Continuando...
Dois carros pretos chegaram à pequena cidade. Cada um tinha quatro ocupantes. Rodaram pelo centro e pararam em frente ao posto telefônico. Dois homens desceram e foram direto à funcionária. Frau Hanna levantou-se rapidamente e foi atendê-los. Não tinha certeza, mas achou que eram da polícia. Na realidade eram da Gestapo. Um deles tirou uma foto do bolso e quase esfregou-a no seu rosto.
- Moça, conhece essas pessoas?
Hanna olhou por alguns segundos e respondeu sem demostrar que estava tensa.
- Conheço sim. O homem adulto é Herr Carl. A esposa dele é essa. – apontando para a foto – Esses meninos são seus filhos.
- A senhora sabe onde moram?
- Sei sim. Não tem erro. É só seguir essa estrada e vai ver a casa deles. Aqui não tem quase morador. Vai ser fácil.
- Obrigado.
- Senhor! Senhor!
- Sim.
- Eles estiveram aqui um pouco mais cedo.
- Então não foram para casa?
- Não sei. Eles estavam com vara de pescar. De vez em quando saem para pescar. Mas eles pegaram a estrada aqui do lado. É a que vai dar na casa deles.
- Onde é o local de pesca que eles frequentam?
Frau Hanna ficou pensativa por quase um minuto, procurando o lugar em que eles poderiam ter ido. Sabia que tinha alguns poços no rio próximo, bom de peixe, mas não sabia em qual deles a família gostava mais de ir. Como não podia apontar um, indicou pelo menos quatro lugares. Mas de repente bateu um sentimento de culpa, que quase a fez chorar de arrependimento. Podia estar entregando, de mão beijada, os vizinhos à polícia. - O que eles fizeram? – pensou.
Um homem todo de preto, como todo os outros, só diferenciando pelo sobretudo que usava, se aproximou de um dos companheiros, e falou algo bem próximo ao seu ouvido. Hanna tentou esticar a orelha, mas não conseguiu escutar o que foi dito. Depois ele bateu no ombro do amigo e saiu do posto. Ele o seguiu sem emitir qualquer som.
Antes de entrar no seu veículo, esse que parecia ser o chefe, foi até o outro carro e, botando a cabeça na janela, falou alguma coisa com seus companheiros do segundo veículo. Em seguida entrou no seu carro e mandou o motorista ir em frente, apontando na direção da estrada ao lado do posto telefônico. O outro carro deu ré e se dirigiu para a rua do outro lado, que ia dar no rio.
O general e a esposa, depois que o sobrinho e a família saíram, sentaram-se do lado de fora da casa, numa cozinha improvisada, e juntos bebericavam um bom café. Kurt não quis alarmar Carl, mas sabia que a Gestapo tinha informações suficientes para prendê-lo e a família. Agora não tinha tanta certeza se o führer poderia ajuda-lo depois que a polícia descobriu que Eva era judia. De repente bateu uma dúvida: será que foi só a correspondência entre o filho de Carl e os amiguinhos? Não descobriram a origem de Eva? Se foi só isso, podia reverter o quadro. A sua influência no governo era muito grande. Alguns ministros poderiam ajuda-lo, sem precisar recorrer a Hitler, que seria a última cartada. Respirou mais aliviado e sorveu um bom gole de café. Frau Helga olhou para o marido e percebeu, já que o conhecia bastante, que ele tinha arranjado alguma saída para ajudar a família do sobrinho. Ao ficar ali, esperando os agentes, deveria ter algum plano. Sorriu para ele e não quis nem perguntar, apenas levantou a sua caneca de café e propôs um brinde.
.....Continua Semana que vem!
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