Continua...
Um pequeno acampamento foi montado. Local já utilizado por Luiz, Bordélo e Karen. Luiz se dirigiu para André e Luiza e disse que ali era onde eles sempre paravam para se preparar física e psicologicamente, antes de travar uma luta com as águas. Depois falou alguma coisa ininteligível e apontou na direção de uma árvore no outro lado do rio. Mas o alvo, na verdade, não era o pé de ipê amarelo florido, mas sim uma cadeia de montanhas por detrás dele. E a mais alta delas, era o objetivo. Por ser, segundo Luiz, a mais difícil de ser escalada. Os olhos de Luiza e André brilharam com o que ele disse. Para eles, quanto maior o grau de dificuldade, melhor. Karen, que estava ao seu lado, mexendo na sua mochila, fez o seguinte comentário:
- Ei Luiz! Se lembra da última vez que fomos lá? Bordélo deu de cara com uma onça pintada! E nós também, né?
- Claro. Estoi a lembrar-me dela, todos los dias.
Karen fez um silêncio proposital para ver se as suas palavras tinham surtido algum efeito. E causou, pois Luiza e André beberam as suas palavras e ficaram atentos esperando a continuação da história. Ela então deu prosseguimento.
- Acho que foi o maior medo que senti na minha vida! Meu Deus! Pensei que aquele imenso felino fosse pegar a gente. Vocês nem podem imaginar o sufoco que passamos. Imagina três pessoas querendo subir numa única árvore. Era a única. Vocês vão conhecê-la amanhã.
- E vocês conseguiram subir? – perguntou Luiza.
- Claro. Subimos e ficamos rezando para o bichano não ir atrás da gente.
- E a onça não subiu? – interrompeu-a André.
Karen respirou fundo, assoprou o ar, fez o sinal da cruz e disse:
- Graças a Deus, não. Por sorte ela perdeu o interesse por nós. O que ela queria realmente, e encontrou, era o seu filhote.
Os dois amigos caíram na gargalhada. Aí Karen os repreendeu:
- Agora vocês estão rindo? Mas na hora quase se borraram! Luiza, os cavalheiros aí subiram na minha frente! Os corajosos! Você acredita?
Dali pra frente, o papo rolou descontraído. André contou das suas experiências, juntamente com Luiza, como escalador de morros, como ele gostava de se chamar. E deixou claro que eles ainda eram aprendizes. E que estão sempre abertos para aprenderem com pessoas mais experientes. Confessaram que tinham pouco tempo de estrada, mas que nessa curta carreira, já tiveram enormes emoções.
Bordélo, Luiz e Karen ouviam atentos às confissões de André. Depois de ele ter relatado todas as suas aventuras, com a confirmação de Luiza, Karen confessou que eles também eram três aventureiros. Eram novatos no montanhismo. E que há pouco tempo se arriscavam pelas montanhas do país.
- Nossa experiência não ultrapassa quatro anos de estrada. Digo de montanhas! - falou Bordélo deixando, no final da frase, um leve sorriso.
Karen já tinha comentado que só atravessariam o rio no dia seguinte. Mas no caso seria para se prepararem melhor fisicamente. Um bom descanso seria fundamental. Só que Luiz, o que mais conhecia o movimento da natureza, principalmente os rios, comunicou à turma que mesmo que quisessem tomar o caminho da montanha, não ia ser possível, tendo em vista que observara que o nível do rio aumentara consideravelmente. Inclusive até a coloração da água mudara de cor. Naquele momento estava com um tom avermelhado. Era o indicativo que chovia torrencialmente em qualquer lugar rio acima. Depois apontou para o rio e mostrou que as pedras já estavam quase todas cobertas.
- Por precaucion ficamos hoje porraqui. Até... as águas baixarem. Ok? – falou Luiz com ar de seriedade.
As barracas foram montadas em círculo. As cincos ficaram próximas uma das outras. Bordélo chamou André e saíram à cata de madeira. Depois fizeram uma fogueira no centro. Além de aquecer o local, servia também para espantar qualquer bicho que quisesse se aproximar.
..............Continua semana que vem!