terça-feira, 24 de junho de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 61

 


Continuando...

                 Já passava das dez horas. Natasha percebeu que tinha esquecido a sua prancheta na sala de Dyllon. Podia deixar para lá, mas ficou com um peso na consciência. Mesmo não precisando mais dela, não podia arriscar que os outros médicos a encontrasse. Mesmo começando a mudar  de roupa para dormir, resolveu ir logo ao quarto do amigo. Se trocou  rapidamente e para lá se dirigiu.

                  Abriu a primeira porta e a segunda, como sempre fazia, vagarosamente. Qual não foi a sua surpresa: encontrou os dois médicos junto à cama de Dyllon. Sem que  controlasse, gritou assustada.

                  - O que os senhores estão fazendo com ele?

                  Os médicos, cada um com uma seringa na mão, se viraram assustados.

                  - Natasha, o que você faz aqui? – perguntou o Dr. Walter.

                  - Eu vim buscar a minha prancheta. – respondeu a enfermeira gaguejando e meio sem jeito. – Por quê não me chamaram? – perguntou ela com firmeza, procurando demonstrar que já começara a ser dona de si.

                  O Dr. Ferguson pigarreu e olhou para o amigo. O outro médico, claramente não sabia o que dizer. Os dois se olhavam assustados, sem saber o que fazer. Natasha ignorava onde encontrou forças para controlar-se, a ponto de constranger os doutores. – Só pode ser o Dyllon que está me dando essa força. – pensou ela.

                  Rapidamente ela olhou para o amigo, que parecia adormecido e para as seringas nas mãos  dos médicos: a do Dr. Walter estava vazia e a do outro, ainda estava cheia. Se encaminhou para eles, resoluta e retirou-as de suas mãos. Examinou-as, mas não conseguiu saber de que medicamento se tratava. As injeções que estava acostumada a injetar no seu paciente especial, não parecia em nada com aquelas,nem a coloração e nem o cheio.

               - Dr. Walter, Dr. Ferguson por que não me chamaram para fazer o meu trabalho? – disse ela querendo demonstrar que não suspeitava de nada. – Essas injeções são diferentes, certo? Para o quê elas servem? Eu já participo com os senhores, há mais de três anos. É tratamento novo?

                Os médicos pegos de surpresa, não esboçaram qualquer reação. Ficaram assustados com a desenvoltura da enfermeira. Achavam-na sempre submissa, então, aquela reação, quebrou-os completamente. E Natasha, percebendo que ganhara terreno, procurou se manter firme.

                 - Dr. Walter, Dr. Ferguson, com gentileza, eu sou a enfermeira. Tenho que fazer o meu trabalho. Não entendi porque não me chamaram. O que é que está havendo aqui? Quem aplica injeções aqui, sou eu. Dr. Ferguson, o que tinha nessa injeção? – mostrando a seringa vazia - Vou ter que anotar na minha planilha. E essa aqui?

                 Com tanta determinação de Natasha, os médicos estavam completamente perdidos. Um olhava para a cara do outro sem saber o que dizer. E Natasha olhava-os com firmeza, não deixando-os ficarem donos do terreno. Eles, realmente, nunca tinham visto a enfermeira tão altiva. Alguma coisa deixava-os submissos a Natasha.

                 Enquanto conseguia dominar os médicos, Natasha dava uma olhadinha em Dyllon. Não entendia como eles chegaram até ali sem que Dyllon percebesse. Lembrou que ele dissera que esses médicos estavam enlouquecendo. Alguma coisa interferiu na visão e audição do amigo, para que errasse assim.  

                  O mais importante agora era saber o que os médicos tinham injetado em Dyllon. Achou estranho o silêncio deles. De qualque jeito tinha que saber qual a substância que usaram. E a outra que estava na seringa. Ia tentar tirar partido da situação, já que conseguira dominá-los.

                   - Dr. Ferguson, o que foi injetado nele? – perguntou com altivez, Natasha.

                   - Natasha – fez uma pausa o Dr. Walter, demonstrando insegurança – nós injetamos um sedativo.

                   - Por quê? Ele estava nervoso? Quando deixei, não percebi  qualquer alteração no seu quadro. Continuava, como sempre, de olhos abertos. Agora, estou notando, ele está com eles fechados.

                    Nisso entrou na enfermaria José Antônio. Natasha não entendeu como o seu namorado conseguira entrar.

                     - Zé Antônio, o que é que você está fazendo aqui? – perguntou Natasha curiosa.

                     - Depois te explico direito. O meu amigo nos traiu. Willian acabou me contando que foi procurado pelo Dr. Walter que lhe ofereceu dinheiro para que contasse tudo que acontecia de anormal. Aceitou sem pestanejar. Mas livrou a minha cara, não me colocando nos planos de fuga.

                     - Eles ouviam as nossa conversas? – perguntou Natasha,  demonstrando a sua decepção.

                     - Sim. Ouviam tudo. O Dr. Walter colocou um microfone aqui no quarto. O Willian me disse onde está. O Dr. Walter falou para ele. Vou pegá-lo.

......Continua na Semana que vem! 

 

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