terça-feira, 16 de agosto de 2022

A Minha Casa Não é Essa - Parte 14

 


Continuando...

            John o tinha visto chegar, mas ele não. Ao entrar no mato, levou o maior susto ao se deparar com John de pé a sua espera. Parece que não tinha acreditado que ele cumpriria o combinado. John olhou-o e imaginou o que ele poderia estar pensando. - Mas eu estou aqui. E meus compromissos eu sempre cumpro. Eu prometo eu cumpro.

            - E aí? – perguntou, sem demonstrar ansiedade alguma.

            O garoto respondeu que estava tudo bem. Mas antes que ele falasse mais alguma coisa, contou sobre o riacho que ficava próximo dali, mas ele não demonstrou qualquer interesse pela história de John. John comentou até que havia peixe em abundância, mas ele continuou não se importando muito e cortou o assunto, não dando chance que ele continuasse a sua narrativa. – Deus, está vendo isso? – pensou constrangido.  

            - Garoto. Qual o seu nome?

            - John.

            - John. Vou te chamar de... Não sei o que você parece. Você é forte. Hércules! Isso, Hércules!  

           - Hércules? O que é Hércules?

           - É quem é Hércules!

           - E quem é Hércules?

           - É um cara forte.

           - Então porque me chamar de Hércules?

           - Você é forte. Você pergunta muito! É só um apelido! É melhor, na nossa profissão, usar apelido!

           - Que profissão é a nossa?

           - Depois de hoje você vai ficar sabendo. Vamos para o plano que estou matutando há muito tempo. Vamos encher os bolsos de dinheiro.

           - Você arranjou emprego pra gente?

           - Você é engraçado. Arranjei. Arranjei um dos melhores.

           - E o que é que a gente vai fazer?

           - Você vai ver na hora. Você vai ser meu ajudante.

           - Está bem. E o que é que eu vou fazer?

           - Já falei: meu ajudante. É coisa simples: só me ajudar a escalar um lugar.

           Sem mais pergunta. Vamos andando. Esse é o melhor horário pra gente começar a trabalhar.

           - Tarde assim?

           - É. Quando chegar lá, eu te dou uma coisa pra você vestir.

           - Uniforme?

           - Mais ou menos. Vamos logo.

             Pegamos a estrada de volta para a cidade. Ali era quase um lugarejo. Pequeno mesmo, nem parece com outras cidades americanas. Lugar de gente muito rica e, a maioria, de gente muito pobre, igual a mim e a minha família.

           Notei que o meu amigo estava vestido bem diferente do que o dia anterior. Comentei com ele se o moço do posto não ia reconhecê-lo. Ele sorriu e balançou a cabeça negando. Fiquei intrigado, e perguntei novamente e ele respondeu:

            - Fica tranquilo. Ele nem viu a minha cara. Quando a gente chegar lá, vou entrar na loja e comprar um biscoito pra gente. Você fica de longe.

            Então fiquei meio que escondido observando ele passar pelo frentista e se dirigir até a loja de conveniências. Meu coração pulava mais que cavalo xucro. Não demorou muito e ele voltou com um pacote de biscoitos na mão, e assobiando uma melodia que eu não identifiquei. Mas também eu só sabia uma música que a minha mãe cantava. E era só uma, mesmo. De tanto que eu ouvi, fiz questão de esquecer.

  .............Continua Semana que vem!

 

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