AMIZADE
- José Timotheo -
A amizade é engraçada
Às vezes aparece
No meio de um desencontro
Se chega de um jeito antipático
Mas não é antipatia
Parece que se atropela na magia
Porque é contraditória ao nascer
Vem sem briga
Mas derruba barreiras
Desconhece a cor
Pode ser branca, preta
Amarela
Dentro de um balaio de flor
Não é preconceituosa
Trabalhadeira ou ociosa
Benquista ou marginal
Ela canta samba ou bolero
É erudita ou brega
Dança até sem ritmo
É uma bailarina de quintal
Simplesmente brota
De um olhar cativo
Sem ser escrava ou liberta
Mas, é senhora sem ser dona
Mas como?
A amizade, não tem dono
Eu afirmo
É um sentimento maior e liberto
Que carrega uma corrente
Na alma
Que não tem peso e não causa dor
Porque não é paixão
E nem é amor
A amizade é singela
Brilha sem ser ouro
É dura sem ser concreto
Não tem religião e nem culto
É obscura e sol brilhante
Historicamente sem credo
Mas tem sua igreja, seu templo
Tem sua magia, sua fé
Ela domina, sem dominar
Canta, sem precisar cantar
Ela dorme por anos e anos
Sem esmaecer
Quando desperta tempos depois
Ao simples toque do ver
Renasce ali, naquele momento
Sem nunca ter pensado em morrer
A amizade é assim
Parecendo esquecida
Se mostra sem idade
Ao simples reencontro do ser
Quem vai explicar a amizade?
Sinceramente, nem Deus se arrisca dizê-lo
Pois não programou ao fazê-lo
É como um escultor que idealiza a sua obra
E se surpreende no final
Ao ver a sua modelo pagã
Transformar-se numa santa virginal
Amizade... É amizade
E ponto final
... sem FIM, é claro
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