No dia anterior, depois do almoço, caminhava para tentar melhorar a digestão. Tinha comido exageradamente. Parecia que tinha engolido um boi inteiro. Fui caminhando e descobrindo lugares bonitos. O lugar era bem tratado. Os jardins eram bem harmoniosos. De uma beleza impar. O pomar tinha uma variedade incrível de fruteiras. Andando mais um pouco, encontrei uma criação de coelhos. Logo à frente, uma granja imensa. Descendo uma ladeira, uma bela horta cobria o chão de várias tonalidades de verde. Continuei a minha caminhada. Atrás de um bambuzal, apareceu um haras, com alguns belos exemplares de manga larga marchador. Isso tudo, fora o rebanho bovino que estava quase todo no pasto. Mas encontrei alguns confinados. Me atraiu a atenção uma vaca marrom, com pequenas manchas brancas espalhadas pelo dorso. Me aproximei para observar bem de perto. Ai levei o maior susto, quando uma voz cortou o silêncio do estábulo.
- Boa tarde, senhor!
Depois do susto, consegui responder, meio gaguejando, um boa tarde. Era João Boiadeiro. Assim ele se apresentou. Em pouco tempo de papo, ele desfiou toda a sua vida ali na fazenda. Disse que tomava conta de tudo ali. Era o homem de confiança do patrão. Fiquei interessado com a sua conversa. Ele tinha uma cara engraçada. Fazia careta quando contava seus "causos". Era espirituoso também. No meio de tanto papo, me disse que tinha participado de vários rodeios. Inclusive em outros países. Mas antes quis saber se eu já tinha visto algum rodeio. Disse que não. A partir daí, ficou mais a vontade pra falar. Citou o nome de alguns peões, me perguntando se eu conhecia. Mas uma vez eu disse que não. Ai então é que se empolgou mais ainda nas suas narrativas. Falou que tinha ido participar de um rodeio no México. Disse que só não ganhou, porque lá estava o melhor dos melhores: Michel Hernandes. Afirmou que até aquela data nenhum cavalo ou touro ainda tinha-o derrubado.
- Moço! Michel Hernandes...Guarda bem esse nome! Sabe o que ele fez? Não sabe?
Eu só balançava a cabeça negativamente. Enquanto ele deixava a pergunto no ar e dava mais uma pitada no seu cigarro de palha, antes de recomeçar a estória.
- Moço! Eu vi! Eu vi com os meus "próprius zóios!" Ele, Michel Hernandes, rodopiava em cima do lombo do cavalo. Parecia um pião. E girava como um ponteiro de relógio! Bicho nenhum derrubou ele ainda! Isso não! Ele sabe que não pode errar! Cavalo xucro e touro bravo, não perdoam!
Ele me contou mais algumas estórias engraçadas. Rimos muito. Me despedi e retomei à minha caminhada de reconhecimento da fazenda. Ele continuou sentado nem tronco, improvisado de banco, dando as suas baforadas.
Perto de um lago, conheci mais um funcionário do hotel. Ele cortava grama em torno do lago. Curiosamente o nome dele era Hernandes. Rodei mais alguns metros e fui parar numa pocilga. Muito limpa! Nenhum mau cheiro! Os suínos pareciam, pelo tamanho, bezerros. Coincidentemente o tratador se chamava Michel. Aproveitei para falar sobre o João. Me disse então, que o boiadeiro tinha nascido ali mesmo e que nunca tinha saído da fazenda. A não ser, umas poucas idas numa cidadezinha ali perto, com o patrão, para fazer algumas compras. Voltei pelo mesmo caminho e encontrei o João Boiadeiro sentado no mesmo lugar. Bateu com a mão pra mim e deu mais uma pitada no seu cigarro de palha. Dei um sorriso para ele e voltei para o meu quarto. Deitei um pouco e comecei a relembrar as estórias do João e ri um bocado.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pensamento de Poeta X

O QUE É QUE EU FAÇO?

Meu Deus! Meu Deus!
O que é que eu faço do meu silêncio?
Ele faz mais barulho que qualquer grito de gol!
O que é que eu faço da minha ausência?
Ela dói mais que uma ferida! Purulenta!
Meu Deus! Meu Deus!
O que é que eu faço do meu descaso?
Ele está mais grudado em meus olhos que catarata!
O que é que eu faço da minha omissão?
Ela explode em minha cabeça feito bala de canhão!
Meu Deus! Meu Deus!
Mas eu não posso mudar o mundo!
Mas eu não posso mudar!
Mas eu não...Eu não!
Eu tenho medo!
Eu tenho medo.
- José Timotheo -

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Crucificada - no myspace

Já se encontra liberada para ouvir a canção Crucificada do compositor José Timotheo em parceria com Martha Taruma, que também canta a canção.
http://www.myspace.com/music/player?sid=88008348&ac=now
Aguardo os comentários!!

Crucificada - letra de música

Crucificada
José Timotheo e Martha Taruma

O farol incendeia
A estrada resto de noite
Ao lamber no fogo da lua
Nua eu te vejo sem pudor
A rolar pelo asfalto
Salto alto
Embolar numa flor
Amor no cadafalso da rua
Segue a sina
Carrega a dor
Vende a esperança
A cidade sua
Se arrasta no motor
Ele te leva e te prende na cruz
Induz a viver sem saudade
Apaga o que resta de luz
Saia dessa via
Avia essa dor
Dorme e se esfrega num sonho
Pra não morrer
Linda Flor

terça-feira, 5 de junho de 2012

Crucificada - a estória

Crucificada
José Timotheo
Assiti a uma reportagem que me causou tristeza e uma desesperança sem tamanho. Um repórter varria a beira de uma estrada. A sua câmera furava a noite. Cada pedacinho de chão, próxima a um posto de gasolina, meninas disputavam cada caminhão, automóvel ou qualquer outro veículo que ali chegasse para abastecer. Ou mesmo que passasse devagar. Esses já vinham na certeza do que queriam encontrar. Elas surgiam da margem da estrada, como formigas. Conseguiam se esconder atrás da noite. Eram meninas que não deviam ainda ter saído dos doze, treze anos...e até mais novas. Cada uma delas arrastava a fome, a miséria, atrás de si. Entregavam o seu corpo por um prato de comida. Essa reportagem me chocou. Não me lembro quem fez e nem o lugar. Mas eu acho que foi no norte do país. O pior é que muitas delas declararam ao repórter, que foram jogadas naquela vida pelos próprios pais. Sendo essa a única forme de conseguirem o pão nosso de cada dia. Várias bocas estavam em casa esperando pelas migalhas que elas conseguissem.
Aqueles corpinhos esquálidos, que ainda não tinham saído da infância, já carregavam a dor de uma vida inteira. Talvez nem conseguirão chegar na adolescência, pois as doenças já batem às suas portas. Elas sabem que o amanhã é duvidoso.  Como almejar um futuro? A triste realidade é sempre o hoje, com um prato de comida ao alcance, para amenizar a falta de esperança.
A câmera varreu de novo a beira da estrada. Naquela hora apareceram algumas crianças com bonecas de pano. Brincavam enquanto esperavam mais um freguês. Elas queriam apenas brincar, como todas as crianças. Precisavam brincar. Só isso! E estamos negando isso a elas. Essa é mais uma ferida no nosso Brasil, que teima em não cicatrizar.
Fim

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pensamento de Poeta IX

LIBERTAS TAMEM

Abriram os olhos do mundo.
Mas pintaram tersóis nas pálpebras do dia.
Abriram a boca do mundo.
Mas cravaram cáries nos dentes da vida.
Abriram os ouvidos do mundo.
Mas plantaram surdez nos destinos dos homens.
- José Timotheo -

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pensamento de Poeta VIII

EU VI

De repente eu vi que os pássaros cantavam.
Eu vi que toda minha gente, também, cantava.
A alegria era tanta,
Que as pessoas enfeitavam as flores.
As pessoas estavam tão humanas,
Que aqueciam o sol.
Estavam todas tão claras,
Que iluminavam as estrelas.
Estava tudo tão alegre,
Que a minha tristeza sorria.
Era impossível traduzir tanta realidade.
Não precisavam mais de esperanças...
Nem sonhos...
Não havia mais nuvens negras,
Muito menos temporais.
Não precisavam mais cultivar a saudade.
A felicidade não estava dividida em momentos;
Era tatuada no coração da eternidade.
Então...levantei.
Abri a janela
E vi que a cidade, ainda, estava sob lágrimas.
-José Timotheo-

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dedilhado, no myspace

Já está liberada a música para ouvir no myspace do compositor. Essa é uma música da safra nova, em parceria com Martha Taruma, que também canta. Nos arranjos e direção musical, Rodrigo Garcia. Gravado nos estúdios Luperan - São Pedro da Serra - em Maio de 2012.
Acesse o link abaixo para ouvir:
http://www.myspace.com/josetimotheo/music/songs/dedilhado-mp3-87658883

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dedilhado, letra da música

Dedilhado
José Timotheo e Martha Taruma

Com o violão
Fiz um dedilhado
Peguei meu coração
Pus ele de lado
A esperança no congelador
Pra esperar, meu grande amor

Criei no meu caminho
Um bordado em mel
Colori de sonhos
Pedaços do céu

Gritei aos quatro ventos
Meu amor, meu bem querer
E só plantei com as certezas
Do que eu podia colher

Criei em versos
Uma grande e louca paixão
Tatuando uma saudade
Um nome na imaginação

Com o violão
Fiz um dedilhado...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dedilhado, a estória

Dedilhado
José Timotheo
O mar quase tocava os meus pés. O meu sono era pesado. O sol já lambia a minha cara, mas eu teimava em não acordar. Do jeito que deitei de barriga para as estrelas, assim foi até abrir os olhos para o dia. Abri os olhos, mas não quis despertar. Tinha medo de perder o sonho que me acompanhou a noite toda. Parecia que eu já esperava por esse sonho. Como se eu já tivesse sonhado acordado, bem antes.
A barraca balançava com o vento, que trazia no seu bojo um gosto de maresia. Eu e o violão, recebíamos uma chuva de areia. Ele continuava dormindo e não se incomodou com a areia na cara. Não sei se ele sonhou também. Se não sonhou, pelo menos me deu chance de viajar com o meu sonho. Logo nos primeiros acordes, a inspiração foi se chegando. Como quem não quer nada, foi levando os meus dedos pelo braço e fazendo brotar acordes macios. De repente as notas silenciaram e deram lugar para a poesia. Era o meu sonho que vinha brotando rápido. O violão ficou de lado apreciando quem chegava. Quem chegava, chegava sem nome. Veio nos braços da saudade. Uma saudade que eu não sabia de quem. Devia ser fruto de alguma esperança. E o sonho, eu também não sabia se estava acordado ou dormindo. Eu só sei que ele veio e grudou, e não deixou espaço para a realidade. Pegou a mão da saudade e se apossou do meu sono.

domingo, 29 de abril de 2012

Pensamento de Poeta VII

ACORDA AMOR

Hoje o dia está querendo dar bom dia
Mas minha amada está deitada
De frente pra madrugada
O dia amanhece a que horas do dia?
Não importa o sol a pino
Pois ela continua vestida de noite
Querendo ou não me ouvir, eu te digo
A vida se espreguiça diariamente
Mas não dorme
Passeia pelos jardins da eternidade
E está desde sempre acordada
Mas eu sei que às vezes
A gente bobeia e dorme um pouco mais
É ai que se perde o florir da primavera
E ao tentarmos abrir os olhos
O inverno já chegou
O dia está abraçando à noite
E nós arrumamos a cama
Pra deitarmos pra sempre
Acorda amor!
Acorda!
- José Timotheo -

terça-feira, 24 de abril de 2012

Interferência / Parcerias

...Estive hoje em estúdio gravando com Rodrigo Garcia, mais uma parceria minha, com José Timotheo. As três primeiras dessa nova safra, deverão estar prontas até o próximo final de semana. E hoje mesmo a inspiração veio fechando a quarta canção, que tive certa dificuldade de finalizar, até então. Acredito que em breve teremos material para estarmos colocando no ar, no Blog do campositor José Timotheo, e disponibilizando suas estórias, letras e a música propriamente dita, no myspace - Martha Taruma.
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Como dá pra ver nas linhas acima, estamos produzindo!
Eu por minha vez, escrevendo as estórias, parte de minhas memórias, outras de minhas insônias, algumas que sonhei e outras que apenas imaginei. Coisa de poeta!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Pensamento de Poeta VI

Minha Filha
José Timotheo
Meu coração chora quando vejo o medo
Molhando os olhos da minha filha
O que se passa no seu coração,
Eu não sei.
Apenas vejo a interrogação
Dançando nos seus olhos.
Não sei porque o meu coração chora!
Vejo árvores tombadas agonizantes.
Que dias vou deixar pra minha filha?
Vejo o escarlate
Manchando os sonhos nas sarjetas
E ouço estampidos
Enterrando fantasias nas veletas.
Que saudade vou plantar pra minha filha?
O medo já molha, também, os meus olhos.
Minha filha sorri!
Continuo chorando! Chorando!
Que medo estou plantando pra minha filha?
(do livro GRÃO - coletânea de prosa & verso) - 1984

quinta-feira, 29 de março de 2012

Refiz Estradas - no myspace

Ouça essa e todas as músicas do CD Refiz Estradas, no myspace.
http://www.myspace.com/josetimotheo/music/songs?filter=featured
Essa sem dúvida foi uma experiência que deu ao meu trabalho de compositor uma visibilidade que não imaginava! Incrível pensar que pessoas que nunca estiveram comigo podem curtir ou mesmo cantarolar uma canção que saiu de minha mente de poeta.
Cantar também foi muito bom. Embora não seja cantor, nem nunca pensei em ser. Mas a tecnologia hoje torna muita coisa possível.
Desse trabalho surgiram amizades novas, uma parceria nova, e o próprio blog.
O exercício de escrever as estórias, dentro do universo de cada uma das letras...Isso foi muito bom de fazer também.
Para frente, aguardem! Novas canções, virão. Outras estórias. Novas amizades...
Thau,

Refiz Estradas - letra de música

Refiz Estradas
Autor: José Timotheo

Peguei minha viola
E refiz estradas
Caminhei pela saudade
Encontrei você
Fui voltar às boas
Não achei mais nada
O sonho fugiu
E nada de encontrar você
Olhei pro céu
Pedi perdão
Já não aguento
Tanta solidão
Te fiz chorar
Mas não sabia
Que te amava tanto
E a minha vida
Mergulhou no pranto
Agora, não consigo mais parar
Volte pra mim
Recomeçar vai te fazer tão zen
É tão gostoso nosso amor
Meu bem
Reviver é bem melhor assim

sábado, 24 de março de 2012

Término do CD Refiz Estradas

Nas próximas semanas irei publicar a última letra e liberar a última música do CD Refiz Estradas, que leva seu nome. Esse trabalho foi muito gratificante e me rendeu muitos amigos novos, alguns fãs e como a um filho que damos asas, vi o CD tomar vida própria e seguir seu caminho...
Agradeço a cada pessoa que ouviu minhas músicas no myspace, leu minhas estórias e acompanhou a música com a letra aqui publicada.
Mas a pergunta que não quer calar! E ai, acabou?
NÃO.
Já estamos novamente nos estúdios Luperan em São Pedro da Serra - Nova Friburgo, gravando uma nova leva de músicas, para quem sabe, em breve, termos em mãos um novo CD.
As quatro primeiras músicas são com uma parceira nova, Martha Taruma, que cantou as músicas do CD Refiz Estradas. Minhas letras e músicas da Martha. E claro, o sempre auxílio luxuoso de Rodrigo Garcia.
Em breve estaremos também publicando aqui, e liberando para ouvirem no myspace.
Espero continuar contando com a visitação de vocês, e a divulgação desses trabalhos.
Até breve,

sexta-feira, 16 de março de 2012

Refiz Estradas - a estória

REFIZ ESTRADAS
                                               A estória

          Mochila nas costas; um par de tênis quase furado; um violão, que já havia perdido as cordas há muito tempo; um arrependimento mais afiado do que peixeira, que espetava o coração sem trégua e uma estrada que não tinha mais fim. Sempre a cidade mais próxima parecia que ficava no fim do mundo. Eu já duvidava do meu rumo.
          Há dez anos resolvi meter pé na estrada. Lá fui eu, minha mochila e o violão. Deixei tudo para trás. Ou eu não sabia realmente que havia deixado o meu amor. Ou quem sabe a cegueira da juventude colocou uma venda no meu coração. Às vezes temos que criar bolhas nos pés para nos lembrar dos sapatos. Quando a gente consegue despertar a tempo, é muito bom. Pior quando já é tarde e os pés se abrem em feridas. Não sei se já era tarde, mas descobri que o meu amor era aquela mulher que deixei na beira do caminho, dando adeus e molhando de lágrimas o barro vermelho do chão. Ainda me lembro do vento quente soprando os seus cabelos. Como era lindo de ver! Quase voltei. Mas eu tinha que procurar. Quando se duvida, tem que se cair na estrada. E foi o que fiz. Mas andei tanto que quase gastei os pés. Em cada cidade que parava, esperava pacientemente o meu coração disparar por alguma menina. Ele chegou a disparar algumas vezes, mas de medo. Tendo em vista que em alguns lugares que passava, quase sempre acontecia alguma situação de risco. O amor não estava ali. Me aventurei em alguns braços, entretanto não passou de aventura. Só aventura. E muitas de risco total. Aí a saudade começou a bater forte. Já ia completar dez anos de tropeços. Conclui que o amor estava de onde eu vim. Era hora de refazer o meu caminho. A estrada estava ali e era só eu retornar.
             Na minha saudade, eu comecei a vê-la de pé, cabelos ao vento e algumas lágrimas afogando os olhos. Não sei porque elas não escorriam mais. Mas tive a certeza que estava na hora do recomeço. Parti de volta.
             Finalmente, depois de muita caminhada, o lugarejo apareceu na minha frente. Estava tatuado numa placa. Eu sabia que teria ainda uns dois dias de chão e poeira pela frente. Mas a minha ansiedade corria mais do que eu. Tentei fazer frente a sua correria, mas ela era mais rápida. E lá já estava ela plantada no mesmo lugar que deixei o meu amor. Isso há dez anos. Mas acabei chegando com os meus sonhos, junto dela.
            Cheguei. A rua estava deserta. E pouca coisa tinha mudado na região. A não ser alguns nomes que estavam gravados nas tabuletas do campo santo, que ficava na boca da ruela. O resto parecia igual. Se bem que as casas estavam mais desbotadas. Careciam de vida. Muita coisa já tinha virado pó e outras já estavam a caminho.
             Caminhava ansioso debaixo de um sol escaldante. O barro parecia que estava mais vermelho do que antes. –“Alguém jogou sangue nele.”- pensei alto. Mas ninguém me ouviu. O meu pé queimava. Fui olhando casa por casa. Faltavam duas para chegar a minha. A minha? Depois de dez anos lá estava eu querendo a minha posse. Como todas as casas, ela estava também fechada. Hesitei um pouco antes de bater. Parecia uma cidade fantasma. Dei duas pancadas. Não demorou muito e a porta foi se abrindo lentamente. Apareceu um caboclo. Eu nunca tinha visto antes. Me olhou de cima a baixo, cheio de curiosidade. Antes que falasse alguma coisa, perguntei pela Maria das Dores. Fez cara de aborrecido, se virou nos calcanhares, bateu com a porta e sumiu. Eu desci para a rua e fiquei mirando a fachada da casa. Num piscar de olhos, lá estava Maria em pé defronte a porta. Mas aquela não era a mesma Maria. Mas era a minha Maria. Não esboçou nenhum sentimento por mim. Calada chegou e muda continuou. Apenas me olhou com um olhar vago. Os olhos acesos de outrora, estavam apagados. Só eu falei. Pedi perdão. Falei da minha descoberta, de que ela era meu único amor. Do meu arrependimento. Da minha solidão. Da dor que carregava de um lado para o outro na minha mochila. Uma dor inseparável. Finalmente pedi para me aceitar de volta. Ela me olhou. Apenas me olhou. Pensei: -“Como era gostoso o nosso amor.” E ela de novo apenas me olhou. Me olhou sem olhos. Não existia mais olhar. Não existia mais a minha Maria. Ela passou pela porta. Mas não existia mais porta alguma. Só existia mesmo o sonho e a estrada empoeirada. Além de uma placa: Maria das Dores: Saudade.
                                         fim

quinta-feira, 8 de março de 2012

Pensamento de Poeta V

No Ar
O pássaro levanta as pernas
Lentamente - velozmente sem bater as asas
Corações disparam para a incerteza
Emoções aceleram em busca de um chão
Mas logo estamos pisando algodões
Passeando olhos pela imensidão
O medo dá lugar ao êxtase
É a criatura com os olhos do criador
Mas a incerteza varre o céu de cima
E um chocalhar na esperança
Faz o medo descer pela garganta
E se chocar com o coração
E a criatura pede que o pássaro
Ponha suas asas na nossa fé
E pouse levemente com firmeza
Deixando que nossos corações acelerados
Cheguem tranquilos ao ninho do pássaro
José Timotheo

terça-feira, 6 de março de 2012

Pensamento de Poeta IV

VIDA
De repente, não mais que de repente,
Num repente, repetidamente
Repassei, repensei, a vida
Duvida? Dúvida? É a vida
Um partir! Repartir! Se partir
Dívida! Dívida! Dívida
Um ir e vir
Um lápso! Colápso! Há mais
Empurrões! Abraços
Compassos! Aços
Traços! Mais Traços
Reticencias
José Timotheo

quinta-feira, 1 de março de 2012

Pensamento de Poeta III

PELO CÉU
Voar! Voar!
Roçar a cabeleira das núvens
Pisar levemente o ar
Sentir um vazio
Encher seu medo
Deitar a sua esperança
No colo do destino
Voar! Voar!
Acreditar que tens asas nos pés
E nas mãos, a chance
De acariciar a sorte
E pousar finalmente um beijo caloroso
Na chegada
José Timotheo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Emoção Total - no myspace

Encontra-se já disponível a música Emoção Total, no myspace para a apreciação!
Aguardo comentários...
Clique no link abaixo e curtam:
http://br.myspace.com/josetimotheo/music/songs/emocao-total-mp3-83532940

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Emoção Total - letra da música

Emoção Total
Autor: José Timotheo

Eu peguei a sua mão
Corri pela calçada
Parei em frente à lua
Já de madrugada
Fiz juras de amor
Te dei meu coração
Deixei que ele lhe falasse tão abertamente
Que fosse entregando
Os meus sonhos livremente
E a emoção foi tanta
Que eu até chorei
E nesse instante
O mundo se transformou
Você sorrindo, me beijou
Viajei no céu
Mergulhei no amor
Nossa canção
Virou pura emoção
Ficamos só um coração
Um só corpo
Uma só paixão

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Emoção Total - a estória

EMOÇÃO TOTAL  
                                   A estória

          Já era quase quarta-feira de cinzas. O carnaval, na terça-feira gorda, trazia novos amores e também se despedia de velhos... Eu já estava cansado de carnavais. Essa era a verdade. Tentava me divertir, mas não conseguia. Não tinha mais empolgação e me arrastava dentro do salão do clube. De repente era porque o carnaval já estava indo embora e eu ainda não tinha conseguido o meu amor. Talvez. Talvez. –“Quantos risos! Oh! Quanta alegria!” – a marcha rancho de Zé Keti, já enchia os corações de saudade. Tocou o meu também. Pra fazer logo as lágrimas rolarem, só faltava mesmo “Cidade Maravilhosa.” Aí ia ser um deus nos acuda! Tive certeza que o meu carnaval estava entortando. Ameacei dar alguns pulos, para ver se não contaminava a empolgação dos outros, mas o meu ânimo já tinha tirado a fantasia. Então resolvi antecipar o encerramento da minha festa. Conclui que o meu carnaval já estava desbotado. A cor, o brilho, a alegria já estavam se despedindo antes do final da festa. Seria torturante ouvir “Cidade Maravilhosa”, fechando a cortina de momo. Peguei minha tristeza, já que ninguém tinha culpa nenhuma, e fui pra  rua. Pelo menos uma coisa de boa tinha acontecido: não tinha chovido durante todo o carnaval. Olhei para o céu e lá estava uma lua maravilhosa iluminando a noite. Aquela visão de um céu estrelado, com uma lua cheiona, deu um toque legal no meu final de carnaval. Até os enfeites da rua ganharam um brilho especial. As coisas ali fora, estavam mais alegres do que lá dentro. Me encaminhei para a parada do ônibus. Estava tudo deserto. Enquanto esperava o ônibus, me sentei no meio fio. Me senti desconfortável. Me sentei na calçada e me encostei num muro. Olhei para o céu novamente: estava bonito de se ver e sonhar. Curti um bom tempo aquela beleza toda. Naquele momento ele era todo meu. De repente observei que a tristeza tinha quase ido embora. Mas eu não podia deixá-la sair completamente de perto de mim. Eu estava saindo de um carnaval quase em branco e isso eu não podia admitir. Tinha até rolado alguns “amassos”, mas o que eu procurava não era um ficar passageiro. Queria mais. Queria um Amor. Desde o início alguma coisa me dizia que aquele carnaval “Não ia ser igual aquele que passou”. Alguma surpresa o destino guardava para mim. Mas pelo jeito, até àquela hora não tinha acontecido nada, ela estava guardada a sete chaves. Já era mais de uma hora de quarta-feira de cinzas e o carnaval já tinha se recolhido. Mesmo as pessoas pulando desesperadas dentro do clube, isso não queria dizer que ainda era carnaval. O carnaval já era! E a minha intuição tinha ido para o brejo!
           No silêncio da noite ainda dava para se ouvir os sambas, marchinhas e marchas rancho. Coisa antiga, “tudo velho”! Eu gostaria de entender porque não existe renovação. Samba novo! Marcha nova! Um repertório novo ia cair bem! Não que as que ainda tocam sejam feias (isso não!), mas chega a um ponto que vão perdendo a graça. Você num salão de um clube, a orquestra se prepara e você já sabe o repertório quase todo de cor. Os instrumentos quase tocam sozinhos. Os músicos olham pra gente, dão um sorriso e lá vem “Ô! Abre alas...” Fala sério!   
           Vou voltando para a lua. Caminhava pela sua superfície. Sonhava e sonhava. Ela lá em cima pendurada. E o meu carnaval  no chão. Ele já tinha passado e a minha intuição tinha ido para o brejo. Parei de sonhar e resolvi ir embora. Não estava a fim de ouvir “Cidade Maravilhosa”, pela enésima vez. O ponto de ônibus continuava vazio. E eu também. Pensei: -“eu, o ponto de ônibus e a madrugada fazemos um trio e tanto!”
            Não tive medo de ficar ali sozinho. Naquela época quase não tinha esse negócio de assalto. Você andava mais tranqüilo pela rua. Essa época que estou me referindo, é lá no início dos anos setenta. Mas por outro lado, eu tinha que me preocupar com a polícia do exército. Se você estivesse sem documento, o bicho pegava. Você ia encana mesmo! E não tinha explicação que convencesse os caras. Eu podia não ter medo, mas, por via das dúvidas, tinha que me precaver. Seguro morreu de velho. Esse velho ditado é porreta. Então eu tinha que arranjar algum lugar para me esconder até o ônibus chegar, já que eu estava sem documentos. Devia ter deixado em casa. Mas era carnaval, droga! Os documentos e a policia que fossem às  favas!
           Caminhei de um lado para o outro, mas não encontrei nenhum lugar que fosse seguro. Caminhava sem muita convicção. Já não tinha muita certeza se ficaria ali mesmo ou se ia andando até em casa. O chato é que eu morava distante. Até chegar à minha casa levaria, no mínimo, duas horas. Para quem estava um bagaço, depois de quatro dias pulando, a idéia era péssima. O negócio era ficar por ali mesmo. Sentei, encostei-me na parede e estiquei as pernas. Não havia encontrado mesmo nenhum lugar para me esconder! Então ali fiquei não sei quanto tempo. Acho até que cochilei. Mas com certeza o ônibus não passou. Alguma coisa me despertou a atenção. Parecia alguém choramingando. Só ouvi mesmo, porque era de madrugada. O silêncio era quase que absoluto. Tirando grilos, sapos... Alguém chorava baixinho. Me levantei e fui na direção de onde vinha o choro. Fui encostado do muro. No final fazia um L. Ficava um pouco afastado do ponto de ônibus. Mas valeu a pena. Encontrei escondidinha ali, uma princesa. Parecia uma princesa das arábias. Quando me viu se assustou. Eu só disse oi. Ela se levantou meio que na defensiva. Estancou o choro, disse um oi entre dentes e se afastou um pouco. Parecia mais velha do que eu. Mais velha, é modo de dizer! Era adolescente como eu! A mulher nessa fase parece que tem mais idade do que o homem. Parece mais madura. Mas pra quê me preocupar com a idade  dela?  O importante mesmo foi à visão majestosa que fez o meu coração disparar. Momentaneamente fiquei mudo. Só olhava. Naquela altura já estava babando. Ela então se desarmou um pouco e deixou escapar um sorriso. Viu que eu estava com a cara vermelha e percebeu a minha timidez. Mas qualquer um que visse uma deusa, numa madrugada de quarta-feira de cinzas, ficaria, com certeza, ruborizado. Entretanto consegui sorrir de volta. E por que não sorriria?
        Não sei bem como começamos a conversar. Só sei que estávamos sentados no meio fio. Falávamos livremente, debaixo dos clarões da lua, sem medo de nada. Logo, logo as nossas mãos, como que arrastadas por um imã, se entrelaçaram. A minha princesa ou deusa, ou deusa vestida de princesa, cravou os seus olhos nos meus, me deixando completamente abobalhado. Eles traziam um recado mudo, que sacudiam a minha alma, explodiam o meu desejo. Mas não era um desejo puramente carnal, não. Era um desejo de possuir corpo e alma. Um desejo de dividir e misturar os nossos sonhos. Compartilhar as suas alegrias e tristezas, com as minhas.  Fazermos parte da mesma esperança. Eu levantei e olhei aquele rostinho angelical. Ia perguntar por que ela chorava. Preferi engolir a interrogação. O momento era mágico. Estiquei o braço, peguei-a pela mão e puxei-a para junto do meu corpo. Abracei-a e levemente e beijei -a. Naquele instante subi aos céus. Acho que cheguei perto de Deus. Com certeza foi à oração mais cheia de amor que havia feito na minha vida. E me dei conta que a minha intuição estava se concretizando.
          Como duas crianças, corremos pela calçada. A lua continuava lá, agarrada aos nossos olhos, vigiando a nossa euforia. De repente o meu coração destravou e eu fiz todas as juras de amor num fôlego só, sem saber se ele ia agüentar tanta carga emocional. Respirei fundo e ela aproveitou para botar pra fora o que dizia o seu coração. Logo depois estávamos inundados de paixão. Esquecemos os possíveis perigos que pudessem interromper o nosso idílio. Percebemos então que éramos os donos da madrugada. Nada poderia atrapalhar aquele turbilhão de sentimentos que invadia o mundo que, naquele momento, era só nosso. Ríamos como ninguém jamais riu. E o nosso choro tinha tanta alegria, que o mais feliz dos homens se sentiria o mais triste dos mortais. E as nossas lágrimas se misturavam e cada gota era um pedaço de nossas almas que se fundiam. Ficamos ali curtindo o nosso amor-paixão. Nós nos amamos ali mesmo, com a lua e as estrelas como testemunhas.
             Senti que amanhecia. O sol chegou forte e me sacudiu. Despertei com um sorriso nos lábios. Me dei conta de  que ainda estava fantasiado. –“ Por que será que o ônibus não passou?” – Me fiz uma pergunta sem muita convicção. De verdade mesmo, eu fiquei feliz por ele não ter passado. Me virei para acordar o meu amor. Para minha surpresa e susto, ela não estava mais ali. Estaria eu apenas fantasiado ou fantasiando? Pensei um pouco a respeito e conclui que não importava. A minha intuição tinha colocado um amor nos meus sonhos e isso era o que importava. Eu tive um amor naquele carnaval!
              O ônibus chegou e me rebocou. Lá fui eu escondendo minha alegria, debaixo da fantasia. E já era quarta-feira de cinzas. –“... tudo acabado e nada mais?”
                                  
                                             fim

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Um Ano depois do Temporal

Passado um ano daquela madrugada de raios e trovões que assustaram e levaram a vida de muitos moradores das serras; Petrópolis - Teresópolis e Nova Friburgo, insistem em existir. Embora a mídia geral tenha mostrado a retrospectiva da catástrofe o ano inteiro, a coisa se intensificou com a chegada das chuvas de verão, e o final do ano, tendo como ponto máximo, reviver a tragédia.
Me pergunto se não percebem o que fazem aos que ficaram. Aqueles que aqui vivem e tiram o seu sustento, a maioria do Turismo, sofrem há um ano.
A cada noticia dos jornais mais assistidos no Brasil, ocorre aquela avalanche de e-mails, telefonemas, dos amigos e parentes, preocupados. E claro, pouquíssimos Turistas aparecendo nas localidades.
É importante avaliar os danos, perceber o que se pode fazer para a prevenção de catástrofes, etc. Mas é muito importante que as localidades possam voltar a ter sua vida normal.
Acredito que assim como São Pedro da Serra, distrito de Nova Friburgo, que nada sofreu na calamidade, existam muitas cidades na serra, com a economia voltada para o turismo, e que estão, assim como nós, precisando que alguém diga, que nossos lugares continuam lindos! Visite-nos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Eu Queria - no myspace

Ouçam a música Eu Queria, no myspace do Compositor José Timotheo. Mais uma canção do CD Refiz Estradas.
http://www.myspace.com/josetimotheo/music/songs/eu-queria-mp3-83533000
Se gostarem, indiquem para os amigos!
Assim como, ouçam as outras canções desse CD. Todas disponíveis no Myspace.