terça-feira, 28 de outubro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 79 - (Penúltima parte)

 


 Continuando...

                   O caminho foi um trajeto sem nenhum empecilho. Chegaram na fortificação e lá estava a imensa luz, circulando em volta da área contaminada. O casal estava assustado. Natasha era perguntas só, mas não dava para se perceber qualquer ponta de medo, apesar do ar assustado. Já o namorado, estava vivendo um inferno astral. O medo era tanto, que o pânico estava quase se apoderando dele. Dyllon percebeu e foi em socorro do amigo. Com apenas um passar de mãos pela cabeça do rapaz ele se sentiu outro homem. Deixou até escapar um sorriso, depois de um suspiro profundo, notado pela namorada, que o abraçou e deixou um beijo estalado no seu rosto.

                     O ovoide passou por eles e entrou dentro da luz. Natasha abriu  tanto os olhos que parecia que portava exoftalmia. Quase pularam das órbitas. Dyllon viu e não conseguiu segurar o riso.

                     - O que é isso, Natasha? Isso tudo é susto? – pausou e riu mais uma pouco – Não acredito que você está com medo.

                     - Tá rindo de mim? Só levei um susto. Vendo de longe é uma coisa, mas assim passando tão perto, é outra história. Você está zombando de mim! – parou um pouco de falar e respirou fundo. – Dyllon, o que eles fizeram com as pessoas que recolheram lá na base?

                    Dyllon ficou em silêncio por algum tempo. Parecia que tentava entrar em contato com alguma coisa ou alguém na nave. Não demorou e o contato foi estabelecido.

                    - Natasha, deixaram as pessoas de bem, próximo a uma cidade do outro lado da floresta. Está todo mundo bem de saúde. E com uma cabeça melhor, do que quando estava dentro da base. Lá cada um vai encontrar o seu caminho.

                     - Graças a Deus. Dyllon, só por curiosidade: como eles vão para casa se ninguém está com dinheiro?

                     - Isso já foi resolvido - deu uma pausa e deixou escapar um sorriso misterioso – Nem sei como falar. Foi fácil  – riu novamente – Sabe Natasha, eles, que não sei quem é, resolvem as coisas muito facilmente. Eles materializaram o dinheiro.

                     - Você quis dizer, falsificaram? – falou de pronto a enfermeira.

                     - Não é bem assim. Tem coisas que não conseguimos alcançar. São assim, bem práticos.

                      Acabaram os quatros, parecia combinado, gargalhando a todo pulmão. A risadaria assustou o silêncio da floresta. O eco se esfregou entre folhas e troncos de cada árvore nas cercanias, fazendo macacos e insetos saírem em disparada. Até o espírito de algum soldado morto, que ainda não tinha percebido que já não fazia mais parte desse mundo, voltara a fugir dos mortos da pequena comunidade que foram brutalmente assassinados, depois de sobreviverem ao teste nuclear.

                       Depois que se cansaram de tanto rir, um silêncio envolveu os quatro amigos. A sensação que sentiram era que chegara a hora da despedida. Principalmente para Natasha e o namorado. Tanto que Natasha esticou o braço e ofereceu a sua mão para Dyllon. E o namorado fez a mesma coisa, se dirigindo ao soldado Oliveira. Dyllon não estendeu a sua mão e o soldado virou-se como se fosse pegar alguma coisa que estava atrás de si, recusando apertar a mão do amigo. A situação não era fácil.

                          Dyllon olhava para Natasha com um ar de tristeza. Não queria se separar da amiga. Pensou em alguma solução. E só tinha uma: ela segui-lo.

                          - Natasha, – disse ele – vem conosco. Vem você e Zé Antônio. O soldado, tenho certeza que virá. Não tem mais nada para ele aqui na Terra. Ele sabe disso. A tripulação me espera e acredita que eu leve vocês comigo. Nós cumprimos uma missão. E foi necessário que eu passasse por tudo aquilo.

                          - Então você sabia que não era igual a nós! Esse tempo todo ficou se fazendo de desmemoriado! Puxa, Dyllon! Por que não falou comigo?  

                          - Eu não podia. Ou melhor, eu não devia. Mas... vem comigo.

                          - Eu não posso Dyllon. E a minha família?

                          - Vocês são muito apegados aos seus familiares. Eu sempre apreciei isso em você. Mas o José Antônio pode vir.

                          - Eu? – disse o namorado de Natasha. – Não posso, Dyllon! Como vou ficar sem Natasha?

                          - Vêm os dois! Tem muitas coisas para vocês aprenderem.

                          - Não podemos, Dyllon. – disse Natasha com uma ponta de tristeza.

 ....Continua na Semana que vem!

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 78

 


Continuando...

                     Mal Dyllon acabou de falar o processo de limpeza começou. Incrivelmente a imensa nuvem radioativa começou a descer. De onde ela tinha saído, começou a entrar por cada furo que os raios luminosos tinham feito em cima da base. Em segundos toda a fumaça fora sugada para o interior da base, não ficando nenhum resquício da radiação. Parecia que estava tudo terminado, mas, depois de alguns minutos, uma coisa pastosa foi lançada por sobre toda a área da base. Aparentemente aquilo foi uma forma preventiva para impedir qualquer escapamento da radiação.

                      O ovoide continuava parado no mesmo lugar desde que ali chegara, mesmo depois de ter lacrado o local. Nem Dyllon e nem o soldado souberam captar o motivo da permanência da nave por mais tempo sobre a base. Os quatro não se moveram, continuaram esperando por mais algum evento. Mas como nada aconteceu, segundo Dyllon, deveriam continuar viagem.

                  Ele e o soldado estavam apenas admirados com tudo que aconteceu, mas Natasha e o namorado, pareciam em estado de deslumbramento. De repente estavam mesmo era em estado de choque. Dyllon percebeu e falou para o amigo:

                  - Oliveira, como já disse, está na hora de irmos embora. Olha só esses dois como estão: parecem abobados. Também não é para menos, presenciar tudo que aconteceu, tinha que dar nisso. Depois puxamos os dois para a normalidade. 

                  - De repente podemos até limpar a memória deles. O que acha?

                  - É bom que fique registrado todo o ocorrido aqui hoje. Vamos tirar só a dor pelo o que presenciaram. Vai parecer uma coisa normal.

                  - Mas Dyllon, não teve nada normal ali. Não sei por que para nós dois não causou sofrimento. Não é estranho? Parecia uma coisa já vivenciada por mim. Mas aonde?

                   - Soldado, não sei te responder. Eu já tenho as minhas interrogações, que não são poucas. Fica com as suas. Um dia vamos saber tudo.

                  - Concordo, amigo. Acho que vamos ter  muito mais interrogações para responder daqui para frente.

                  - Eles nos esperam. Não tive nenhum contato telepático, só intuição mesmo. Pressinto que esta na hora de continuar a caminhada. Já tinha até falado isso, agora insisto. Vamos caminhar.

                  - Não entendo isso, Dyllon. Contato telepático. E intuição. Isso está me parecendo também um contato. A intuição dizendo para gente continuar andando? Alguém está falando na telepatia e na intuição?

                  - Natasha, a intuição é uma recepção clara. O nosso raciocínio não participa. É um pressentimento. Assim eu percebo. Já a telepatia, é uma coisa engraçada, o pensamento de uma pessoa que está longe invade a sua cabeça e fala com você, sem precisar usar os sentidos. A gente conversa sem falar. Acho que é mais ou menos isso. Você não tem intuições? Às vezes vem alguma coisa orientando você a mudar de direção. Perigo à vista! Depois você vai saber que houve um acidente ou coisa parecida naquele local que você ia passar. Quando não escutamos essa “voz” interior (ou exterior?) quebramos a cara.

                  - Agora você me confundiu mais ainda, Dyllon. – disse Natasha com um muxoxo.

                  - Natasha – riu e passou a mão carinhosamente nos cabelos dela – nós vamos ter tempo para conversar bastante sobre muitas coisas. Eu tenho também que aprender e entender tudo isso que está nos acontecendo. Agora... Vamos caminhar?

                  Era uma caminhada estranha, já que era sem pisar no chão, mas não deixava de ser o único caminho para se chegar ao destino. Dyllon e o soldado olhavam para baixo e via o riacho ir encolhendo. Parecia que a cada pedaço do caminho, ele diminuía mais um pouquinho. “ Parece que alguém está puxando o fio d’água. – disse o soldado, guardando o riso. Mas ele sabia que o que foi colocado ali e esperado por eles, era  só para levá-los de volta ao ponto de partida, que seria o destino final. O soldado Oliveira era o responsável de levar o grupo até à fortificação, onde estava a imensa luz. Talvez a nave mãe.

 .....Continua Semana que vem!

terça-feira, 14 de outubro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 77




Continuando...

                O ovoide continuava a recolher pessoas, sugando-as para o seu interior. Depois de mais alguns minutos nesse processo, que parecia não ter fim, foi diminuindo o número de pessoas que saíam, até que finalmente cessou e a nave começou a recolher os seus raios luminosos. Quando tinha terminado toda a operação, Dyllon e o amigo, o soldado Oliveira, foram descendo até chegar ao solo. Instantaneamente abriram os olhos e ficaram de pé. Tinham voltado ao normal, aparentemente, mas parecia ainda conectado com alguém ou alguma coisa. Esticou os olhos para os amigos, que ainda estavam arriados no mesmo lugar, e balançou a cabeça.

                  -  Meus amigos, vai voltar tudo ao normal, mas vamos ter que abandonar esse lugar o mais rápido possível. Vamos? – chamando-os também com um gesto de mão.

                  - Dyllon... – fez uma pausa – e essas pessoas que foram puxadas lá de dentro da base?  - perguntou Natasha, já levantando e indo em direção dos amigos.

                   - Só foram retiradas as pessoas boas. As más, lá ficarão para sempre. Por isso é que estou falando para sairmos daqui. Eles estão esperando que partamos.

                    Dyllon pegou a amiga pelo braço e começou a subir. O soldado fez a mesma coisa com o namorado de Natasha. E lá foram os quatros seguindo o micro riacho.

                     O ovoide repetiu o mesmo processo com os raios de luz. Cada facho entrou no mesmo ponto de onde foram retirados os trabalhadores da base. Ficaram assim por alguns minutos, só trocando a tonalidade da cor da luz.

                     Os quatro, quando se acharam em segurança, pararam no ar e olharam para trás. Agora podiam presenciar, no caso Dyllon e Oliveira, o que não viram, enquanto se mantinham concentrados em sintonia com alguma coisa que desconhecia, que era apenas a imensa luz,  ficando registrado apenas uma vaga lembrança de alguns raios saindo do ovoide. Agora não, estavam vendo com os olhos da carne, os raios saindo da nave e mudando de cor a cada minuto. Principalmente Dyllon, tinha certeza que  iam ver alguma coisa a mais de tudo o que tinha sido feito anteriormente. O que  era, Dyllon ainda não sabia.

                    Eles estavam a mais ou menos cinco km do ovoide, quando pararam, mas davam para ver o ovoide repetir os mesmos procedimentos que fizera anteriormente, só que dessa vez não sugava ninguém. De repente os raios ficaram todos com a mesma tonalidade: um verde musgo. Pouco tempo depois viram quando começou a descer alguma coisa por cada raio, ao mesmo tempo.  Acompanharam até que entraram para o interior da base. Nesse momento Dyllon pediu para que todos não olhassem para o que iria acontecer dentro de um minuto, porque os olhos não suportariam a claridade que cobriria toda a área da base. Ninguém questionou, todos se viraram imediatamente, tapando os olhos.

                   A precisão do que ia acontecer, prevista por Dyllon, foi exata. Uma explosão, sem haver quase ruído algum, aconteceu. Mas a terra foi sacudida ao ponto de destruir uma fatia da floresta mais próxima, deixando grandes árvores com as raízes para o alto. Depois disso, subiu uma fumaça acinzentada até a uma altura de cem metros do solo. Um silêncio tumular voltou a região. Dyllon retirou as mãos da frente dos olhos e comunicou aos amigos que já estava tudo bem. Depois de alguns minutos ele avisou que poderiam olhar novamente na direção do ovoide. Não era para ser diferente, todos estavam assustados e admirados com o imenso cogumelo que flutuava no espaço. O soldado Oliveira não conseguiu ficar calado:

                    - Meus amigos. Acabou de acontecer uma explosão atômica. Dyllon, e agora? A radiação vai contaminar toda essa região.

                    Dyllon, antes de responder, fechou os olhos por alguns instantes. Quando abriu, já veio com a resposta.

                     - Amigos, não precisamos ficar preocupados. A região não vai ficar contaminada com a radiação. Vamos presenciar agora algo, que não sei o que é, mas que vai ficar gravado nas nossas mentes. Vai acontecer agora, fiquem atentos.

.....Continua Semana que vem.