terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O Caso dos Olhos Azuis - Parte 15

Continuando...
            O delegado se dirige para a escada que vai levá-lo para o outro andar. Lucinha olha para o corredor que está a sua frente e resolve começar por ali. O da direita, onde estão os banheiros, deixa pra depois. Lembrou-se do que tinha ocorrido com ela e então preferiu não arriscar por ali.  Para na primeira porta, tenta abri-la, mas não consegue. Foi para segunda e acontece a mesma coisa. Depois foi tentando às outras e nada aconteceu. Além de tentar abrir, ainda bateu em todas as portas, porém não recebeu nenhuma resposta. Saiu desanimada.
           Resolveu pegar o corredor da esquerda. Em uma das portas viu sair um casal. Passou sem nada falar. Apenas deu uma olhada para o interior do aposento, que estava aberto. Parou em frente à porta seguinte. Quando ia tentar abri-la, leva um bruto susto quando um relógio de parede bate a meia hora. Naquele silêncio não podia acontecer coisa pior. Tremeu dos pés à cabeça. E o coração quase explodiu. Refez-se do susto e foi em frente. Ao se aproximar da porta seguinte, ouviu vozes, mas não entendeu o que falavam. Encostou o ouvido e ouviu um nome: PC. Pensou: - Meu Deus. O que deve estar acontecendo com ele? Vou procurar Carlos. – Ao se virar para ir à procura do delegado, se depara com dois homens que vinham em sua direção. Assusta-se, mas tenta ir para a outra direção, entretanto mais dois brutamontes aparecem na outra extremidade do corredor. Ela corre e tenta a porta seguinte. Achou que estava com sorte, pois a porta só estava encostada. Entrou e se trancou. A escuridão era completa. Respirava ofegante. Passou a mão pela parede e encontrou um interruptor. Quando acionou, o seu sorriso veio junto com a claridade que se espalhou pelo ambiente. Respirou aliviada. Entretanto o alívio deu lugar ao susto. Gritou:
          - PC! PC! O que houve? Meu Deus!
            Ela corre em direção ao amigo, que está deitado num chão empoeirado, com as mãos amarradas às costas. Aproxima-se e vê que ele está apagado. Dá uma sacudidela, mas ele não dá nenhum sinal de vida. Então o sacode mais forte. Mas PC não esboça qualquer reação. Lucinha já estava quase entrando em desespero, mas conseguiu se controlar, quando ele respirou fundo. Ela suspirou aliviada e deixou um leve sorriso brotar nos seus lábios. Sentou-se do lado do amigo, desamarrou-o e colocou a sua cabeça no seu colo. PC estava vivo e isso é que era o mais importante. Começou a chamar pelo amigo, mas nada aconteceu. Depois deu uma tapa no seu rosto. Porém a situação continuou na mesma. Nada do cara acordar. Então achou que deveria dar uma tapa mais forte. Mesmo assim nada aconteceu. Então alisou o rosto do amigo e sapecou uma bofetada. Aí o cara voltou à vida na marra. Abre os olhos assustado e reclama:
           - Porra Lucinha! Essa porrada doeu! Que mão pesada!
          - O que é que você queria que eu fizesse? Pensei até que você estivesse batido às botas! O que foi que houve? Você sumiu! Eu estava preocupadíssima! PC essa casa é uma loucura! Temos que sair daqui!
          - Deixa-me colocar a cabeça no lugar. Ela parece que vai estourar. Estou com umas toneladas em cima. Parece que estou com o peso do mundo em cima de mim. Eu não sei o que houve Lucinha. Lembro-me apenas que entrei no banheiro. Fiz o que tinha que fazer. E... Não me lembro. Hei! Espera aí! Alguém me agarrou por trás e colocou alguma coisa no meu nariz! Depois... Não tem depois na minha lembrança.
         - Não se lembra de mais nada? Faz uma forcinha. Chegou a ir para frente do espelho?
        - Espera aí. Acho que sim. Lavei as mãos. Depois joguei bastante água no rosto, para ver se melhorava.
       - Você não viu a cara do sujeito, não?
       - Foi muito rápido. Lucinha, vamos sair daqui?
       - É. Eu acho que sim. Espera que vou te ajudar a se levantar.
          Lucinha coloca o amigo sentado e se levanta. Em seguida o pega pelas as axilas e tenta levantá-lo. O esforço é muito, mas não consegue erguê-lo. Então tenta arrastá-lo até a porta. Aí sim consegue algum sucesso. Porém quando vai tentar abrir a porta, a luz se apaga. Em seguida uma gargalhada, que ela já tinha ouvido antes, ecoa no quarto. Ela tenta abrir a porta, mas alguém pelo lado de fora já tinha trancado. A gargalhada continuava forte. De repente vários olhos fluorescentes despencam do teto e ficam pendurados se balançando. É uma cena macabra. O pânico foi tomando conta dos dois. Começam a gritar desesperadamente. Com o tempo a voz de Lucinha vai sumindo.  PC, que ainda se sentia fraco, também não resistiu e se calou. Mas o medo continua como guardião implacável. Mas de repente o que era noite, se fez dia. E uma luz muito forte tomou conta do quarto. Dois holofotes possantes foram direcionados para cima dos dois. Num flash, os olhos que estavam balançando no teto, sumiram. Nenhum vestígio ficou. O silêncio agora é o dono absoluto do aposento. Os dois não conseguem se olhar. A intensa claridade não permite que se veja nada ao redor. Lucinha se abraça ao amigo e chora baixinho. Ficam assim por alguns minutos, sem falar palavra. Nesse abraço fraterno, os corações vão se acalmando. Lucinha, já mais equilibrada, fala para o amigo que vai tentar mais uma vez abrir a porta. Fecha os olhos bem apertados e vai tateando até encontrar a fechadura. Vira a maçaneta, mas nada acontece. A tentativa foi em vão. De repente ela esmurra a porta com toda a sua força. Volta a gritar, mas parece que o seu pedido de socorro não sai ali do quarto. Desanimada senta ao lado de PC. Nisso as luzes dos holofotes são desligadas. A iluminação normal volta. Um ruído de um microfone se esticou pelo quarto. Lucinha fica em pé e ajuda o amigo a se levantar. Dessa vez, já mais refeito, consegue se erguer.  Os dois então se encostam à parede, do lado esquerdo da porta, e ficam procurando por onde pode estar saindo o som. Mas a voz cavernosa ecoa:

          - Meus convidados ilustres, não desejo que fiquem loucos. Mas não podem xeretar. Têm que ficar e aguardar os acontecimentos. Vocês aqui não são repórteres. São pessoas comuns, sem títulos. Vocês não podem atrapalhar a surpresa que tenho para todos os meus queridos convidados. Até agora está indo tudo certo, como planejado.  Mas não podem atrapalhar. Todos se divertem como nunca. Que tal a recepção? Se vocês tivessem olhos azuis... Olhos azuis. Não os quero vivos! Nenhum olho azul sobreviverá! Vocês ainda me verão hoje e ouvirão, mais uma vez, a minha gargalhada!
                  Continua semana que vem...

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