Continuando...
Mesmo o rio tendo recuado, deixou as suas marcas pela vegetação. Mas o quadro agora era mais alentador. Já que se via, próximo à queda, algumas pedras à amostra. André se encorajou, não podia se deixar contaminar pelo desanimo de Bordélo, e foi a procura de algum lugar que tivesse um acesso fácil para se chegar o mais próximo possível da cachoeira. Enquanto caminhava pela vegetação, seguido pelos amigos, encontrou uma mochila enroscada num arbusto. Luiz, que o seguia mais próximo, olhou e identificou como sendo de Karen. Logo o otimismo voltou e contagiou o quarteto. Luiz abraçou a mochila e beijou-a com carinho.
Com o achado, a ideia inicial de André tomou outro rumo. Num consenso decidiram por ser espalharem, onde cada um tomaria uma direção. Bordélo preferiu ficar margeando o rio, enquanto os outros três entravam pela mata, em pontos diferentes, tentando seguir o rastro deixado pela água. E assim foi feito.
Bordélo olhava os amigos se afastarem, com um olhar tristonho. Depois que eles sumiram, virou-se e cravou os seus olhos nas águas raivosas do rio. De repente, num ímpeto, achou que deveria descer logo até ao lago formado pela cachoeira. Começou então a procurar um lugar para descer, mas acabou ficando só na vontade, pois os seus olhos mergulhados nas águas, teve a visão de Karen deitada no fundo do rio, morta. A cena parecia real e com isso começou a gritar desesperadamente. Os amigos, que ainda não estavam longe, voltaram em disparada. O primeiro a chegar foi Luiz e logo atrás, saindo do mato, André, seguido de perto por Luiza. Os três encontraram-no em cima de uma pedra apontando para a cachoeira. A sua cara não era das melhores. Depois colocou as duas mãos na cabeça e com um olhar de tristeza profunda, disse:
- Estão vendo esse mundo d’água? Quem pode sobreviver caindo aqui? Ela só pode ter sido jogada aqui dentro! O que é que a gente vai fazer? Luiz! O que vamos fazer? Não tive nem coragem de descer! Eu vi! Eu vi! Ela está no fundo do rio!
Luiz se aproximou do amigo, abraçou-o e disse calmamente:
- Calma mano. Tenhamos fé. Acho que ela não caiu aqui. Pode estar dentro daquela mata. Achamos a sua mochila. Estava dentro da vegetação, lembra? André a encontrou. Vamos continuar na busca.
- Mas eu vi! Ela está lá!
- Bordélo, foi impressão sua. Vamos continuar procurando Karen. Ela está viva. Bota isso na sua cabeça.
Bordélo olhou para o amigo, com os olhos marejados de lágrimas, e disse:
- Não vamos nos iludir, amigo. Aqui é o final da linha.
Luiz negou veementemente qualquer possibilidade de desistência, dizendo:
- Está maluco? Nem pensar! Vamos continuar. Desistir jamais. Não posso nem pensar que a perdemos. Vamos em frente, amigo. Não podemos esmorecer. Ela deve estar dentro da mata. E é pra lá que nós vamos.
Luiza olhou para André e, mesmo em meio àquela tristeza, deu um leve sorriso. Depois comentou baixinho no seu ouvido:
- Percebeu uma coisa?
- O quê?
- Luiz não falou enrolado. Esquisito, não?
- Muito! Mas por que ele falava enrolado com a gente?
- Sei lá! Deixa pra lá! Vamos procurar Karen que é o melhor que a gente faz.
..............Continua semana que vem!