Continuando...
O caminho foi um trajeto sem nenhum empecilho. Chegaram na fortificação e lá estava a imensa luz, circulando em volta da área contaminada. O casal estava assustado. Natasha era perguntas só, mas não dava para se perceber qualquer ponta de medo, apesar do ar assustado. Já o namorado, estava vivendo um inferno astral. O medo era tanto, que o pânico estava quase se apoderando dele. Dyllon percebeu e foi em socorro do amigo. Com apenas um passar de mãos pela cabeça do rapaz ele se sentiu outro homem. Deixou até escapar um sorriso, depois de um suspiro profundo, notado pela namorada, que o abraçou e deixou um beijo estalado no seu rosto.
O ovoide passou por eles e entrou dentro da luz. Natasha abriu tanto os olhos que parecia que portava exoftalmia. Quase pularam das órbitas. Dyllon viu e não conseguiu segurar o riso.
- O que é isso, Natasha? Isso tudo é susto? – pausou e riu mais uma pouco – Não acredito que você está com medo.
- Tá rindo de mim? Só levei um susto. Vendo de longe é uma coisa, mas assim passando tão perto, é outra história. Você está zombando de mim! – parou um pouco de falar e respirou fundo. – Dyllon, o que eles fizeram com as pessoas que recolheram lá na base?
Dyllon ficou em silêncio por algum tempo. Parecia que tentava entrar em contato com alguma coisa ou alguém na nave. Não demorou e o contato foi estabelecido.
- Natasha, deixaram as pessoas de bem, próximo a uma cidade do outro lado da floresta. Está todo mundo bem de saúde. E com uma cabeça melhor, do que quando estava dentro da base. Lá cada um vai encontrar o seu caminho.
- Graças a Deus. Dyllon, só por curiosidade: como eles vão para casa se ninguém está com dinheiro?
- Isso já foi resolvido - deu uma pausa e deixou escapar um sorriso misterioso – Nem sei como falar. Foi fácil – riu novamente – Sabe Natasha, eles, que não sei quem é, resolvem as coisas muito facilmente. Eles materializaram o dinheiro.
- Você quis dizer, falsificaram? – falou de pronto a enfermeira.
- Não é bem assim. Tem coisas que não conseguimos alcançar. São assim, bem práticos.
Acabaram os quatros, parecia combinado, gargalhando a todo pulmão. A risadaria assustou o silêncio da floresta. O eco se esfregou entre folhas e troncos de cada árvore nas cercanias, fazendo macacos e insetos saírem em disparada. Até o espírito de algum soldado morto, que ainda não tinha percebido que já não fazia mais parte desse mundo, voltara a fugir dos mortos da pequena comunidade que foram brutalmente assassinados, depois de sobreviverem ao teste nuclear.
Depois que se cansaram de tanto rir, um silêncio envolveu os quatro amigos. A sensação que sentiram era que chegara a hora da despedida. Principalmente para Natasha e o namorado. Tanto que Natasha esticou o braço e ofereceu a sua mão para Dyllon. E o namorado fez a mesma coisa, se dirigindo ao soldado Oliveira. Dyllon não estendeu a sua mão e o soldado virou-se como se fosse pegar alguma coisa que estava atrás de si, recusando apertar a mão do amigo. A situação não era fácil.
Dyllon olhava para Natasha com um ar de tristeza. Não queria se separar da amiga. Pensou em alguma solução. E só tinha uma: ela segui-lo.
- Natasha, – disse ele – vem conosco. Vem você e Zé Antônio. O soldado, tenho certeza que virá. Não tem mais nada para ele aqui na Terra. Ele sabe disso. A tripulação me espera e acredita que eu leve vocês comigo. Nós cumprimos uma missão. E foi necessário que eu passasse por tudo aquilo.
- Então você sabia que não era igual a nós! Esse tempo todo ficou se fazendo de desmemoriado! Puxa, Dyllon! Por que não falou comigo?
- Eu não podia. Ou melhor, eu não devia. Mas... vem comigo.
- Eu não posso Dyllon. E a minha família?
- Vocês são muito apegados aos seus familiares. Eu sempre apreciei isso em você. Mas o José Antônio pode vir.
- Eu? – disse o namorado de Natasha. – Não posso, Dyllon! Como vou ficar sem Natasha?
- Vêm os dois! Tem muitas coisas para vocês aprenderem.
- Não podemos, Dyllon. – disse Natasha com uma ponta de tristeza.
....Continua na Semana que vem!

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