terça-feira, 16 de setembro de 2025

Una Luz e Nada Mais - Parte 73

 


Continuando...

                    Os três olharam-no com os olhos arregalados. Pelo que ia no olhar de cada um, não tinha outra coisa a não ser uma mesma pergunta: Como fazer um buraco no concreto, sem ferramenta adequada? O soldado sorriu mais uma vez e disse:

                  - Olha para mim. É fácil! – riu. – Não sabia que era capaz... Olha só, nunca fiz! Mas sinto que o show vai começar! Podem aplaudir!

                  De repente o soldado começou a girar, em cima dos calcanhares, com uma velocidade inimaginável. Só quem tinha olhos para ver, no caso o Dyllon, foi vendo a transformação que se operava nele. As feições humanas foram dando lugar a algo pontiagudo e logo depois foi virando em espiral. O que Dyllon viu, foi um homem se transformar numa broca gigante. Mesmo sem os outros verem a mutação do soldado, já estavam de queixos caídos pelo o que estava acontecendo.

                   A velocidade permaneceu, depois da transformação. O soldado já estava pronto para o que tinha se proposto. E lá foi ele se elevando até se encostar no teto. Aí começou o trabalho. A cada segundo ele penetrava dentro do concreto. E foi deixando para trás um monte de poeira de cimento e pedaços de ferro que se amontoavam no chão. Parecia que não terminava nunca de furar aquele mundo de concreto. Era mais de um metro de espessura. Depois de algum tempo, o silêncio se fez. O tempo que o soldado Oliveira levou fazendo aquela tarefa, que para muitos seria impossível, não levou mais do que cinco minutos.

                   Os três se olhavam atônitos. Depois transferiam os olhares para o teto, impressionados com o que viam. Até Dyllon, com todos os seus poderes, não sabia que alguém pudesse ser capaz de furar um concreto com mais de um metro de espessura, daquele jeito, se transformando numa broca. Viu o impossível se apresentar com tanta simplicidade de execução, que deixou escapar um sorriso de despeito pelo feito que o amigo realizara. Balançou a cabeça como quisesse espantar o ciúme que sentira. Mas depois pensou: se ele fez, eu também posso fazer. Só não faço agora, porque estou debilitado. Após o pensamento, torceu o nariz e fechou um olho.

                       O silêncio ficou colado na expectativa dos três. Dyllon esperava o que o amigo ia fazer. Sabia que podia sair por qualquer lugar, mas não podia abandonar Natasha e o namorado. Olhou através da parede para ver se os estranhos seres estavam do outro lado. Não viu nada. Achou estranho não ter nada para interceptar a fuga dos três. Depois lembrou do novo amigo, sendo agora quatro fugitivos, a broca humana. Enquanto pensava, assustou-se quando a cara do soldado apareceu no buraco do teto, risonho. 

                     - Alô! Estão preparados para fugir? O túnel está pronto, é só vir! Espero os três do lado de fora! Rápido minha gente!

                     Dyllon flutuou e ficou com as mãos no teto, do lado do túnel vertical. Esticou um braço para puxar, primeiramente, Natasha, mas nada de ela esticar o seu braço.

                     - O que houve, Natasha? – perguntou Dyllon.

                     - Nada não! Fiquei em silêncio para pensar. É no silêncio que converso com minhas dúvidas.

                     - Dúvida, nessa altura do campeonato? Vamos logo Natasha! Vem sem pensar!

                      - Está bem. Mas se estiverem nos esperando na saída do buraco?

                      - O soldado está de sentinela. Ninguém vai chegar perto. Lá fora é mais seguro do que aqui, Natasha. Estica esse braço. Não, vou pegá-la no colo.

                       Dyllon desceu e pegou a enfermeira pela cintura e subiu com ela até coloca-la no buraco. Depois que o soldado segurou-a do outro lado, Dyllon desceu novamente para pegar o rapaz, que continuava calado e assustado. Ele sorriu para ele e bateu levemente no seu ombro.

                       - Vai dar tudo certo, José Antônio. Pode ficar tranquilo que vamos nos livrar desse inferno. Só temos agora que acompanhar o soldado Oliveira e encontrar a liberdade. Vamos?

                       O rapaz apenas balançou a cabeça em sinal de anuência.  Dyllon, então,  amigavelmente, segurou-o pelo braço e, em seguida, subiu com ele até o buraco no teto do corredor e ajudou-o a transpô-lo. Do outro lado o soldado pegou as mãos do namorado de Natasha e puxou-o para fora do buraco. Logo depois Dyllon foi se juntar aos três.

.....Continua na Semana que vem! 

 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Pensamento de Poeta - Depois da Chuva, Vem o Sol

 


Depois da Chuva, Vem o Sol

- José Timotheo -  

Eu tenho a minha manhã

E ela passeia sob um sol brilhante

O meu dia

Tem a presença constante de uma brisa

Que se esfrega no amanhecer

Roça no meu rosto

Beija os meus sonhos da hora

E continua no seu voo invisível

Vez ou outra, se apresenta

Ao alisar alguma vegetação

Aí eu sei que não partiu

Só passou

Continuando no seu eterno voo

Às vezes, muda de cara

E se transforma em vento forte

Vendaval destruidor

Aí é só mais um dia azedo

Ou uma noite mal dormida

De repente tudo junto

Se vem um furacão

Estremeço, mas não caio

Pode estar certo

O dia seguinte sempre chega

Faça chuva ou faça sol

                                                           fim

 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 72

 


Continuando...

                    Dyllon balançou afirmativamente a cabeça, apertando os lábios e levantando o lábio superior até quase encostar no nariz. Voltou e, num gesto, convidou o amigo a atravessar a parede e encontrar os dois amigos.

                  - Vamos, soldado? – apontando para a parede – Temos que sair daqui. Nós dois, seria muito fácil, mas com Natasha e o namorado, muda de figura. Essas criaturas existem. E eles vão jogá-los para cima da gente. A nossa fuga já estava, mais ou menos, delineada, mas agora, depois desse bloqueio, de onde seria o caminho da liberdade, vamos ter que refazer.

                 - Mas eu tenho o caminho para sairmos daqui. – disse o soldado.

                 - Como? – perguntou Dyllon, com um tom de desânimo.

                 O soldado Oliveira, bateu no ombro do amigo e sorriu. Depois olhou para o teto e apontou.

                  - Entendeu? Foi por onde eu vim. Mas eu posso fazer uma saída pelo teto, do lado de lá.

                   Ele falou e já foi atravessando a parede, acompanhado, logo em seguida, por Dyllon, que não via como colocar os dois amigos para passar pelo teto. Ele conseguia fazer isso, mas deixando os corpos dos dois no corredor. Se fosse só pela porta, isso ele conseguiria. Mas passar por dentro do concreto, era outra história.

                     Natasha e José Antônio estavam ansiosos e preocupados com a demora dos dois.

                     - O que houve, Dyllon? – perguntou Natasha – Estamos preocupados e com medo.

                     - Brigamos com imagens. – disse Dyllon sorrindo.

                     José Antônio e Natasha se olharam interrogativamente. Dava para ver claramente que eles não tinham entendido nada do que o amigo falara. Apenas esperaram a explicação, em silêncio.

                     - Desculpe o riso. Eu e o soldado estamos preocupados. Eles criaram seres estranhos. Chegamos a enfrenta-los, mas não eram reais. Eram apenas imagens. Mas por trás dessas imagens, tem criaturas reais.

                          A ideia de sairmos pela outra ala, onde José Antônio sugeriu, não vai ser mais possível. Eu e o soldado, passaremos por eles facilmente, mas e vocês? O Dr. Frank já sabe sobre a fuga dois dois e da minha. Eu só não entendo como ele descobriu.

                      - Colocaram um microfone debaixo da cama. Eles sabiam de tudo. O amigo de Zé Antônio nos traiu. Mas até que se arrependeu. Espero que não seja tarde demais. – disse Natasha.

                      - Como não percebi isso, Natasha? Eles sabiam de tudo. Eu não sabia que  os meus poderes eram limitados. – disse Dyllon com um ar de decepção.

                      - Mas nem tudo está perdido. O soldado não veio para nos ajudar? Então, vamos sair daqui sim! A esperança está aqui do nosso lado! – disse Natasha, apontando para o soldado, esbanjando otimismo.

                      - É... Pode ser. O que você acha, Oliveira? Temos chance de sairmos daqui nós quatro?

                       O soldado Oliveira coçou a cabeça, olhou tudo em volta e ficou calado por algum tempo, reflexivo. Olhou para Natasha e o seu namorado, José Antônio, fixamente, causando até um desconforto no rapaz. Depois olhou para Dyllon e, antes de responder a pergunta que lhe fizera, sorriu. O estranho Dyllon não conseguiu entrar no pensamento do soldado, logo preferiu esperar que ele se manifestasse.

                        Natasha não tinha os nervos do amigo. Já estava para lá de ansiosa e preocupada. Mesmo esbanjando otimismo, quando Dyllon estava para baixo, não conseguiu esperar mais pela resposta do soldado, já tão demorada.

                        - Soldado, fala alguma coisa! Responde o que Dyllon te perguntou! Caramba! Assim você nos mata de tanta ansiedade! Se não tivermos saída, fala logo!

                        - Calma. – disse o soldado – Já achei uma solução. Eu desci lá no outro corredor, mas nada me impedi de sair por aqui. Pelo teto. Isso mesmo, pelo teto.

                 - Pelo teto? – interrompeu-o Dyllon – Eu sei que nós dois podemos sair e eles?

                 - Dyllon, vou fazer um buraco no teto e sair bem pertinho de onde entrei. Só que agora vou ter que furar realmente esse concreto. – disse o soldado demonstrando otimismo.

 ....Continua Semana que vem!

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 71

 


 Continuando...

            José Antônio balançou a cabeça afirmativamente e deixou escapar um leve sorriso, meio tímido. Dyllon ia comentar alguma coisa, mas foi interrompido pelo soldado.

             - Rapaz, eu não sou extraterreno e tenho poderes iguais ao de Dyllon. Não sei ainda quantos poderes ele tem, mas devemos ser, nós dois, humanos iguais a você e a senhorita Natasha. Ele deve ter ficado debaixo daquela luz, como eu fiquei, e ficou com poderes. Agora vamos resolver a questão que vim até aqui para solucionar. Eu tenho uma missão, que é levar vocês até onde está o pequeno quartel, lá no meio da floresta, onde está alguém que me incumbiu dessa missão, me esperando com vocês. E eu vou leva-los. Certo Dyllon?

              - Claro, soldado. Nós vamos sair daqui. A nave nos espera.

              - Dyllon, você falou nave? É isso mesmo? – perguntou Natasha, assustada.

              - Eu falei nave? Calma Natasha. Devo ter falado outra coisa. De repente neve.

              - Como neve, Dyllon! Desde quando na floresta amazônica tem neve?

              - Natasha – fez uma pausa tentando acertar as suas ideias – eu ainda estou com a cabeça confusa. Aquela injeção não me fez bem.

              O soldado Oliveira veio em socorro de Dyllon.

               - E qual é o problema que seja uma nave? Desde que saiamos com vida, está tudo bem. Eu só sei que entrei dentro de uma luz e saí assim. E estou me sentindo muito bem. Acho que fiquei até mais bonito, não acham? – o soldado sorriu, para tentar descontrair a enfermeira e o namorado, que ainda continuava assustado.  

                Depois de algum tempo, em que todos estavam em silêncio, achou que estava na hora de tomar novamente às rédeas. Mesmo não estando cem por cento, não poderia deixar que o medo e o abatimento tomasse conta de todos, principalmente dos seus amigos, Natasha e José Antônio, que ali eram os mais frágeis. E já que recebera uma ajuda “caída do céu”, não podia desperdiçar. Agora, mais do que nunca, tinha certeza que tinha alguém esperando por ele lá fora. Mandaram-lhe até um “irmão”, porque sabiam que ele não estava muito bem de saúde. Então bateu nas costas do soldado amigavelmente, pediu desculpas, e apontou para a parede, que fora entendido rapidamente o que teria que fazer.

             Em frações de segundos os dois já estavam do outro lado da parede. Ficou cada um em um lado do corredor. O soldado, como estava mais equilibrado em termos de saúde, se preparou para dar o primeiro combate. Mas a criatura que estava na frente, se adiantou e foi na direção de Dyllon. O soldado lembrou-se que podia ficar invisível, então, depois da invisibilidade,  partiu com toda a sua energia contra o animal, sem ser percebido, interceptando-o e evitando que tentasse alguma coisa contra o amigo. Com um golpe certeiro, jogou a criatura para o fundo do corredor, caindo como um fardo despencando de um caminhão. Mas mal tocou no chão, evaporou. Sumiu como por encanto.

               Nenhum outro estranho ser se movimentou. Parecia que esperava algum sinal para outro ataque. Enquanto isso, com muito esforço, Dyllon conseguiu novamente a invisibilidade. Sinalizou então para o amigo, comunicando que já estava como ele. O soldado sorriu e disse sussurrando  que já tinha percebido.

               O tempo foi passando e nada acontecia. Os dois esperavam que as estranhas criaturas investissem contra eles, mas elas continuavam no mesmo lugar. Até o Dr. Frank, no fundo do corredor, continuava com o mesmo sorriso, e sem se mexer. Dyllon, já melhorando visivelmente, achou estranho. Caminhou na direção da primeira criatura, ficando cara a cara com ela. De repente se virou e sorriu para o soldado.

                 - Soldado, o que estávamos vendo é uma ilusão. Acho que até o Dr., lá no fundo, também não está aqui.

                 - São só imagens?  Holograma? – perguntou o soldado Oliveira.

 .......Continua Semana que vem!