Continuando...
- Pode falar Toni. Você tem o direito: é o mais velho.
- Que velho o quê! Tá pensando que não escutei? Para com isso! Mas vou falar. Estava pensando... – deu uma pequena pausa - Estou cansado...
- É a velhice, não disse? – diz o irmão sorrindo - E a sua chatice da noite anterior?
- Porra Quim! Velhice uma ova! E ainda me chama de chato! O que eu podia fazer com a menina que não saía da minha cabeça?
- Toni só tem uma solução: vai num pai de santo. Pede a ele para despejar a menina que está morando aí na sua cabeça.
- Quim! Não brinca com essas coisas, não! Vai que ela aparece aqui de novo!
- Que medo, hein! A menina é gente boa. Ela sabe que só estou brincando. Deixa ela lá e a gente fica aqui.
- Acho melhor, mesmo. Não vamos brincar com essas coisas não.
- Concordo.
- Ih! Tá com medo!
- Que medo? Que medo?
- Está bem, vamos esquecer esse assunto. Agora me responde uma coisa: quem dirigiu a maior parte do tempo? Eu mesmo respondo: eu. Você está aí fingindo que tá caído. Dormiu e eu não.
- Toni, você tem coragem de dizer que eu dormi bem? Você me acordou um montão de vezes. Foram dois dias mal dormidos E você chama de dormir aquele desconforto que passei aqui na cabine, e vamos passar de novo?
- Quim, esse papo é perda de tempo. Você esqueceu tudo que fez. Agora fica me culpando pelo seu cansaço. Vamos ao que interessa? Com todo o nosso cansaço, acho que devemos pegar mais uma hora de estrada. Acho que com essa horinha a mais, chegamos lá no posto do Mano Alê. A gente janta e passa a noite por lá. Cedinho a gente levanta e pé na estrada. E pode deixar que eu continuo no volante até lá. Vamos andando.
- Ei, não vai esperar por mim, não? Tá com pressa? Eu pensei que fôssemos ficar por aqui mesmo! Mais uma hora? Não olha assim não, tá bom. Estou me sentindo um pouco cansado, meio indisposto, mas dá pra dirigir por mais uma hora. Será que estou ficando gripado?
- Gripado? – Toni dá um sorriso de deboche - Que gripado o quê, Quim! Depois daquela feijoada e aquelas cervas de ontem à noite, você me fala em gripe? Você pode estar é de ressaca ainda! E eu já estou dirigindo. Pode descansar. Gostou?
- Pode rir. Agora me diz uma coisa: desde quando eu fico de ressaca? Para com isso Toni! Eu sou jovem!
- Jovem. E você acha que jovem não cansa?
- Peraí Toni. Oh com toda estrada que pegamos ontem, eu ainda peguei àquela ruivinha. E você? Cheio de mulher bonita dando sopa e você foi se deitar. – deixou escapar um riso debochado - Toni você está ficando é velho!
- Velho nada. Eu tinha que acordar cedo. Ou melhor: nós tínhamos que acordar cedinho. Alguém deveria estar inteiro, você não acha? Se eu não estivesse mais descansado, a gente tinha parado na hora do almoço. Se fosse contar com você, a vaca tinha ido pro brejo. Mesmo com a menina dentro da minha cabeça, consegui dormir um pouco. Ou melhor: apaguei de cansado.
Quim bateu com a mão no ar, deu um sorriso e disse:
- Para com isso, papai!
- Papai, é uma ova! E eu tenho idade pra ser seu pai? Escuta uma...
Ele interrompe a frase e aponta o dedo para a estrada a sua frente. Bem longe dali acontecia alguma coisa, que parecia grave. E pelo visto não estava muito longe de onde estavam. Talvez uns dez quilômetros. Aquilo pareceu um mal presságio para Toni.
- Ih! Olha lá, Quim! Olha lá! Que clarão é aquele? Não estou gostando nada, nada dessa visão! Será algum desastre? É coisa grave, com certeza!
- Puxa! Pode ser, mano. Parece que houve uma explosão. Acelera aí, Toni. Pode ter sido uma batida feia. Olha só. Muita claridade e muita fumaça. Isso é acidente na certa.
Toni então pisou fundo. A estrada naquele trecho estava deserta. Ele então optou por sair da velocidade permitida. Aí em pouco tempo chegaria ao local do sinistro. E assim aconteceu. Rapidamente já estavam bem próximo do local onde tinha acontecido o acidente.
,,,Continua Semana que vem!

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