Continuando...
Ele olhou-a em silêncio. Nos seus olhos brotou um brilho de tristeza. Naquele momento ele deixou transparecer claramente a sua decepção com Natasha. Ela não tinha percebido que o seu principal objetivo, era tirá-la dali, salvá-la. Ele deixou, talvez propositalmente, que a sua tristeza emergisse. Foi então que ela percebeu o que tinha causado ao amigo. Lembrou-se que nunca tinha presenciado, desde que ele acordara, um dia sequer um ar de tristeza. Ficou sem saber o que fazer e falar. Como estava bem próxima dele, a única coisa que podia fazer era abraça-lo. E foi isso que fez. Estava visivelmente arrependida de suspeitar do amigo. Tentou se justificar pela indiscrição. Talvez desconfiança mesmo, mas sem uma certeza absoluta.
- Natatasha, minha querida, você acha que eu quero ser uma pessoa poderosa? Você ainda não me conhece. – fez uma pausa – Mas também nem eu sei quem eu sou.
Terminou de falar e caiu numa gargalhada, nunca vista por ela, que contagiou-a completamente. Riram durante algum tempo. Estavam esquecidos do mundo, ao ponto que só perceberam a presença dos dois médicos, quando já estavam a um metro deles. Se assustaram, mas Dyllon conseguiu pará-los com um dos pés no ar. Rapidamente entraram na sala. Ele se deitou, as presilhas se fecharam e deixou os olhos bem abertos. Já Natasha, ficou em pé do lado da cama do amigo. Poucos segundos depois, os dois médicos adentraram.
Após o clima tenso entre os médicos, eles se dirigiram até a enfermaria onde estava Dyllon, sem trocar palavras. O Dr. Fergusson, pela primeira vez, vinha na frente. A sua cara amarrada mostrava que não estava muito bem. O amigo, vinha um pouquinho atrás e as suas feições traziam marcas de medo. Parecia um pouco assustado. O que deveria ter acontecido, depois de um clima muito pesado entre eles, ao ponto de quase saírem no braço, e assim mesmo estarem ali para visitarem Dyllon? Talvez nem o misterioso paciente conseguiria saber. De repente selaram um pacto de paz? Quem sabe? Mas estavam ali para visitarem o misterioso ser.
Natasha, com a chegada dos médicos, se afastou e sentou-se na poltrona. Eles passaram por ela, sem sequer olhá-la. Realmente eles faziam dela um ser invisível, até que fosse necessariamente requisitada, para faze-la uma pessoa real. Se não precisassem dela, o que acontecia era ela ficar sentada até que saíssem dali. No princípio ficava revoltada, mas depois de tanto tempo, isso passou a ser uma coisa corriqueira. Três anos passando por aquilo, parecia acostumada.
Como acontecia sempre, os médicos examinavam Dyllon e conversavam quase cochichando. Dessa vez o único que falava era o Dr. Walter. O Dr. Fergusson, parecia que não prestava atenção no que o outro médico dizia, se mantinha mudo e com a cara emburrada. Natasha esticava a orelha para ver se ouvia alguma coisa, mas foi em vão. Depois que eles saíssem, ia perguntar ao amigo se tinha escutado a cabeça deles. - Coisa estranha! - pensou ela.
Dr. Walter se dirigiu a Natasha e, secamente, comunicou que, para a próxima semana, ia introduzir outro medicamento, que já comentara anteriormente. Então seriam três medicamentos para tentar fazer com que Dyllon finalmente despertasse cem por cento. Fez o comunicado e seguiu para a porta, com o Dr. Fergusson no seu calcanhar. Parou antes de atravessá-la, olhou para o misterioso Dyllon, que continuava com os olhos abertos olhando para o teto da enfermaria, com desdém, deixou o amigo passar a sua frente e depois, fechou a porta atrás de si.
- Dyllon! Que remédio é esse? Vê se descobre para o que serve.
Dyllon, num pulo, já estava de pé do lado da cama. Foi até a porta e meteu a cara pelo meio dela e olhou os dois médicos, em total silêncio, caminhando pelo corredor em direção ao escritório deles. Dr. Walter abriu a porta e convidou o amigo a entrar, o Dr. Ferguson pareceu em dúvida se entraria ou não. Já tinha se aborrecido bastante a pouco tempo atrás, e essa dúvida, estava clara, era o receio de recomeçar tudo novamente. Dr. Walter percebeu o que o amigo poderia estava pensando e se adiantou.
- Pode ficar tranquilo, Ferguson, não vai haver discussão. Vamos acertar o que devemos fazer com o nosso enigmático paciente. Vamos entrar.
......Continua Semana que vem!!
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