Continuando...
Não demorou muito e a porta do quarto foi se abrindo lentamente. Dyllon sabia quem era: Natasha, sem dúvida.
- Natasha, boa noite! Minha enfermeira predileta! – disse eufórico.
- Está animado, heim Dyllon! – falou Natasha, sorrindo descontraidamente. – Qual o motivo da felicidade?
- Amanhã, logo pela manhã, vamos sair desse lugar medonho. Não quero que arrisque a sua vida. Estou contente por isso, mas captei energias perturbadoras. Não consegui decifrar. Isso me deixou preocupado.
- Fica tranquilo, amanhã sairemos daqui nós três. Tenho certeza que você vai dar um jeito disso acontecer, sem nenhuma dificuldade. – disse Natasha, transpirando confiança.
- Fico feliz com esse pensamento positivo. Mas todo cuidado é pouco. Não sabemos até onde essas pessoas podem ir com suas maldades. Fala com José Antônio para ficar atento.
- Ele já acertou tudo com o amigo, Willian. Vamos sair há que horas?
- Pensei que o melhor é sairmos antes do seu namorado pegar no plantão. Ele normalmente entra às sete, então podemos sair às seis horas. – disse Dyllon.
- Acho excelente. Ele vai desligar o sistema às seis. Já tinha conversado com Zé Antônio sobre o horário mais cedo, mesmo antes de você me dizer agora. – disse Natasha empolgada.
- Muito bem. Gostei disso. Decisão acertada. Então saímos às seis horas e cinco minutos.
- Por que isso? Só pra não dizer que a ideia foi minha?
- Nada disso, Natasha. É claro que a ideia é sua. É só uma questão de segurança, caso o rapaz não desative o sistema. E você é que vai conferir se realmente as câmeras foram desligadas. Só isso, menina.
- Tá bem, Dyllon! - ficou escondendo o riso - Vou examiná-lo, como faço todo dia. Tenho que fazer os lançamentos diários. Segundo você me disse, deve vir outra dupla de médicos, então eles têm que conferir todas as anotações desse mês, a seu respeito. Acredito que já devem estar a par de toda a sua vida, nesses últimos vinte anos.
- Menos eu. – disse Dyllon franzindo o sobrolho. Depois de uma pausa, continuou. – Natasha, anota aí a minha pressão, meus batimentos cardíacos...
- Assim é ótimo! – falou entre risos, Natasha - Mas vou acabar perdendo o emprego, meu amigo! – disse batendo no braço de Dyllon.
A enfermeira, depois de fazer as anotações passadas pelo amigo, colocou a sua prancheta em cima de uma mesinha, atrás da poltrona, e circulou pensativa em volta da cama de Dyllon, que normalmente estava quase no centro do quarto. Dyllon olhou para ela curioso. Naquele momento não conseguiu bisbilhotar os seus pensamentos.
- Natasha, você é diferente da maioria. Tem hora que não consigo invadir seus pensamentos. Parece que a sua mente é uma porta com fechadura, que você abre e fecha na hora que você quer. Viu que não sou tão poderoso assim?
- Estou me sentindo meio desconfortada. Não podemos antecipar a nossa fuga? Podemos fugir agora, Dyllon. Temos que esperar até amanhã?
- Se aquiete, Natasha. Nada vai nos atrapalhar. Dia claro é melhor. Vocês têm que estar descansados para nossa aventura. E vai ser, realmente, uma aventura. Vamos sair sem destino certo. Vou apenas seguir o que a minha consciência mandar. Vai dar tudo certo.
- Mas Dyllon, não estou entendendo essa minha aflição.
- Vai descansar. Amanhã, às seis e cinco, nos encontramos aqui na porta.
Natasha não quis alongar mais a conversa, deu um tchau para o amigo e saiu do quarto, meio cabisbaixa. Mas antes de fechar a porta atrás de si, mandou um olhar comprido para ele, mostrando claramente o quanto estava preocupada. Dyllon captou a angustia da amiga. Traduziu, nessa troca de olhar, que era medo o que ela estava sentindo, por um eventual fracasso no plano de fuga. Então acenou para ela e sorriu, com um sorriso recheado de otimismo. Depois levantou o polegar, piscou e torceu um canto da boca. Em seguida fechou as presilhas do pés, das mãos e a do pescoço.
....Continua Semana que vem!
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