sábado, 4 de novembro de 2017

O Caso dos Olhos Azuis - Parte 7

Continuando...
E lá foi ele pela calçada abraçando a noite. Parecia que estava se escorando na escuridão, já que a iluminação estava deficiente e não ajudava muito a sua caminhada. Mesmo sendo lua cheia, a claridade não chegava onde ele estava. De repente ele percebeu que o silêncio era a sua única companhia. Até aquele momento, realmente, não havia passado qualquer veículo ou transeunte. Não sabia a hora e aparentemente estava se lixando para isso. De repente um poste desenhou-se à sua frente. Rapidamente abraçou-o. Um dos dois tinha balançado. Na dúvida, agarrou-o para que não lhe caísse em cima. Naquele momento o silêncio foi quebrado. Alguma coisa se arrastou atrás de si. Teve a sensação que fossem passos. Instintivamente se virou. Mas nada viu. E o silêncio retornou. De repente o coração deu uma acelerada. E com ele, veio um medo que trouxe junto um suor frio. Lembrou-se do par de olhos azuis na caixinha e imediatamente ficou todo arrepiado. Sentiu vontade de correr. Mas as pernas não ajudavam muito. Mesmo assim largou o poste e saiu a passos largos. Mal começou a caminhar e a sensação de que alguém o seguia, voltou. Parou novamente e olhou para trás, mas nada viu. Uma grande parte do trajeto foi assim. Isso deve ter acontecido umas cinco vezes. Na última, já que estava bem próximo de casa, resolveu sair correndo mesmo. Mas ao tentar atravessar a rua, quase foi atropelado por um veículo que entrou em disparada e por um tris não o pegou. Chegou a cair com o susto, mas conseguiu se levantar rapidamente. Parecia que não tinha bebido nada. Quem o visse poderia afirmar que estava sóbrio. Ficou em pé no meio fio, sem se balançar. Com certeza não era o mesmo homem de minutos atrás. O álcool evaporou com o susto. Enquanto tentava tirar a poeira da calça, olhava ao redor. Viu que o carro estava parado a alguns metros à frente. Dele saíram dois homens encapuzados. Virou-se para correr, mas já tinha mais dois, também encapuzados, que vinham chegando por trás. Sem muita opção, atravessou a rua correndo. Por sorte apontou um taxi.  Fez sinal e ele parou. Então se jogou dentro do carro e assim conseguiu escapar. Naquele momento não sabia para onde ir.  Mas pediu para o taxista sair o mais rápido possível dali. Depois de se sentir mais aliviado, conseguiu pensar. Mas só veio na cabeça um único lugar: a delegacia. E foi pra lá que o taxista rumou. Na mais próxima ele ficou. Conhecia todo mundo ali. Com certeza esse era o lugar mais seguro. Conversou com o delegado de plantão, deixando-o a par de tudo que aconteceu com ele. O delegado ficou pensativo por algum tempo, mas rapidamente liberou uma viatura com dois policiais fortemente armados. E em pouco tempo já estavam na rua atrás dos bandidos. Os dois atravessaram a madrugada toda vasculhando cada rua, cada buraco, cada ponto que reuniam bandidos. Entraram em cada boca de fumo conhecidas por eles. Viraram a cidade de pernas para o ar. Procuraram informantes escondidos na noite, mas nada de achar o quarteto. Ninguém conhecia esses bandidos. 
A manhã tinha chegado. PC, os dois policiais e o motorista voltaram para a delegacia.  O repórter estava receoso de voltar para casa. Falou com o delegado e arranjou um lugar para tirar uma soneca. Só que essa soneca virou um sono profundo. Quando PC despertou, o relógio marcava quatorze horas e cinco minutos. O plantão da delegacia já tinha trocado. Levantou meio sem jeito, tomou um café que o delegado Adolfo lhe ofereceu, agradeceu pela estadia, saiu da delegacia e pegou um taxi que estava parado na porta. Pediu para seguir até a redação do jornal. Antes de descer, deu uma olhadinha no espelho interno do carro e não gostou muito com o que viu. Entrou no prédio da redação do jornal e subiu os andares pela escada. Ficou meio sem jeito em pegar o elevador. Parou na porta da redação. Como fazia sempre, abriu-a devagarzinho. Uma voz lá de dentro ecoou:
                 Continua semana que vem...

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