terça-feira, 2 de abril de 2024

A Minha Casa Não é Essa - Parte 99

 


Continuando...

            Mohammed bateu de ombros.

 

                 - Sei lá, sargento! Está tudo muito esquisito! E agora me conta, o que         aconteceu com o senhor depois que saímos de lá?

                 - Vou contar, mas também é difícil de entender o que aconteceu. Pelo o que você falou, a minha história não é tão diferente da sua história.   

          Eu me lembro como se fosse hoje. Chegamos no final do túnel – acho que era o final – tinha aquele facho de luz. Se não me engano era só um foco mesmo. Mas de repente surgiram três. Depois disso, não me lembro de mais nada. Só que quando acordei me disseram que fui encontrado no meio dos escombros. Agora escuta essa: não fui encontrado sozinho, estava acompanhado de Apache, John e Peter.

           - Verdade, sargento?

           - Foi o que me disseram. Como Apache estaria ali no meio daquelas ruínas? Você lembra onde ele ficou, não lembra?

           - Claro! Claro que lembro! Sargento o senhor não acha isso tudo muito estranho? Alguém me colocou com Rachid dentro daquela casa e o senhor junto com os soldados dentro dos escombros.

           - É Mohammed, as peças não se encaixam. Por que será que os guerrilheiros arrumaram essa cena para vocês e o exército americano para mim? O que tem por detrás disso?  

           Ficaram os dois em silêncio, cada um querendo achar alguma saída para aquele quebra cabeça. Téo chegou até em pensar que esses guerrilheiros e os americanos estavam juntos no caso. Mas achou que não era possível uma aliança entre inimigos.  

           - Mas dá o que pensar. – falou baixinho.

           Mohammed escutou o sussurro.

           - O que o senhor falou, sargento?

           - Pensei alto.

           - Mas o que é? Posso saber?

           - É uma coisa maluca que pensei aqui. Nada demais.

           - Ah! Aí tem, sargento! Conta para mim, vai! Ou não pode contar?

           - Posso sim. É o seguinte: pensei na possibilidade desses guerrilheiros, que não sabemos que são, e dos americanos estarem juntos nessa parada.

           - Não entendi. O que é parada? É de ficar imóvel?

           - Não. Não. Aqui no Brasil usa para dizer que está junto nesse negócio, nessa empreitada.

           - Ah! Entendi! O senhor sabe que já pensei nisso também! Vou contar uma coisa para o senhor: isso pode até ser possível! Não dá para descartar, não!

           - Você acha mesmo?

           - Acho, sargento. Acho que nós descobrimos uma coisa muito importante. Aquele negócio de Rachid falar em extraterreno, não é tão absurdo assim, não. Aí tem coisa.

          - Acho que você pode ter razão. No meu país, costumam esconder da opinião pública alguns acontecimentos relativos a objetos voadores não identificados. Muitas coisas, aparentemente, jogam para debaixo do tapete. Deixam cair no esquecimento. Trancam a sete chaves. Agora só não entendo a união dos dois, já que estão em guerra.

           Mohammed, tem uma coisa que não entendi. Você veio para me matar.

           - Nem fala nisso, sargento! Eu não ia mata-lo de jeito nenhum!

           - Eu sei! Estou falando que eles prepararam você para me eliminar. Então não desistiram ainda de me matar, não é certo?

           - Sim. E vão continuar, já que eu não cumpri... Agora somos dois na mira deles. Se bem que eu ia morrer explodindo.

           Mohammed fez o sinal da cruz. Téo sorriu.

           - Ué! Você fez o sinal da cruz?

           - Nem percebi, sargento.

           - Isso já é um bom sinal. Você foi cristão. Isso está no seu inconsciente.

           - Será?

           - Acho que sim. O que é que você sentiu quando chegou no Brasil?

           - Nada. Ou melhor, percebi que não sou também daqui. Posso falar um bom português, mas eu não sou desse lugar.

           - Dê onde você é então? Eu apostava que você fosse brasileiro. Mas espero que um dia você descubra. Esse negócio de não ser de lugar nenhum, deve ser muito chato.

           Uma coisa que não estou entendendo, é o fato do atirador...

           - O senhor está falando no cara que me atingiu, não é? Então eu acho que não era guerrilheiro. Se fosse, ele ia esperar o senhor chegar perto de mim. Caso eu falhasse, aí sim, ele atiraria para que explodíssemos juntos.

            - Se não é guerrilheiro, só pode ser americano. Mas como eles sabiam que você vinha para me matar? Ninguém quer que você viva.

            - Ninguém? O que é que eu fiz para os americanos?

            - Mohammed não é só você não. Eles me querem também morto.

            - O senhor? Porquê? Os guerrilheiros tudo bem, eles têm motivos, mas os americanos!

            - Isso tá claro. Eu vi quando o atirador apontou a arma para mim. Só que não tinha boa visão. Então preferiu deixar para uma próxima oportunidade. 

........Continua Semana que vem!

 

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