Continuando...
Apertaram-se as mãos com um vigor além do normal, sacudindo exageradamente os braços dos dois. Acabaram rindo desse exagero, do que seria um simples aperto de mãos, selando um pacto. Agora a parceria estava definitivamente fechada.
Depois que os médicos entraram no escritório, Dyllon atravessou as portas e andou pelo corredor, ouvindo tudo que os médicos falavam a seu respeito. Pulava e ria da ignorância dos dois homens que abraçaram uma profissão em prol da vida, mas que esqueceram completamente o juramento que fizeram. Em algum momento procurou entender o medo que os envolvia. Ficou até penalizado, principalmente do Dr. Ferguson. Mas não encontrou justificativa para o que pretendiam fazer com ele. Não iam mata-lo, entretanto iriam deixa-lo perder a vida, dia após dia, deitado naquela cama esperando o dia que realmente a morte chegaria.
De vez em quando botava a cabeça pelo meio da porta e ficava olhando as duas figuras patéticas, arquitetando transforma-lo num morto vivo. Em alguns momentos soltou o riso, gargalhou até não poder mais. Sabia que os doutores não tinham sensibilidade suficiente para sentirem a sua presença, por isso se deu ao luxo de divertir-se um pouco. Sentiu até vontade de complicar a fala do Dr. Walter, para que ele não conseguisse expor o seu plano para o Dr. Ferguson. Mas se arrependeu de ter pensado. Seria mais gostoso a brincadeira de gato e rato, pois sabia que os dois não tinham alcance nenhum contra ele. Na verdade, ninguém daquele lugar poderia fazer qualquer coisa que pudesse prejudica-lo. A única preocupação real seria Natasha. Entretanto percebeu que essa preocupação era infundada. Mas ia ficar atento se algum pensamento maldoso brotasse contra ela. Agora ele podia ouvir, quando quisesse, todos daquele lugar e até de fora. Estava se tornando uma coisa natural. Parecia que alguma coisa dentro na sua cabeça, espontaneamente, acionava algum dispositivo e pronto, e lá estava ele ouvindo a cabeça de todo mundo, ou apenas de quem ele escolhesse, quando desejava algo.
Pelo menos Natasha não seria mais o foco de suas preocupações, tendo em vista que todo e qualquer pensamento maldoso ou não, acenderia imediatamente uma luzinha dentro da sua cabeça. Isso era um “monitoramento” instantâneo, um alarme, sinal de que ela corria algum risco ou não. Observou isso, quando José Antonio não tirou a enfermeira da sua cabeça. Foi até obrigado a desligar um pouco, porque o rapaz não conseguia sossegar seus pensamentos. E eram todos os tipos de pensamentos. Se pegou com uma ponta de ciúme, quando ele ouviu o rapaz mergulhado em desejos, imaginando as caricias que faria em cada parte do corpo da enfermeira. E se sentindo dono, por um momento, daquela linda mulher. Aquilo estava sendo demais para ele. Mas não queria demonstrar que sentia ciúmes dela. Seria um sinal de fraqueza? Isso ele não podia admitir.
Ele resolveu voltar para o seu quarto. Já tinha rido um bocado, com os dois palhaços metidos a conhecedores da natureza humana. – Mas será que sou humano? – pensou ele. Entrou e encontrou Natasha andando de um lado para o outro, esfregando as mãos ansiosa. Só parou quando o amigo chamou a sua atenção.
- O que houve, Natasha? Saio para bisbilhotar e na volta te encontro desse jeito! Para com isso!
- Puxa, Dyllon. Você demorou muito. Fiquei preocupada! Vai que aqueles bandidos – pra mim são médicos perigosos – tivessem te pegado. Sei lá, Dyllon, nem sei mais o que pensar! Nem precisa dizer dos seus poderes, que eu já sei. Mas com pessoas más, todo cuidado é pouco. Ouviu?
....Continua Semana que vem!
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