Continuando...
Os três olharam-no com os olhos arregalados. Pelo que ia no olhar de cada um, não tinha outra coisa a não ser uma mesma pergunta: Como fazer um buraco no concreto, sem ferramenta adequada? O soldado sorriu mais uma vez e disse:
- Olha para mim. É fácil! – riu. – Não sabia que era capaz... Olha só, nunca fiz! Mas sinto que o show vai começar! Podem aplaudir!
De repente o soldado começou a girar, em cima dos calcanhares, com uma velocidade inimaginável. Só quem tinha olhos para ver, no caso o Dyllon, foi vendo a transformação que se operava nele. As feições humanas foram dando lugar a algo pontiagudo e logo depois foi virando em espiral. O que Dyllon viu, foi um homem se transformar numa broca gigante. Mesmo sem os outros verem a mutação do soldado, já estavam de queixos caídos pelo o que estava acontecendo.
A velocidade permaneceu, depois da transformação. O soldado já estava pronto para o que tinha se proposto. E lá foi ele se elevando até se encostar no teto. Aí começou o trabalho. A cada segundo ele penetrava dentro do concreto. E foi deixando para trás um monte de poeira de cimento e pedaços de ferro que se amontoavam no chão. Parecia que não terminava nunca de furar aquele mundo de concreto. Era mais de um metro de espessura. Depois de algum tempo, o silêncio se fez. O tempo que o soldado Oliveira levou fazendo aquela tarefa, que para muitos seria impossível, não levou mais do que cinco minutos.
Os três se olhavam atônitos. Depois transferiam os olhares para o teto, impressionados com o que viam. Até Dyllon, com todos os seus poderes, não sabia que alguém pudesse ser capaz de furar um concreto com mais de um metro de espessura, daquele jeito, se transformando numa broca. Viu o impossível se apresentar com tanta simplicidade de execução, que deixou escapar um sorriso de despeito pelo feito que o amigo realizara. Balançou a cabeça como quisesse espantar o ciúme que sentira. Mas depois pensou: se ele fez, eu também posso fazer. Só não faço agora, porque estou debilitado. Após o pensamento, torceu o nariz e fechou um olho.
O silêncio ficou colado na expectativa dos três. Dyllon esperava o que o amigo ia fazer. Sabia que podia sair por qualquer lugar, mas não podia abandonar Natasha e o namorado. Olhou através da parede para ver se os estranhos seres estavam do outro lado. Não viu nada. Achou estranho não ter nada para interceptar a fuga dos três. Depois lembrou do novo amigo, sendo agora quatro fugitivos, a broca humana. Enquanto pensava, assustou-se quando a cara do soldado apareceu no buraco do teto, risonho.
- Alô! Estão preparados para fugir? O túnel está pronto, é só vir! Espero os três do lado de fora! Rápido minha gente!
Dyllon flutuou e ficou com as mãos no teto, do lado do túnel vertical. Esticou um braço para puxar, primeiramente, Natasha, mas nada de ela esticar o seu braço.
- O que houve, Natasha? – perguntou Dyllon.
- Nada não! Fiquei em silêncio para pensar. É no silêncio que converso com minhas dúvidas.
- Dúvida, nessa altura do campeonato? Vamos logo Natasha! Vem sem pensar!
- Está bem. Mas se estiverem nos esperando na saída do buraco?
- O soldado está de sentinela. Ninguém vai chegar perto. Lá fora é mais seguro do que aqui, Natasha. Estica esse braço. Não, vou pegá-la no colo.
Dyllon desceu e pegou a enfermeira pela cintura e subiu com ela até coloca-la no buraco. Depois que o soldado segurou-a do outro lado, Dyllon desceu novamente para pegar o rapaz, que continuava calado e assustado. Ele sorriu para ele e bateu levemente no seu ombro.
- Vai dar tudo certo, José Antônio. Pode ficar tranquilo que vamos nos livrar desse inferno. Só temos agora que acompanhar o soldado Oliveira e encontrar a liberdade. Vamos?
O rapaz apenas balançou a cabeça em sinal de anuência. Dyllon, então, amigavelmente, segurou-o pelo braço e, em seguida, subiu com ele até o buraco no teto do corredor e ajudou-o a transpô-lo. Do outro lado o soldado pegou as mãos do namorado de Natasha e puxou-o para fora do buraco. Logo depois Dyllon foi se juntar aos três.
.....Continua na Semana que vem!