Continuando...
O nervosismo, misturado com ansiedade, era tanto, que o papel já estava todo amassado entre os seus dedos. O seu estado emocional era tão crítico, que o coração já tentava sair pela boca. Natasha pensava que não ia conseguir chegar até próximo ao rapaz, que era a sua única esperança de sair dali, porque tinha quase certeza que cairia fulminada por um ataque cardíaco. Com a respiração alterada, deu uma pequena parada, fingindo olhar a sua prancheta de anotações diárias. Procurou fazer algumas respirações profundas para harmonizar seus batimentos cardíacos. Nisso o rapaz apareceu no corredor a poucos metros à sua frente. Aí é que Natasha colou os pés no chão. O rapaz já estava quase ao seu lado, quando conseguiu esticar um pouco o braço, tocar a mão dele e passar o bilhete amassado. Ele só conseguiu pegar o tal papel, porque parou e cumprimentou-a. Se não tivesse parado, a operação não teria êxito.
O rapaz continuou apertando o papel na mão e, depois de caminhar alguns metros, parou e olhou para trás. Foi nesse momento que Natasha conseguiu descolar os pés do chão e se dirigir, quase correndo, para o quarto onde estava confinado o homem misterioso.
Natasha entrou esbaforida. Dessa vez não encostou no leito de Dyllon, sentou-se na poltrona logo próximo à porta. Mas ele sabia que tinha entrado alguém. Ficou na dúvida se falaria. Por precaução esperou a pessoa se aproximar, mantendo apenas os olhos bem abertos. O silêncio o preocupou. De repente, mesmo sem ver, sentiu um cheiro, não de perfume, mas exalado pela pele de uma pessoa. Essa apuração do seu olfato ainda não tinha percebido. Quando o cheiro impregnou a sua narina e tomou conta da sua alma, ele sorriu.
- Natasha? – falou baixinho.
- Sim, sou eu. – respondeu a enfermeira, depois de alguns segundos - Como você sabia que era eu? Eu nunca entro nessa correria toda, não é?
- Eu – fez uma pausa – Eu senti o seu cheiro. Acredita?
Ela se levantou, foi até a cama, pousou as suas mãos no braço dele e, com os olhos mergulhados em lágrimas, olhou-o no rosto. Ele sorria. Depois ficou emocionado quando percebeu as lágrimas que ela deixou escapulir.
- O que houve, Natasha? Chora por quê?
- Que chorando o quê! – enquanto respondia, passava às costas da mão nos olhos – Agora estou feliz. Você sentiu o meu cheiro? Mas eu nem uso perfume. Na verdade, não posso usar.
- Mas não é de perfume. É o seu cheiro natural. Cheiro de mulher. E é muito bom. – sorriu com uma ponta de malícia.
Ela corou na hora, mas procurou parecer de desentendida. Ele percebeu e brincou.
- Ficou envergonhada, Natasha? Não foi a minha intenção deixa-la sem jeito. Mas o seu cheiro é muito bom. – disse sorrindo.
- E... deixa disso, Dyllon! Assim você me encabula! Deixa de ser bobo, hein! Olha que você está acamado! E além do mais... deixa pra lá! Está legal?
Dyllon engoliu o riso e procurou saber o motivo da entrada tão rápida na enfermaria.
- Consegui, Dyllon, entregar o bilhete para ele. Não sei como foi essa façanha, mas consegui. Parece até que já esperava por isso. Muito estranho, você não acha? A sorte está lançada, e agora é só esperar. Que Deus nos ajude, Dyllon! Que Deus no ajude!
O estranho paciente da enfermaria sem registro aparente, ficou em silêncio, cismando, enquanto Natasha colocava a sua cabeça em cima do seu corpo. Mesmo mergulhado em pensamentos, ele percebeu aquela forma carinhosa que a enfermeira demonstrou. Sorriu demonstrando contentamento. Mas logo em seguida uma tristeza, que seria passageira, apareceu na seriedade que o abateu. O motivo era que gostaria de passar a sua mão na cabeça daquela linda e boa mulher.
.......Continua Semana que vem!