Na redação do jornal, na manhã
seguinte do trágico dia, PC, Souza e Lucinha conversam sobre o caso dos olhos
azuis. Souza então procura saber alguma coisa a respeito do caso, com o amigo.
- PC, a polícia já conseguiu
localizar algum comparsa de Leo?
- Não chefe. Parece que sumiram todos
num passe de mágica. O delegado está atento. Mas perdido. Não tem outra saída,
a não ser esperar. Será que as mortes vão recomeçar?
- Espero que não. Esperamos que não.
Não é Souza?
- É Lucinha. Vamos torcer para que
tenha terminado juntamente com Leo.
PC começa a rabiscar alguma coisa
num folha de papel. Ele demonstrava ansiedade. Era visível que não estava
querendo terminar a conversa ali. Tinha que escrever sobre o caso. Estava de
frente pra tela do computador. Mas só tinha o título: O CASO DOS OLHOS
AZUIS. Tinha que entregar a matéria, mas
precisava conversar com Souza. Olhou para o amigo e disse:
- Souza. Meu irmão. Continuo ainda
sem entender isso tudo. Tem momento que não se consegue fazer uma analise das
reações do homem. Sai ano, entra ano, convivendo diariamente com o crime, ainda
não consigo acreditar que as pessoas possam matar. Possam morrer. Sabia que Leo
tinha câncer nas vistas? Alguém me falou. E não tinha cura. Por que será que as
pessoas matam por estarem condenadas a morrer? Não saem da minha cabeça aqueles
olhos azuis. Olha só que coisa estranha: na festa só tinha sido convidado
pessoas com olhos castanhos ou verdes. O único de olho azul era ele. E o único
louco. O único não. Ele era o mais louco. Tinha gente doida à beça lá. Na
verdade todos nós somos um pouco louco, né? Chefe, por que será que ele se
juntou a essa turma? Por dinheiro, com certeza, não foi. Deve ter sido apenas
por ódio?
- PC! Essas perguntas são dificílimas
de serem respondidas! O único que poderia responder está morto! Ou, talvez, nem
ele!
- Mas se a polícia pegar alguém da
gang, de repente tem a resposta.
- PC, o chefe está certo. O cara era
completamente doido. O maluco faz coisa que até Deus duvida.
- Mas Lucinha, os outros não são
doidos. Quando conheci Leo, ele não era maluco. Era uma das pessoas mais
equilibradas que já tinha conhecido. Ele ficou doido com a doença.
- É! Pode ser! Quantas pessoas vão
dormir de um jeito e quando acordam estão doentes! Meu Deus!
- Tem que se benzer mesmo! Vai que
você...
- Vira essa boca pra lá! Vira essa boca
pra lá, PC!
E a vida na cidade continua de morte,
para quem trabalha no jornalismo policial. Os repórteres vão carregando
diariamente a tragédia humana. O que fazer se o homem é trágico?
Os repórteres PC e Lucinha vão saindo
da redação para mais um dia de ronda policial. Vermelho já está com o motor do
carro ligado. Mas Lucinha volta na redação para pegar a sua bolsa. PC fica
impaciente com a demora da amiga. Quando ela retorna, ele reclama:
- Pô Lucinha! A gente já estava quase indo
embora sem você! Deu um tremendo castigo em Vermelho, no Marcão e no seu amigo
aqui! Diga-se de passagem, o melhor repórter da cidade! É ou não é? Vamos
rápido, menina! Entra logo! Temos que fazer a cobertura da prisão do
ex-governador!
Lucinha vai entrando no carro e faz
careta pra PC, que já está com um sorriso na boca. Vermelho olha para trás,
pede para ela colocar o cinto de segurança e sai em disparada.
fim
OBS. Essa é
uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a história, nomes dos personagens,
é pura coincidência.
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