Continuando,,,
Ao avistar o sinistro, foi reduzindo a velocidade. Pela sua expressão, parecia que não acreditava no que estava vendo. Olhou para o irmão para comentar alguma coisa, mas viu uma cara de espanto olhando para um monte de ferro torcido. Não falou nada, mas quando voltou o seu olhar para a carreta, foi no instante em que houve mais uma explosão e uma língua de fogo subiu tão alto, parecendo que ia lamber o céu. Instintivamente pisou no freio. Quim que estava sentado na ponta do banco, quase bateu com o rosto no para-brisa. Com o susto, reclamou:
- Porra Toni! Quase que você me joga de cara no para-brisa! Sorte que eu estava segurando no painel. Queria que eu fosse mais um a fazer parte da estatística? Eu ia ser mais um morto, com a sua falta de atenção, Toni.
- Poxa mano, me assustei. Desculpe. Fazer parte da estatística? Deixa de bobeira. Temos é que descer para procurar algum sobrevivente.
Enquanto conversavam, a chama se alastrou e tomou conta de toda a carroceria, transformando quase tudo em um monte de ferro em brasa. Apenas a cabine ainda não tinha sido atingida pelo fogo, até aquele momento, mas com certeza não ia demorar muito para o fogo lamber toda a carreta. Toni olhando assustado para aquilo que parecia o inferno, cutucou o irmão.
- Ih! Quim! A coisa tá feia! Olha só. Não sobrou quase nada da carreta. E tem aquele carro ali na frente, - apontando na direção de um automóvel - que parece mais um monte de ferro velho. Mano, pelo visto não sobrou ninguém pra contar a história.
O irmão olhava aquilo tudo e não acreditava no que via. Custou a se manifestar. Mas bateu no ombro de Toni e disse:
- Mano. Esse tempo todo que estou andando com você, nunca tinha visto uma coisa dessas. É chocante. Toni, vamos descer? Pelo menos a gente vê quantas pessoas morreram. Ou quem sabe, milagrosamente, pode ter escapado alguém com vida.
- Acho difícil, Quim. Realmente, só por milagre mesmo. Mas vamos descer sim. É uma obrigação.
- Mas milagre existe, mano. Não esqueça disso.
Desceram e com cuidado foram se aproximando da carreta. Tentaram olhar na cabine, mas constataram que ali não sobrevivera ninguém. Toni tentou se aproximar mais, entretanto saiu reclamando:
- Quim vamos sair daqui. Essa quentura está insuportável! Acho que não vai adiantar nada ficar olhando. Olhando pra quê? Essa montoeira de ferro retorcido? Ainda estamos correndo o risco de vida, se tiver outra explosão. Vamos sair depressa daqui. Não estou gostando nada, nada desse lugar. Me arrependo de ter concordado em parar aqui. Olha só, até arrepiei.
- Arrepiou, arrepiou! Calma, mano. Já explodiu o que tinha que explodir. Pelo visto os ocupantes da carreta já estão no andar de cima. Agora vamos olhar o automóvel.
- Mas tá um calor infernal, Quim!
- Vamos dar a volta na carreta. O vento está de lá para cá. Com certeza do outro lado está mais tranquilo. Menos quente. Não custa a gente dar uma olhada, custa?
- Tá bom. Dessa vez, até que você está pensando melhor. Será mesmo?
- Toni, eu sempre penso melhor. E tira essa cara de deboche. Será mesmo?
- Até parece! Você é que está debochando. Já que estamos aqui, vamos logo. Estou até concordando com você, mano. Realmente não custa nada. Mas vamos olhar rápido e pegar estrada. O meu sexto sentido diz pra gente dar no pé.
Quim não respondeu e foi, com cuidado, circulando a carreta, com o irmão no seu calcanhar. Tiveram que se afastar um pouco do veículo, ou o que sobrou dele, e sair da estrada para se livrarem de pedaços de ferragens que se espalhavam pelo asfalto. Desse lado estava menos quente, realmente. Com isso foram se aproximando do automóvel, mas cautelosamente. Mal Toni bota o olho em cima da montoeira de ferro torcido, grita:
- Olha só Quim! Olha mano! Que coisa horrível! Pensei até que não tinha sobrado nada!
- E sobrou o quê, Toni?
- Ah sobrou sim! Pensei que estivesse todo esmigalhado! Até que sobrou alguma coisa! Tá amassadinho pra caramba! Isso tá! Mas de repente ainda tem gente viva dentro desses destroços!
- De repente você ficou otimista pra caramba! Mas já que estamos aqui, não custa dá uma olhada, né? Vou olhar.
Continua Semana que vem!

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