terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A Minha Casa Não é Essa - Parte 89

 


Continuar...

        Kurt começou a conversar mais com a sua secretária e com outras também, principalmente do gabinete de Hitler e de alguns ministros a quem ele era mais chegado. Fechando esse cerco, começou a ter muitas informações verdadeiras. E saber também das falsas que circulavam pelo país.

           De repente ele percebeu que estava com o braço esticado em vão. Fechou a porta e foi até o pneu traseiro e retirou a pedra que estava travando o carro. Mal ele tirou a pedra o carro foi se movimentando vagarosamente. Kurt então foi para a traseira e o empurrou. O veículo escorregou pelas pedras da margem do rio e foi entrando lentamente na água e afundando pouco a pouco até sumir por completo. Kurt ainda ficou olhando para ver se o carro já estava assentado no fundo do rio, mas foi em vão, pois já não havia nem mais sombra dele. Naquele momento é que acreditou realmente que o local era muito fundo.

           O general vasculhou o chão para ver se o carro tinha deixado alguma marca. Mas tranquilizou-se ao constatar que não havia nenhum vestígio deixado pelo veículo. Também com aquele chão duro era improvável achar qualquer marca dos pneus, já que na região não chovia há meses. O frio estava chegando, mas muito seco e a neve ia demorar um pouco para cair.

            Kurt e Helga foram até a estrada secundária, de onde vieram, e para surpresa deles a neblina ainda não tinha se desfeito totalmente. Subiram o leve aclive e seguiram para a via principal. Trafegaram por alguns quilômetros até o cruzamento da estrada e pararam ali por alguns minutos. Kurt alisou o rosto da esposa, depois puxou-a para perto de si e beijou-a levemente na face rosada. Ela retribuiu o carinho, abraçou-o e deixou que a emoção represada caísse dos olhos. Pouco menos de um minuto foi o suficiente para que ela voltasse ao seu normal. Estava aliviada. A mulher forte estava de volta. Olhou nos olhos de Kurt, segurou o seu rosto e beijou-o ternamente. O marido correspondeu despejando uma carga de paixão. Depois ficaram em silêncio, abraçados. Helga se recompôs e apontando para o sentido que tinham que tomar, disse:

           - Querido, vamos. A nossa família nos espera.

 

           O segundo carro fez a manobra e seguiu em direção ao rio. Os quatro policiais estavam ansiosos para colocar as mãos em Carl e sua família, seguindo em direção ao primeiro pesqueiro indicado pela senhora do posto telefônico, repassado pelo chefe Weber. Um deles, de nome Wolfgang, disse para os amigos que já tinha estado na região há dois meses, quando fora designado pela chefia para acompanhar os passos da família de Carl, o mais próximo possível. Vigiou bem de perto sem ser descoberto. Conheceu pelo menos três pesqueiros que a família frequentava. O quarto, mencionado por Weber, Herr Carl não foi.

          A estrada que margeava o rio era toda arborizada. Em alguns trechos apareciam algumas falhas na vegetação, formando trilhas que davam acesso aos poços mais profundos daquele trecho do rio. Eram os locais mais usados pelos moradores locais e às vezes por pescadores de regiões próximas. Ali, pelo menos, se tinha mais chances de se conseguir peixes maiores e com mais fartura. No primeiro que apareceu Wolfgang mandou que o amigo Werner, o motorista, parasse. Desceram os quatro com as armas engatilhadas e entraram pela trilha indicada por Wolfgang. Andavam pelo mato feito felinos atrás de sua presa. O caminho parecia que era bem utilizado, porque a grama estava bem pisada. Para um lugar que poucas pessoas circulavam até que o pesqueiro era bem frequentado. Mas os poucos moradores viviam fechados dentro de suas casas. Raramente eram vistos circulando pelo lugarejo, já que os campos estavam todos plantados e que a colheita só se daria dali a dois meses, aí sim poderiam ser vistos nas suas terras, quase final de outono. Depois só serão vistos novamente quando, depois do inverno, estiverem preparando o terreno para novo cultivo. Eram tempos de medo. Nesse período quando saíam, era para procurar um complemento alimentar e, nesse caso, o peixe era o mais fácil e certo.   Do que produziam nas suas terras, pouco ficava para eles, quase tudo era confiscado pelo governo, para alimentar as tropas no front.  

           Os agentes foram se espalhando pelo meio da vegetação. Wolfgang foi pela trilha principal, deixando que os outros três se embrenhassem pelo meio do mato. O final do caminho desembocava numa pequena clareira na margem do rio, mas que comportava em torno de oito pessoas. O agente acreditava que iria encontrar a família de Carl. Olhou para a sua arma e acarinhou-a. Depois deixou escapar um sorriso maldoso. Pela sua expressão não deixava dúvida que tinha em mente a eliminação sumária de todos os familiares. Essa tinha sido a ordem de Weber e eles iriam cumprir à risca. 

......Continua Semana que vem!

 

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