terça-feira, 2 de julho de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 10

 


Continuando...

            Dyllon pensou: realmente de onde saiu aquela ideia, eu não sei. Aí veio na minha cabeça a história do meu sangue diferente. Falei para ela a respeito, já que era um tipo desconhecido. Ela ficou engasgada e não soube me falar nada. Fiquei sem resposta. Acabou ela rindo e dizendo que eu devia ser extraterreno mesmo. Mas isso não fazia diferença, porque eu era igualzinho a todo mundo que ela conhecia. Deve ter sido alguma coisa que aconteceu no meu organismo que mudou o meu sangue. Uma mutação. Mas sangue não muda assim. Falei para ela. Então pedi para perguntar aos médicos. Ela me olhou de um jeito, que vi uma interrogação dentro dos seus olhos.  Depois me disse: - Tá maluco, Dyllon? Como vou perguntar uma coisa dessas a eles? Se estamos desconfiados que vamos ser eliminados, como vou falar da minha desconfiança que você é um extraterreno? Aí é que vão acabar comigo o mais rápido possível! 

            - Realmente Natasha, você está certa. E eu também seria eliminado. Por isso tenho que continuar mudo para eles, mantendo apenas os olhos abertos. Preciso pensar num jeito de sair daqui, carregando você comigo, claro.  – E eu agradeço. – disse ela com um sorriso sem graça.

            A minha cabeça está de um jeito, que os meus pensamentos se chocam. Tenho que me equilibrar. Vou exercitar um alto controle. Isso deve me ajudar a me manter calmo.

            Olhei Natasha, sem vê-la fisicamente, apenas imaginei-a de cabeça baixa, e mergulhada em cismas. Mesmo não tendo o seu rosto perto do meu, sabia que estava sofrendo com o destino do seu futuro, e eu tinha que ajudá-la. Não sei como, mas tinha que pensar numa solução rápida. Dois anos... É um tempo muito curto. Até para mim, que dormi vinte anos, foi um tempo curto. Tenho a sensação que dormi ontem e acordei a pouco tempo. Oito horas de sono? Não foi, mas parece. Temos que correr.

              A primeira providência será em relação ao meu medicamento. Tenho que saber para o que ele serve. Não poder ficar um dia sem tomá-lo, já é para se suspeitar. Será ele que me mantem vivo? Essa resposta só ela pode me dar. Perguntar aos médicos, nem pensar. Eles são o dono da minha vida e da minha morte. Jamais me revelariam a verdade.

            - Natasha! – falei repentinamente – ela deu um pulo e abriu os olhos assustados. – Calma. Calma. Desculpe se a assustei.

            - Tenho que saber de uma coisa: para o quê serve esse medicamento que você me dá diariamente? – perguntei olhando para a parede de frente à minha cama.   

            “ Ela ficou um pouco em silêncio. Parecia pensar. Depois se levantou e ficou em pé na minha frente, com as mãos sobre os meus pés. Quis sorrir, mas não conseguiu. E eu ansioso esperava o que que tinha a me dizer. A sua resposta era muito importante. De repente tinha a ver sobre a minha vida ou a minha morte. Percebi quando meteu a mão no bolso e retirou um frasco. Olhou e depois me mostrou. Claro que perguntei o que estava escrito.      

           - Não tenho certeza, mas acho que você já me perguntou sobre isso. Também a minha cabeça e a sua tá numa confusão só. Mas, vamos lá! Nada, Dyllon. Só tem os comprimidos. – respondeu-me com uma ponta de tristeza. – Mas nesse outro, está escrito que são vitaminas. – tirando-o do outro bolso - Mas não sei quais as vitaminas que ele tem. Mas uma coisa é certa, ele é que mantêm você alimentado, já que você não come comida, como eu como.  

             -Tudo bem que não tem nada escrito, mas você não sabe mesmo para o que ele serve?

             - Não vai ficar decepcionado comigo? Como já disse, não sei para o que serve. Sou enfermeira formada. Tenho diploma universitário, mas aqui trabalho apenas como auxiliar de enfermagem. 

              Quase no fundo do corredor, saindo da sala onde está o misterioso Dyllon, vamos encontrar, em conversação, os dois cientistas que vem acompanhando esse paciente há menos de uma década. Dr. Walter andava pela sala, com as mãos para trás, demonstrando uma grande ansiedade. Enquanto isso o seu colega, Dr. Ferguson, sentado atrás de uma mesa de mogno, seu local de trabalho, observa-o com um leve sorriso nos lábios. O porquê desse sorriso escondido, é uma incógnita. Já que o colega não parava de andar, ele abriu a gaveta e pegou o seu cachimbo, feito de marfim. Encheu de fumo, acendeu-o, puxou bastante fumaça e laçou-a para o alto, enfumaçando o ambiente e perfumando toda a sala. Nesse momento o Dr. Walter parou e olhou-o com um ar de reprovação.

             – Já sei! Já sei! Vou apagar! – disse contrariado.

 

........Continua Semana que vem!

 

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