terça-feira, 25 de junho de 2024

Uma Luz E Nada Mais - Parte 09

 


Continuando...

             Aquela mão morna pousou no meu braço. Ele já sabia quem era: Natasha. Com um sorriso de felicidade, abriu os olhos para encarar aquele rosto lindo, que tanto ele sentia falta. Natasha retribuiu o seu sorriso e alisou carinhosamente o seu braço. Dyllon estava ansioso para saber do sumiço da enfermeira.   

            - Por onde você andou? Sumiu por quê?

            - Dyllon, eu não sumi. Eu estive aqui ontem. Você dormia profundamente. – respondeu já com o sorriso desmontado.

            - Mas Natasha, parece que outra pessoa me deu o remédio. Os médicos estiveram aqui e eu não gostei nada, nada da conversa deles. Gostaria de saber sobre esse medicamento. Eles foram claros que me descartariam depois que soubessem o que queriam. O que eles querem?

            - Não sei, Dyllon. Não sei mesmo. Eles estiveram aqui depois que saí. E o medicamento, eu também não sei do que se trata. Não tem nada escrito.  Nunca vi a fórmula.  Um dos médicos, Dr. Fergusson - acho que é estrangeiro, mas não sei qual a sua origem - me entrega diariamente o remédio. Nunca me disse para o quê serve. Só disse que não podia nunca deixar de administrá-lo. Você não pode ficar um dia sequer sem a dose. Dyllon,  são dois medicamentos. O outro, são apenas vitaminas. Esse está escrito. E sobre essa pessoa que te deu o remédio, eu não sei dizer. Eu já tinha dado. Não sei se é outro. Vou saber deles.

            - Isso é muito estranho. Melhor não. Pode ser impressão minha. Eles vão perguntar de onde você tirou essa suspeita. Como é que você vai se explicar? Deixa pra lá. Natasha por que eles me mantêm amarrado?

            - Você não está amarrado com nenhuma corda. É uma abraçadeira. Tem uma fechadura, mas nunca vi a chave. Nos pés e nas mãos também tem.  

            - E no pescoço? – perguntou ansioso.

            - É uma abraçadeira grande, mas com uma pequena folga, acho que é para não o enforcar.  – se calou e ficou pensativa, com o cotovelo apoiado na cama e as mãos embaixo do queixo. Os olhos fixos nele, mas não o viam. Pela sua expressão, estava curioso com o que ela estava pensando.

            - Natasha, o que o houve? Depois eu vou te pedir uma coisa. Mas fala primeiro o que te perguntei.

            - Dyllon, ontem troquei um olhar com o rapaz que fica na cabine de controle do sistema de segurança. Mesmo sem o ver. Mas senti que ele sorriu para mim. Isso acendeu a esperança novamente. Eu tenho quase certeza que ele não pode falar comigo, como eu não posso falar com ele. Somos monitorados 24 horas.

            - Natasha, - interrompeu a sua fala – Você não viu, mas achou que ele sorriu para você. Engraçado. E como você sabe que não era o outro?

           - Isso é intuição feminina, Dyllon!

            - É verdade. As mulheres enchergam mais do que os homens. Agora voltando para o rapaz... mas é ele que comanda todas as câmeras, sensores de iluminação, portas, escutas... Ele...

            - Ele e outros. – agora ela que interrompeu-o – Ele fica aqui quinze dias. Depois chegam mais dois.

            -  Então, Natasha, são quatro no mês. Dois a cada quinze dias.

            - Isso. Agora eu não sei como falar com ele. Ele só me olha de rabo de olho e raramente dá um bom dia, isso com a boca quase fechada. É mais um murmúrio.Cheguei à conclusão que vou morrer ao completar cinco anos. Eu não vou sair daqui. E só faltam dois anos.

            Dyllon olhava para ela, enquanto falava, e foi notando o abatimento tomar conta do seu rosto. Ao se calar, a tristeza já tinha se instalado completamente.  Uma solução rápida, - pensou Dyllon - tinha que arranjar. Além do mais, estava muito confusa. E o seu nervosismo não a deixaria pensar com clareza. E ele dependeria dela para sair dali, pois seria também vítima daqueles médicos. Ou sei lá o quê. Que na verdade estavam mais para carrascos. 

            Natasha demonstrando estar muito desanimada, pegou uma cadeira e sentou-se bem em frente da sua cama. Ali ele poderia vê-la bem, sem precisar apenas ouvi-la. De repente veio na sua cabeça e saiu pela boca sem ele conseguir controlar.

            - Meu anjo, você acha que eu não sou desse planeta?

            Ela abriu os olhos tanto, que pensou que fossem pular das órbitas, demonstrando que levara um tremendo susto. No início ele também ficou assustado com à pergunta relâmpago, mas depois sorriu, tentando deixa-la mais descontraída. Parece que surtiu efeito, porque respirou fundo e deixou escapar um sorriso. Balançou a cabeça e olhou-o, com aquele par de olhos verdes, um verde que nunca tinha visto, depois, quase sussurrando, falou:

            - Dyllon! Dyllon! Você é igual a mim! Nós somos da Terra! Olha só, se você for de outro planeta, vou com você pra lá. Está bem? Que de outro planeta o quê! Dê onde saiu essa ideia?

 

.....Continua Semana que vem!

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