Continuando...
Natasha ria e balançava a cabeça. Estava na frente de um homem, um amigo inconteste, que não era desse mundo. Tinha mais certeza do que antes, que ia embora com ele. Mas, mais uma vez vacilou nessa certeza, pensou no rapaz e jogou dúvidas na sua decisão que saíra do forno. Só tinha um jeito, levando José Antônio com eles.
Dyllon sorriu para Natasha.
- Está em dúvida de novo, Natasha?
- Já leu de novo o meu pensamento? Você não tem jeito!
- Pode ficar tranquila que ele vai sair daqui com nós dois. Vamos para algum lugar, que não sei onde é, mas que é melhor do que onde vivemos, isso com certeza.
- Mas que lugar é esse, Dyllon? E que certeza é essa? Você diz que nem sabe onde fica esse tal lugar! Como vamos para lá, que nem sabemos aonde fica e muito menos se vão nos receber? Mas antes que você fale alguma coisa, me escute mais um pouquinho. Os médicos, como te falei, vão chegar às 22 horas. Eles vão me entregar uma seringa, com 1 ml de uma substância que não sei qual é, e vão esperar que eu faça o meu trabalho. Vão conferir se realmente apliquei a injeção em você. E agora, Dyllon?
- Qual o problema? Você vai fazer o seu trabalho.
- Dyllon, esse medicamento, como você disse, é para induzir o coma. Como vou aplicar uma substância em você, sabendo que é para te causar mal? Não vou conseguir! Não vou fazer!
Ele sorriu bondosamente para a enfermeira, se dirigiu para o outro lado da cama e, encostado na parede, espalhou o seu olhar pelo quarto ou enfermaria, como queiram, e se perdeu em pensamentos, enquanto era seguido, em silêncio, por uma Natasha, extremamente preocupada.
Ela não conseguia entender porque ele tinha um olhar tão sereno, uma cara completamente despreocupada, enquanto ela, não se aguentava de tanto nervosismo. Sabia dos seus poderes, entretanto não entendia essa calma tão explicita, quando ia receber um medicamento para induzir o coma.
Recordou dos médicos falando de um tratamento para acelerar o metabolismo de Dyllon, mas, na verdade, queriam mata-lo lentamente. Qual o objetivo disso? Não queriam que ele despertasse completamente? Porque mudaram de objetivo?
Dyllon escutava o pensamento da amiga e deixou escapar outro sorriso, mas parecia que era para acalmá-la. Tanto assim que ela recebeu-o e devolveu um risinho meio envergonhado. Entendeu na hora que não podia duvidar do amigo. Ele sabia o que estava fazendo e tinha poderes para isso.
- Natasha. Não precisa ficar preocupada. Eu sei o motivo da mudança de postura desses médicos. E tenho até dó dos sofrimentos morais que carregam. Como você, eles também estão com medo de morrer. Só querem prolongar o meu sono, para poder continuar a preservar as próprias vidas. Só que não sabem que isso não vai adiantar quase nada, só vai esticar mais um pouquinho a estadia deles aqui. Os dias deles estão contados.
Natasha colocou as mãos no rosto, assustada com a revelação de Dyllon. Não podia acreditar que até os médicos tivessem uma programação de, no final do contrato, serem eliminados. Tinha até pedido para o rapaz procurar pelos médicos que antecederam os atuais, mas foi só por curiosidade, pois não acreditava nessa hipótese. Mas agora, com o que o amigo revelara, estava extremamente preocupada e com pena deles.
- Dyllon, você não pode fazer nada por eles? – pediu ao amigo, com o coração aos pulos.
O amigo olhou-a, e vendo o brilho daquela alma boníssima, um coração cheio de amor, não encontrou palavras para explicar que não poderia fazer nada por aqueles dois seres. Emudeceu por algum tempo, querendo ganhar alguns minutos, enquanto isso procurava um jeito de dizer o quanto também doía o seu coração, mas teria que deixa-los nos braços da própria sorte.
- Minha querida, tem coisas que não podemos fazer. Eu tenho limites, como você tem os seus. E assim é todo mundo. A vida é assim.
- O que quer dizer, com a vida é assim? – perguntou Natasha, interrompendo a narrativa do amigo.
- Sabe, tem pessoas que ninguém consegue ajudar. Eles simplesmente não permitem, pois são orgulhosos, e criam uma blindagem, um escudo, afastando qualquer tentativa de ajuda. O vaidoso, repele você de qualquer boa intenção. Tem que aprender sozinho à custa de muito sofrimento. Só a dor para burilá-lo.
- Mas não devemos tentar? – falou Natasha, pincelando cada palavra de tristeza.
- Natasha, de repente, de longe, posso tentar ajuda-los. Aqui não. Com certeza vão tentar atrapalhar suas boas intenções. Em suma: não vão te dar ouvido. Tenho até pena de um deles, o Dr. Ferguson. Ele luta para curar o filho de uma moléstia. Quem sabe eu possa ajuda-lo. Vou tentar chegar até o menino, pelo pensamento do pai. Não prometo, mas vou tentar.
.....Continua Semana que vem!
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