Continuando...
O soldado saiu da enfermaria e ficou mirando a floresta. Depois pegou o binóculos e varreu uma grande área daquele mundo verde. Nenhum vestígio dos seus companheiros. Era só silêncio o que viu. Nada se movia. Aquilo deixou-o completamente triste. Tinha plantado a esperança de que algum amigo voltasse para o pequeno “forte”, mas nem sinal de qualquer alma nas imediações.
Caminhou até o portão derrubado e tentou ergue-lo, porém foi em vão. A única esperança seria com a ajuda dos dois únicos soldados que fora acometido com uma virose, entretanto, com o sumiço dos dois, lá se foi a reforma dos portões e parte da cerca para o próximo contingente, que não sabia quando chegaria. Do jeito que estava, corria risco de vida com a invasão de animais selvagens. A segurança do “forte” estava completamente comprometida. Tinha que arranjar algum lugar, dentro da fortificação, que pudesse se proteger. A noite não estava muito longe, logo tinha que fazer alguma coisa para espantar qualquer animal que tentasse se aproximar. E tinha que começar a se movimentar. – Vou fazer umas fogueiras. – pensou.
Atrás da cabana que servia de enfermaria, tinha um pequeno cômodo que servia de oficina. Lá encontrou martelo e um serrote. Depois lembrou-se que tinha uma serra elétrica, à gasolina. Vasculhou o local e finalmente encontrou o que procurava, só que estava sem combustível e, pior, não sabia onde encontra-lo. Revirou todo o cômodo e nem sinal da gasolina.
Não devia perder mais tempo, teria que usar as ferramentas que tinha: martelo e serrote. Lá foi ele para o trabalho árduo que o esperava. Começou a desmontar o portão e amontoar as madeiras em alguns pontos, protegendo a área mais vulnerável. Precisou apenas fazer três fogueiras para cobrir o buraco que foi criado com a queda dos portões e de um pedaço da cerca. Sabia que o fogo subiria alguns metros. O cuidado para o fogo não se espalhar tinha que ser redobrado. Meteu a mão no bolso e não encontrou o fósforo. Depois se lembrou que não tinha esse hábito de carregar caixa de fósforo, já que não fumava. Olhou alguns cadáveres que ainda estavam por ali, já que ainda não tivera tempo de sepultá-lo, e procurou em alguns bolsos. Encontrou em um deles um isqueiro. Antes de atear fogo na lenha, veio na sua cabeça que, achou estranho, nenhum corpo exalava mau cheiro. Pareciam que apenas dormiam.
Acendeu o isqueiro e a chama não se manteve acesa, devido a um vento repentino. Mais uma coisa estranha: nunca tinha percebido vento naquele lugar. Bateu de ombro e tentou novamente, mas mais uma vez a chama não se sustentou. Olhou aquelas madeiras empilhadas e notou que não tinha colocado jornal, ou mesmo gravetos para ajudar na queima. Mas graveto por ali, só indo até a floresta e isso ele não ia fazer de jeito nenhum. A única opção seria jornal, revistas e qualquer outro papel. Entrou novamente no alojamento a procura do material necessário. Lembrou-se também de uma vela, que poderia ser útil. Acabou achando até um lampião a querosene. Por sorte, sentiu que alguma coisa conspirava à favor, estava cheio de combustível. Saiu mais otimista, até assobiou alguma melodia, mas desconhecida.
Já do lado de fora, estancou a alguns metros da porta do alojamento. Não encontrava justificativa para o que estava acabando de ver. – Estou enlouquecendo? – se perguntou com uma expressão tristonha. Realmente não existia explicação para o que tinha acontecido. O que via, era surreal. De repente três pontos de luz se postavam no alto do portão e da cerca, que antes estava no chão. Os portões e a cerca, misteriosamente, estavam consertados e no lugar de origem, em pé. O soldado, aonde estava, se ajoelhou e postou às mãos para o céu e agradecia pelo milagre que acabara de presenciar. Enquanto ficava ali, de olhos fechados, os três pontos de luz postaram-se em volta dele. Em frações de segundos, começaram a tomar forma. Era uma forma parecendo humana, mas quase transparente.
......Continua Semana que vem!