quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O Caso dos Olhos Azuis - Parte 9

Continuando...
           A porta da sala do delegado Carlos estava encostada. PC bate levemente antes de entrar. O delegado olha, mas como estava no telefone, fez um sinal com uma das mãos, para ele entrar. Lucinha veio logo atrás. O delegado sorriu e mandou um beijo com as pontas dos dedos pra ela. Em seguida apontou para duas cadeiras, convidando-os a se sentarem.
           PC estava ansioso. Aqueles minutinhos que o delegado estava no telefone, pareciam que iam se estender por horas. Levantou-se algumas vezes. Numa dessas, Lucinha puxou-o pela camisa. Finalmente o delegado largou o telefone e fez questão de deixa-lo fora do gancho. Saiu detrás da sua mesa e foi falar com os amigos. Deu um aperto de mão em MD e beijou Lucinha. Em seguida disse:
           - Vamos sentar. Temos que conversar bastante. Parece que as coisas estão clareando.  A conexão só foi feita por causa do papel que estava com o seu nome. Se não fosse isso, ia ser mais um caso de tráfico de drogas. Mas a coisa é maior.
           - O meu nome no papel, dizendo que eu estava marcado pra morrer. É isso mesmo?
          - Com todas as letras. Dia e hora, para darem cabo de você. Você nasceu de novo, meu irmão.
          - Não foi mole, não! Mas estou aqui! Firme e forte!
          - PC acredito piamente que estamos a um passo de desmantelarmos o tráfico de drogas na cidade. Pode botar fé que finalmente, vamos poder começar a mexer com as pedras do tabuleiro de xadrez. O tráfico, sem sombra de dúvida, é de uma rede internacional. Eu sei que foi apenas um peão que saiu do jogo. Mas esse peão, quem sabe, pode nos levar até o final do jogo, com um xeque mate nosso!
         - Delegado, não quero ser pessimista. Mas a perda de um peão, pra quem sabe jogar, não quer dizer muita coisa, não! Às vezes se sacrifica uma peça, para depois derrubar outras do adversário! O rei têm muitas peças a protegê-lo! Agora, poço ver esse peão que está fora do jogo? Posso conversar com ele?
        - Claro, PC. Vê o que você consegue, porque com a gente ele nada falou. Por enquanto fomos com educação. Aí nem o nome ele disse. Mas depois vamos dar uns apertos nele. Vamos ver se vai falar ou não!
            O delegado chama os dois e se encaminham para a cela, que está guardando o bandido. Lucinha, antes de chegar até o local, pede para ficar por ali. Disse que não estava com estômago para olhar aquele marginal. O delegado então sugere que ela volte para a sua sala.
           PC vai passando, junto com o delegado, cela por cela. Estavam todas ocupadas e com lotação máxima. Somente a última estava com um único bandido.  O delegado bate com um porrete na grade, para chamar a atenção do traficante. Do jeito que ele estava, continuou: cabeça baixa. PC então fala:
           - Ô cara! Será que pode me responder alguma pergunta?
              O prisioneiro vai levantando a cabeça vagarosamente. Quando fixa o seu olhar no de PC, se levanta e fala cheio de ódio:
           - Cara! Mexeste em casa de marimbondo! Tiveste sorte da última vez, mas com certeza vais levar uma ferroada! E com bastante veneno! Repórter xereta! A tua sentença foi decretada! Eu falhei, mas outros não falharão!
              O bandido voltou para onde estava sentado, arriou a cabeça e ficou calado. E nada mais se conseguiu dele. PC então sugere ao delegado para que saíssem dali.
          - Delegado, vamos sair um pouco. Vamos dar um tempo pra esse pilantra pensar. Depois nós voltamos. Pode ser que resolva falar.
            O delegado concorda. Porém faz uma observação:
           - Tudo bem. Mas anota aí: dentro de meia hora a gente volta. Se nada for conseguido por bem, vamos conseguir por mal. Eu te garanto que, se preciso for, arrancaremos a pele do safado.
               Quando estavam de volta, um prisioneiro, que estava com a cara encostada na grade, esperou o delegado passar e deu-lhe uma cusparada. Rapidamente o delegado deu com o bastão na grade. Mas o bandido conseguiu se afastar e se misturar aos outros. O carcereiro se aproximou do Dr. Carlos e perguntou o que tinha acontecido. Ele então respondeu:
             - Juventino. Quantos nessa cela foram presos com aquele traficante?
            - Doutor. Tem dois aí dentro. 
             - Então arranca os caras daí e leva-os para sala de terapia intensiva. Vou mandar Berto e Jonas para vir ajudar. Qualquer probleminha manda chumbo. Depois, se não houver dificuldade, me chamem, mas só quando já estiverem com os dois lá dentro. Ok?  PC vai querer assistir a terapia?
          - Não doutor. Estou fora.   
          - Ah! Ah! Ah! Continua sensível!
          - Sensível? Não! Não se trata disso!
          - Vamos indo, PC. Lucinha está a nossa espera.
          - Ela sim, é sensível. Mas na hora que tem que ser dura, ela ultrapassa qualquer expectativa. Aquele docinho pode surpreender a gente. Cuidado delegado!
          - Ah! Já estou com medo! Vamos logo!
            Entram na sala e encontram a repórter sentada na cadeira do delegado. Rapidamente ela se levanta, mas Carlos a impede:
          - Não. Pode ficar aí. Sabe que você fica bem nesta cadeira? De repente você seria uma boa delegada. Quem sabe você não muda de profissão?
          - Estou fora, doutor! A cadeira é confortável, mas a função é bem desconfortável!
             Enquanto conversam, o carcereiro entra na sala gritando e com a cara assustada:
          - Doutor! Doutor! O prisioneiro... O prisioneiro da última cela...

          - O quê houve,  Juventino? O safado fugiu?   
      Continua semana que vem... 

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