segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O Caso dos Olhos Azuis - Parte 16

Continuando...
A voz saía de todos os pontos do cômodo. Os dois pareciam em estado de choque. Olhavam-se, mas não conseguiam falar nada. O silêncio foi breve, pois uma gargalhada, talvez a mais estridente, mergulhou dentro quarto. Lucinha colocou as mãos nos ouvidos e já chorando, balbuciou:
          - Por que PC? Por quê? Estou sonhando?
          - Calma menina. Já estou quase inteiro. Vou tirar você desse lugar. Pode apostar nisso. E os porquês, a gente vê depois! Agora temos que encontrar um ponto de fuga! Lucinha, nós não estamos sonhando, minha querida. Estamos é dentro de um senhor pesadelo. Pode se preparar para sair daqui comigo. Ou não me chamo PC!
            Ele tenta abrir as janelas, mas nada acontece. Todas as três estão bem trancadas. Ele procura algum objeto que possa usar, porém nada é encontrado. O cômodo está completamente vazio. Ele olha para amiga e comenta:
          - Lucinha, se pelo menos tivesse uma cadeira, eu quebrava uma dessas janelas. Mas não tem nada que possamos usar.
             Ele senta-se no chão desanimado. Lucinha, que ainda estava encostada na parede do lado da porta, põe a mão na maçaneta e torce, nisso a porta se abre. Ela fica surpresa e chama o amigo:
           - PC! Olha aqui! A porta está aberta! Só está encostada! Dá uma olhada!
             Ele se levanta rapidamente, mas está com uma expressão de incredulidade. Aproxima-se com cautela da porta e mete a mão na maçaneta. Antes de movimentá-la  fala para a amiga:
          - Lucinha será que não é uma armadilha? Há poucos minutos estava trancada e agora, sem mais nem menos, aparece encostada.  Dá pra gente ficar com uma pulga atrás da orelha, não é?
          - Temos que ter cautela. Acho que foi proposital. Mas vai abrindo devagar.
             PC vai abrindo a porta lentamente. O coração está aos saltos. Dá uma parada e olha atentamente pelo espaço aproximado de meio metro de abertura e avista todo o corredor à esquerda. Constata que está vazio. Olha para a amiga e dá um suspiro de alívio. Mas ainda tem o corredor da direita. Para vê-lo tem que abrir a porta totalmente. Antes de escancarar a porta, olha para a amiga e fala baixinho:
          - Lucinha. Será que tem alguém desse lado? Estou preocupado. Isso pode ser uma armadilha. O que você acha?
          - Não sei. De repente resolveram nos deixar livres. Se quisessem fazer alguma coisa, tinham feito aqui dentro. Não acha?
          - Acho que você tem razão. Ainda não consegui acertar meus pensamentos. Seja lá o que Deus quiser.
             PC num repente abre a porta de uma vez só. Devagarinho vai botando a cara para fora. Olha o corredor e constata que ele está também vazio. Pega a amiga pela mão e sai rapidamente do quarto. No meio do corredor fala:
          - Vamos Lucinha! Vamos aproveitar que a barra está limpa! Vamos rápido! Vamos procurar o delegado! Acho que o velho é o responsável por todos esses crimes horrendos, que a nossa cidade foi palco! Vamos Lucinha!
             PC vai puxando a amiga pelo braço e consegue descer a escada, sem derrubá-la, e chega ao salão. Os dois estão  ofegantes. Olham em volta e nada de ver o delegado. Vão se metendo pelo meio dos convidados e vasculham cada ponto do salão. PC já demonstrando impaciência, fala:
           - Que droga! Onde, diabo, o delegado se meteu?
           - PC será que esses bandidos o pegaram também?
           - Só falta essa né Lucinha? Tá brincando! Vamos sair desse lugar sufocante! Ele deve estar lá fora! Vamos lá?
              Mas antes que eles se movimentem, a música para e a tal voz cavernosa ecoa no salão:
           - Senhoras. Senhores. Por favor, queiram ficar em silêncio. Obrigado. Tenho a satisfação e prazer de apresentar-lhes a surpresa que prometi. Como disse, anteriormente, vocês jamais se esquecerão dessa minha última festa. Só não disse que seria a última.
               Um lamento se espalhou pelo ambiente. Os convidados se olhavam com um ar de pesar. O anfitrião então continuou o seu discurso:
          - Não fiquem tristes. Essa será a última, mas a melhor de todas. Vocês jamais a esquecerão. E, logicamente, de mim também. Para quem já me conhece, deve ficar feliz em me rever. E quem ainda não me conhece...
             Ele fez uma pausa, mas de repente começou a gargalhar. Ficou assim por alguns minutos. Como tinha começado repentinamente, repentinamente parou. Antes de recomeçar a falar, esperou para ver se os convidados teriam alguma reação. Já que o silêncio continuou, ele recomeçou:
           - Senhoras! Senhores! Queiram se dirigir, por favor, à pérgula da piscina! Com calma, por favor.
             Mal terminou de falar, uma música macabra tomou conta do ambiente. Os convidados começaram a se movimentar, mas nesse momento já era visível às caras assustadas que se escorregavam pelo salão em direção à porta principal. PC e Lucinha aproveitam essa onda humana que se dirigia em direção à piscina e vão tentando avistar o delegado. Quando saem na área externa, avistam-no encostado numa palmeira, saboreando um chope gelado. Os dois saem rapidamente do meio da massa e vão ao seu encontro. PC antes de chegar perto, já vai chamando pelo amigo:
          - Delegado! Delegado!
          - O que houve, ô fujão?
          - Meu irmão, depois a gente brinca! Vamos comigo delegado!
          - O que houve? O que houve com vocês dois?
          - Carlos depois a gente explica. PC e eu passamos o maior sufoco!

          - É isso mesmo delegado! Temos que prender o velho Leo! Ele tem muitos homens espalhados por aqui! Vamos nós dois. Lucinha fica por aqui e tenta achar Marcão. A barra pode pesar doutor. É melhor ligar para a delegacia e pedir reforço.
                Continua semana que vem...

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