sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dedilhado, a estória

Dedilhado
José Timotheo
O mar quase tocava os meus pés. O meu sono era pesado. O sol já lambia a minha cara, mas eu teimava em não acordar. Do jeito que deitei de barriga para as estrelas, assim foi até abrir os olhos para o dia. Abri os olhos, mas não quis despertar. Tinha medo de perder o sonho que me acompanhou a noite toda. Parecia que eu já esperava por esse sonho. Como se eu já tivesse sonhado acordado, bem antes.
A barraca balançava com o vento, que trazia no seu bojo um gosto de maresia. Eu e o violão, recebíamos uma chuva de areia. Ele continuava dormindo e não se incomodou com a areia na cara. Não sei se ele sonhou também. Se não sonhou, pelo menos me deu chance de viajar com o meu sonho. Logo nos primeiros acordes, a inspiração foi se chegando. Como quem não quer nada, foi levando os meus dedos pelo braço e fazendo brotar acordes macios. De repente as notas silenciaram e deram lugar para a poesia. Era o meu sonho que vinha brotando rápido. O violão ficou de lado apreciando quem chegava. Quem chegava, chegava sem nome. Veio nos braços da saudade. Uma saudade que eu não sabia de quem. Devia ser fruto de alguma esperança. E o sonho, eu também não sabia se estava acordado ou dormindo. Eu só sei que ele veio e grudou, e não deixou espaço para a realidade. Pegou a mão da saudade e se apossou do meu sono.

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