terça-feira, 2 de agosto de 2022

A Minha Casa Não é Essa - Parte 12

 


Continuando...

           - John. Vê se você consegue chegar até Apache. Na sua mochila tem analgésico e antibiótico. Por hora é o que você precisa. Conseguindo, fica por lá mesmo.

           -  Sargento, não sei se vai dar. Ele está perto, mas é um perto longe. Sabe como é que é? Com esse ombro doendo... Como vou rolar até lá? Não sei não, sargento! Mas vou fazer um esforço, mesmo não tendo certeza de ter sucesso.

           Seis metros, mais ou menos, separava ele de Apache. Pensou até em pedir a Peter, que estava um pouco depois do amigo morto, para pegar a mochila, mas ele estava numa posição mais vulnerável do que a dele. Não sabia o que fazer.

           A mochila que ainda estava presa às suas costas começou a incomodar. A cada minuto que passava, parecia que fazia mais pressão no ombro. A dor já estava ficando insuportável. E o sangramento não parava. A palidez começou a tomar conta da sua face. Era sinal claro que ficava fraco rapidamente. Uma das soluções seria se livrar do peso da mochila. Então resolveu tirá-la. Com cuidado tirou o braço que estava são e depois foi para o lesionado. Mal o mexeu, quase se urinou de tanta dor. Parou imediatamente de se mover, com a esperança que a dor cessasse. Então percebeu naquele instante, que estava incapacitado para fazer qualquer coisa. Só poderia contar, para sobreviver, com os amigos. De repente um pensamento horrível passou-lhe pela cabeça: jamais sairia vivo dali. Nunca foi dado a choro, mas não conseguiu segurar algumas lágrimas que deslizaram pela sua face. Naquele momento lembrou-se de Deus e pediu desculpas em silêncio por não poder olhar para o céu. Disse sussurrando que gostaria muito de conversar com Ele, já que teria pouco tempo vida. E esse pouco que restava, queria botar em dia toda uma vida que não teve tempo de pedir-lhe perdão.

 

         

 UM MERGULHO NO PASSADO

 

 

            John viajou no tempo. Se viu criança, quando ainda morava com os pais numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos da América. Vivia com eles e mais cinco irmãos. A situação financeira da família era de ruim para péssima. A miséria batia a sua porta sem constrangimento. Com menos de quinze anos resolveu ajudar a família a sair daquela situação miserável. Com o pai trabalhando, já era ruim, com ele adoentado era o caos total. Foi até o centro da cidade e partiu à procura de algum emprego. Rodou praticamente o dia todo e nada de arranjar uma colocação que rendesse algum trocado. Já estava desanimado. Resolveu voltar para casa, mas antes se sentou num tronco caído bem próximo a um posto de gasolina, parecendo que alguém o tinha colocado ali para que servisse de banco. Tinha que pensar no que teria que fazer da sua vida. Nisso viu quando um garoto, que não devia ter mais que a sua idade, entrar na loja de conveniências do posto e sair de lá correndo com as mãos cheias de dinheiro e alguns biscoitos. Em seguida ouviu um grito de pega ladrão, e um senhor vinha correndo, com uma arma na mão, atrás dele. John ficou assustado e correu também a toda velocidade. Correu tanto que acabou passando pelo menino. Na primeira curva da estrada, entrou no matagal que a margeava. Logo em seguida o menino também apareceu e se jogou bem próximo dele. Ele então ameaçou se levantar, mas o menino puxou-o e mandou-o ficar deitado onde estava. John obedeceu prontamente e colou a cara no chão. Não se lembrava do tempo que assim ficou, mas alguma coisa dizia que foi mais de uma hora na mesma posição. Só levantou a cabeça quando o garoto tocou no seu ombro e falou:

            - Ô moleque, pode levantar a cabeça. Acho que ele não vem mais. Pode ir embora. Dê onde você é?

...............Continua Semana que vem!!

 

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