quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Pensamento de Poeta - O Tempo Não Para

 


O Tempo Não Para

- José Timotheo -  

Mais um ano que dá adeus. Trezentos e sessenta e cinco dias de mãos dadas com o passado. Parece que vemos o mesmo filme todo final de ano. Olhando para trás podemos confirmar isso. Fico angustiado. Ouço uma notícia boa, mas logo depois vêm duas para deixar a esperança entalada. Sonho todo ano, não ter nada de ruim para escrever quando o ano findar. Ledo engano, tudo se repete.

           Recentemente, um amigo me disse uma coisa, que até desceu como um alento. “Amigo, disse ele, temos que cultivar o otimismo. Não adianta ficar de chororô. A bicicleta só vai para frente, se você pedalar. Só caem do céu chuva e mísseis. Não adianta somente sonhar, sem colocar a mão na massa. Só vamos conseguir alguma coisa, se cada um fizer a sua parte. Não vai adiantar gritar que queimaram uma floresta e ficar de braços cruzados.  Plante uma árvore, e outros te seguirão. Ninguém conserta o passado. Temos que cuidar com zelo do presente. Seja uma pessoa sorridente, que isso contagia. Vá em frente, sem olhar para trás”.

             Passado é passado. O tempo continua no seu perpétuo movimento, “ele” nem olha para trás. Por que você vai olhar? Por que vamos perder tempo com o que já foi feito?   Seguir em frente é o nosso destino. E é dever de todos nos vigiar, para que o passado não se torne um eterno fantasma. Vamos sonhar sim! Esperançar sim! Isso é um ótimo combustível!

              FELIZ NATAL E UM PRÓXIMO ANO – 2026 – NÃO MENOS FELIZ. É O QUE DESEJAMOS EU E MARTHA TARUMA.

              VAMOS EM FRENTE COM PAZ E AMOR NO CORAÇÃO! VAMOS LÁ, GENTE!



 

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

O Filho do Poder - Parte 5

 


Continua...

        Depois de fazer esse comentário, Quim olha para o irmão, bate com a mão no ar e bota o corpo para o interior do veículo, mas acaba esticando mais um pouco a conversa. E sai do carro de novo.

         - Mano, você já viu como esse carro é grande? Está vendo do jeito que ele ficou? Só tem esse pedaço que está menos amassado.

         - E o que você quer dizer com isso? Só estamos perdendo tempo. Deixa de enrolação, Quim. Saiu do carro por quê?

         - Eu saí... Mano, o que eu quero dizer, é que realmente estamos perdendo tempo. Não quero mais saber do saco de roupas. Para o que vai me servir eu ver as roupas que estão ali? Pode ser roupa suja. É perda de tempo. E não vou perder o meu tempo tentando saber se o motorista morreu, se o carona morreu e se do lado de lá tem alguém vivo. Tudo é perda de tempo. Não vou olhar mais nada. Um carro, desse tamanhão deve ter muita gente dentro. E deve tá todo mundo morto. Olha só a traseira: o teto está encostado na carroceria. Se tiver alguém ali, virou bife. Já estou com defunto demais perto de mim. Esse, aquele outro ali, que também está tão despedaçado quanto esse aqui. Tá uma barafunda só, Toni!

        - Para quê esse discurso todo? Assim é que estamos perdendo tempo, mesmo. Está de brincadeira, Quim?

        - Que brincadeira?

        - Quim, você tá perdendo tempo à toa. Você fala à beça. Se estivesse olhado aquele monte de roupas, já tinha visto se tem gente ou não. Olha logo.  Você é que é o curioso aqui, agora está querendo recuar? Lançou uma suspeita e agora quer cair fora? Deixa disso e vai logo conferir.

        - Que recuar? Sou homem de palavra! Se eu falei, vou cumprir! Satisfeito? Já estou indo, patrão!

                     Quim termina de falar e finalmente, mais decidido, mete o corpo para dentro do carro, novamente. Se apoiou nas pernas do morto, sem fazer cara de nojo, e conseguiu chegar até onde está o que ele achava ser apenas um monte de roupas. Só que mal coloca uma das mãos em cima, leva o maior susto. O saco se mexeu e em seguida veio um gemido. Quim sai rápido do carro com uma expressão de quase terror. Com o susto, quase derrubou o irmão que estava atrás de si.

        - Toni! Mano tem gente viva! Tem gente viva! Aquilo lá, não é um monte de roupa não! É um saco de pano, com uma pessoa dentro!

        - Calma Quim. Calma. Você quase me atropelou! Calma. Se tem gente, então vamos tirar ela de lá. Vai lá, mas com cuidado.

         Quim, com a respiração ofegante, olha para o irmão, parecendo que ia falar alguma coisa, mas colocou o corpo para dentro do carro novamente, mas calado. E assim ficou por alguns segundos, até quebrar o silêncio.

        - Toni! Toni! A pessoa tá respirando! – fala ansioso - Puxa! Você estava certo! Mano, mas como é que a gente vai tirar ela daqui? O teto tá muito baixo!

        - Quim, nesse momento precisamos de muita calma. Acho que temos que tirar esse cara da frente primeiro. – apontando para o homem que estava com a cabeça afundada causado pelo amassado do teto do carro.

        - Como? Ele tá com a cabeça enterrada no corpo. Já tá muito esquisito para o meu gosto! E essas pernas pro alto? – fez a pergunta, com a voz alterada, e foi saindo do carro.

        - É só a gente puxar as pernas dele pra baixo, Quim. Sem dificuldade.

        - Toni, puxar pra baixo? Tá tudo tão apertado. E o cara é grande.

        - Quim deixa eu pensar. Pronto já pensei.

        - Assim tão rápido?

        - Escuta só Quim. Força as pernas dele pra baixo que eu puxo ele pra fora do carro. Vamos, não faz cara feia não. Já que estamos na água, não tem jeito, vamos nos molhar mesmo.

       - Está bem. Molhar... O que tem a ver com o fogo que queimou tudo?

       - Você é difícil, hein Quim! Deixa de enrolação.

       - Tá bem. Você venceu. Então vamos lá. Se prepara que vou empurrar as pernas dele para baixo. Toni, como é que ele ficou com as pernas para cima?

      - E eu sei lá! Isso é hora pra você me perguntar coisa que eu não sei responder? Vamos logo. Bota as pernas dele pra baixo. Isso. Assim mesmo. Agora vou puxar o corpo dele. Viu só? Agora dá pra gente tira-lo daqui com facilidade.

 ,,,,Continua Semana que vem!

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

O Filho do Poder - Parte 4

 


Continuando...

        Quim se aproxima e mete a cara no vidro da porta traseira. Firma o olhar para o interior do veículo e fica tentando enxergar alguma coisa. De repente grita assustado:

          - Nossa mãe, Toni! Meu Deus! É sangue só! Só estou vendo uma pessoa encostada aqui na porta. Mano, acho que não sobrou viva alma dentro desse carro. Já viu o tamanhão desse carro? Dá para carregar um batalhão.

          - Está vendo mais alguma coisa?

          - O interior está bem escuro, não dá pra ver quase nada. Não sei quantas pessoas tem aí dentro. Se tiver dez, estão todas mortas. Olha só, mano: o teto tá todo amassado, e do jeito que afundou, amassou todo mundo. Que tristeza, mano. Toni, como esses vidros não quebraram? Não parece que são brindados?

          - E são mesmos. Vamos tentar abrir essa porta. É o único jeito de se saber alguma coisa. Vamos lá.

          - Mano, vamos deixar isso pra lá. A polícia não vai demorar a chegar aqui. Isso não é problema nosso. Se tivesse alguém vivo, aí era outra história. Vamos embora, mano. Vai por mim.

          - Ir embora assim? E se tiver gente viva aí dentro? Vamos resolver isso e depois vamos embora. Tá bom assim?

          - Tá bom, mano. Você venceu. Mas depois vamos embora mesmo. Não fico aqui nem mais um minuto.

            - Está combinado. Então vamos lá. Força Quim. Bastante força. Vou contar. No três a gente dá um puxão. Um, dois, três. Isso, viu? Está cedendo! De novo Quim. Agora. Abriu! Até que não foi tão difícil! Viu só? Estão conspirando a nosso favor.

                      Mas mal a porta se escancara, uma escopeta cai no asfalto. E mais três se espalham por cima de alguns corpos, corpos que Quim não havia visto. Tinha mais duas imprensadas no teto, saindo do banco da frente. Do jeito que o teto arriou, não dava para saber se tinha ali alguém com vida. É só um monte de ferro torcido. Os dois estão sem ação, mas assustados com o que viam. Quim manifesta, surpreso e interrogativo:

          - Olha só, Toni. Mano, pra que essas armas todas? Será que iam pra alguma guerra?

         - Nossa mãe! Quim isso é muito esquisito!

         - Bota esquisito nisso! Mano não é melhor a gente se mandar? Pode ser encrenca pura. E pode ainda cair em cima da gente. Escuta o que estou dizendo. Tá na intuição.

         Toni dá um sorriso sem graça e contesta:

        - Ih! Que encrenca nada! Intuição, Quim? Deixa disso. Vamos é dar uma olhada geral. A gente tem que sair daqui com a consciência tranquila e dentro da lei. Ninguém vai poder falar que recusamos prestar socorro.

        - Socorro pra quem, Toni?

        - Ué, vamos olhar. Às vezes no meio desse ferro torcido, possa ter algum sobrevivente.  

         - Que otimismo. Só você mesmo. Então tá. Olha só o cara aqui como ficou: parece que a cabeça entrou pra dentro do corpo. E você acha que possa ter mais algum sem um arranhão sequer?

         - Não sei! Esse aí... Que coisa horrível, Quim. Mas olha só. Ali não parece que tem uma pessoa?

         - Está parecendo um saco cheio de roupa. Deixa eu meter a mão.

                   Quim vai cautelosamente, mas fica receoso, ao perceber que vai ter que se apoiar nas pernas do defunto. Aborta os movimentos e recua em seguida, fazendo uma careta. Depois dá uma olhada para o irmão, com uma expressão de nojo.

         - Mano não vai dá. Tô até enjoado.

         - Enjoado? Deixa disso! Não vai dá por quê?

         - Por quê? Você viu? Pra se chegar até aquele monte de roupa, vou ter que me apoiar nas pernas do morto. Viu a cabeça dele enterrada no corpo? Não tenho estômago de ferro, mano.

          Toni dá mais uma vez a sua risada sem graça e zoa o irmão:

         - Não acredito! Você agora tem medo de defunto? É isso mesmo? Quim, você sabe que ele não vai te fazer nada. Se ele estivesse vivo, aí sim ia ser perigoso. Vai lá! Deixa de besteira! Eu estou aqui. Nessas estradas já vimos coisas piores. Saiu por quê?

         - Não aguento esse seu risinho sem graça. Estou aqui pra respirar ar puro. Posso?

         - Quim, volta pra lá, volta. Assim vamos demorar mais.

         - Tá bom. Mas vou, porque sei que, se o defunto se mexer, o primeiro a correr vai ser você! – deu um sorriso meio sem graça e, em seguida, um tapa no teto amassado do carro.

         - Correr! Que correr o quê! – ensaia uma gargalha -  Você é que é capaz de se borrar todo! Vai logo, Quim. Sem enrolação. Quanto mais rápido a gente olhar tudo, saímos daqui logo, logo. Vai lá.

        - Tá bem! Tá bem! O serviço pesado sempre cai em cima de mim mesmo. Mas eu vou te dizer uma coisa: só vou olhar aqui, nesse pedacinho. Depois perna pra quem te quer. Não fico nem mais um minuto aqui.

 Continua Semana que vem!

domingo, 7 de dezembro de 2025

Pensamento de Poeta - As Guerras Continuam

 


As Guerras Continuam

- José Timotheo -  

O que corta o céu?

Brilha até no meio do dia?

Não são estrelas, com certeza

São, sim, uma chuva de insanidade

Em pleno século 21

As cavernas estão a um passo

Só não vê quem não quer

Estamos morrendo de burrice

Que o burro me desculpe pela ofensa

Hoje vejo, analiso e acho

Que estamos a um passo

Para andarmos de quatro

O oriente, desorientado

Doente

Na vanguarda da destruição

Quem sobrar

Caminhará entre escombros

Sem luz e carregado de culpa

Por não ter morrido

                                                             Fim