segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 36

 


Continuando...

                Dr. Ferguson olhou desconfiado para o Dr. Walter. Como já estava com um pé atrás com ele, ficou mirando a porta aberta, sem ter certeza se entrava ou não. O braço esticado do amigo, apontando o interior da sala, mesmo sem nada falar, era um convite insistente. Tinha medo de novos desentendimentos. Colocou na balança a dúvida, mas acabou aceitando o convite. Foi entrando, mas carregado de desconfiança.

               - Ferguson, sente-se por favor. – apontou uma cadeira para o amigo, e sentou-se na outra. – Então, não vou me alongar... Só vou colocar o meu ponto de vista, porque pensei muito e tenho certeza que é o único jeito, para resolveu a nossa situação. Acho, não acho mais, tenho certeza que corremos risco de vida aqui na base. Eu desconfio, já algum tempo, que somos vigiados quando vamos visitar as nossas famílias. Não sei se você já percebeu de estar sendo seguido.

           - Não, Walter. Não tenho nem tempo para isso. Quando saio daqui, você sabe, é para correr atrás do tratamento do meu filho. O meu tempo lá fora, é praticamente para isso. Se me seguem, não sei.

           - É, mais seguem você, com certeza. Nós somos monitorados vinte e quatro horas, lá fora. Aqui também, não é?

             Vamos ao que interessa. Aqui, pelos menos, dentro dos aptos e dessa sala, que nos reunimos, estamos fora da vigilância cerrada.

             Dr. Ferguson, enquanto ouvia o Dr. Walter falar, foi descontraindo, se sentindo mais leve. A raiva que estava espremendo o seu coração, foi diminuindo gradativamente, e já estava até conseguindo ouvi-lo sem sentir vontade de pular no seu pescoço e enforca-lo até que não respirasse mais.

             - Será verdade isso, Walter? Como eu nunca percebi nada! – Dr. Ferguson falou, quase num desabafo.

             - Isso é fato. Mas você estava com um problema muito maior. O seu foco era o seu filho, como ia prestar atenção em outras coisas? Então vamos colocar em pratica o que pensei. Lógico, com a sua aprovação. Estamos nisso juntos. Certo?

            Dr. Walter perguntou e ficou esperando o que o amigo ia dizer. Dr. Ferguson esfregava as mãos demonstrando um certo nervosismo. Ele não estava entendo o que se passava com o colega. Parecia que estava com medo de uma coisa que ainda nem sabia o que era. Agora ele é que estava ficando nervoso. Estava com vontade de mandar  Ferguson para o raio que os parta. Na sua cabeça concluiu que ia resolver a questão sem comunicar nada a ele. Que pessoa difícil! – pensou. Quando começou a se levantar, decidido a ir para o seu quarto, Dr. Ferguson, percebendo que já estava passando dos limites com tanta insegurança, pediu desculpas e pediu para que o Dr. Walter voltasse a se sentar e recomeçar a explicar o que tinha em mente.

            - É Ferguson, já estava quase desistindo. Mas vamos ao que interessa. O meu plano é o seguinte: vamos aproveitar esse medicamento que vamos introduzir no receituário de Dyllon, desenvolvido por você,  e acrescentar mais uma substância para...

            - Porra Walter, você está pensando em matá-lo? – Dr. Ferguson interrompeu o amigo grosseiramente, com um tom de voz beirando quase a agressividade.

            - Fica tranquilo, Ferguson! Não precisa ser grosseiro! Você acha que eu seria capaz de assassinar uma pessoa?

            - Não é isso. – num tom mais brando - Acho que você não seria capaz. Mas já que você suspeita que podem acabar com nós dois, não descartei a possibilidade de acelerar a morte de Dyllon.

            - Não vai adiantar matarmos o estranho paciente. Eu pensei em coloca-lo em coma novamente.

             Dr. Ferguson esboçou um sorriso, que deixou o Dr. Walter intrigado. Pensou que ele fosse contestar, mas reagiu bem diferente do que imaginara.

             - Não entendi o sorriso, Ferguson. Gostou da minha ideia?

             - Claro, Walter. Matar eu sou contra. A sua ideia é excelente. Podemos adiar a nossa saída daqui indefinidamente. E acredito que ninguém vai suspeitar. Com isso vou ganhar tempo no tratamento do meu filho. Walter eu sou pela vida, tanto que quero que o meu filho viva. Jamais aceitaria que você matasse Dyllon. E a pesquisa continua. Não acredito mesmo que ele acorde completamente, então vamos pesquisar com o que temos. Fechado?

             - Fechado, Ferguson. Até que não tinha pensado em continuar por aqui, mas a sua colocação achei mais lógica do que uma fuga. Com certeza não ia adiantar nada sair daqui às escondidas, pois nos achariam de qualquer jeito. Prolongando a nossa estadia aqui, é melhor para pensarmos com mais calma o futuro. Às vezes pode ser até impressão minha esse desfecho que imaginei para as nossas vidas.

               - Isso, Walter! Vamos cozinhar a nossa carne em banho maria! Não é isso que dizem?

               - Sei não. Mas serve o seu ditado. O importante é que Dyllon vai voltar a dormir e não vai acordar mais. Cairá num sono profundo, mas sem morrer. Mas é quase a mesma coisa, não é Ferguson? – Dr. Walter riu com a boca fechada.  

.....Continua Semana que vem!

 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 35

 


Continuando...

            Ele olhou-a em silêncio. Nos seus olhos brotou um brilho de tristeza. Naquele momento ele deixou transparecer claramente a sua decepção com Natasha. Ela não tinha percebido que o seu principal objetivo, era tirá-la dali, salvá-la. Ele deixou, talvez propositalmente, que a sua tristeza emergisse. Foi então que ela percebeu o que tinha causado ao amigo. Lembrou-se que nunca tinha presenciado, desde que ele acordara, um dia sequer um ar de tristeza. Ficou sem saber o que fazer e falar. Como estava bem próxima dele, a única coisa que podia fazer era abraça-lo. E foi isso que fez. Estava visivelmente arrependida de suspeitar do amigo. Tentou se justificar pela indiscrição. Talvez desconfiança mesmo, mas sem uma certeza absoluta.

               - Natatasha, minha querida, você acha que eu quero ser uma pessoa poderosa? Você ainda  não me conhece. – fez uma pausa – Mas também nem eu sei quem eu sou.

               Terminou de falar e caiu numa gargalhada, nunca vista por ela, que contagiou-a completamente. Riram durante algum tempo. Estavam esquecidos do mundo, ao ponto que só perceberam a presença dos dois médicos, quando já estavam a um metro deles. Se assustaram, mas Dyllon conseguiu pará-los com um dos pés no ar. Rapidamente entraram na sala. Ele se deitou, as presilhas se fecharam e deixou os olhos bem abertos. Já Natasha, ficou em pé do lado da cama do amigo. Poucos segundos depois, os dois médicos adentraram.

               Após o clima tenso entre os médicos, eles se dirigiram até a enfermaria onde estava Dyllon, sem trocar palavras. O Dr. Fergusson, pela primeira vez, vinha na frente. A sua cara amarrada mostrava que não estava muito bem. O amigo, vinha um pouquinho atrás e as suas feições traziam marcas de medo. Parecia um pouco assustado. O que deveria ter acontecido, depois de um clima muito pesado entre eles, ao ponto de quase saírem no braço, e assim mesmo estarem ali para visitarem Dyllon? Talvez nem o misterioso paciente conseguiria saber. De repente selaram um pacto de paz? Quem sabe? Mas estavam ali para visitarem o misterioso ser.

               Natasha, com a chegada dos médicos, se afastou e sentou-se na poltrona. Eles passaram por ela, sem sequer olhá-la. Realmente eles faziam dela um ser invisível, até que fosse necessariamente requisitada, para faze-la uma pessoa real. Se não precisassem dela, o que acontecia era ela ficar sentada até que saíssem dali. No princípio ficava revoltada, mas depois de tanto tempo, isso passou a ser uma coisa corriqueira.  Três anos passando por aquilo, parecia acostumada.

                 Como acontecia sempre, os médicos examinavam Dyllon e conversavam quase cochichando. Dessa vez o único que falava era o Dr. Walter.  O Dr. Fergusson, parecia que não prestava atenção no que o outro médico dizia, se mantinha mudo e com a cara emburrada. Natasha esticava a orelha para ver se ouvia alguma coisa, mas foi em vão. Depois que eles saíssem, ia perguntar ao amigo se tinha escutado a cabeça deles.  - Coisa estranha! - pensou ela.

                 Dr. Walter se dirigiu a Natasha e, secamente, comunicou que, para a próxima semana, ia introduzir outro medicamento, que já comentara anteriormente. Então seriam três medicamentos para tentar fazer com que Dyllon finalmente despertasse cem por cento. Fez o comunicado e seguiu para a porta, com o Dr. Fergusson no seu calcanhar. Parou antes de atravessá-la, olhou para o misterioso Dyllon, que continuava com os olhos abertos olhando para o teto da enfermaria, com desdém, deixou o amigo passar a sua frente e depois, fechou a porta atrás de si.

                   - Dyllon! Que remédio é esse? Vê se descobre para o que serve.

                   Dyllon, num pulo, já estava de pé do lado da cama. Foi até a porta e meteu a cara pelo meio dela e olhou os dois médicos, em total silêncio,  caminhando pelo corredor em direção ao escritório deles. Dr. Walter abriu a porta e convidou o amigo a entrar, o Dr. Ferguson pareceu em dúvida se entraria ou não. Já tinha se aborrecido bastante a pouco tempo atrás, e essa dúvida, estava clara, era o receio de recomeçar tudo novamente. Dr. Walter percebeu o que o amigo poderia estava pensando e se adiantou.

               - Pode ficar tranquilo, Ferguson, não vai haver discussão. Vamos acertar o que devemos fazer com o nosso enigmático paciente. Vamos entrar.

......Continua Semana que vem!!

 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Pensamento de Poeta - Feliz Natal e Próspero 2025

 


Feliz Natal e Próspero 2025

José Timotheo -

 

                Resolvi escrever um pouco antes de chegar dezembro. Não tenho muita certeza do que desejar para o Natal e para a virada do ano. Que ano foi esse? E que ano vai ser o próximo?  Não quero ser pessimista com o mundo.  Ele está de ponta cabeça, isso ninguém duvida. Não sei o que o pessoal que nasceu antes da primeira guerra sentiu e logo depois ao se aproximar a segunda grande guerra, também. Não dá para imaginar como deve ter sido o “Feliz Natal” e o “Feliz Ano Novo”, se assim podemos chamar, dos nossos irmãos daquela época. Eu só sei que não estou me sentindo muito confortável me aproximando do Natal e da passagem do ano. O homem é um animal difícil de entender as coisas mais simples da vida. Por que gosta tanto de complicar tudo?

                 Não sei muito bem sobre o dia de hoje. Levantei-me com um peso de um lança chama em cima do ombro. Abri os olhos para ver um sol bem aceso – televisão ligada -  mas vi um míssil cruzando um céu desconhecido, para mim. Abri a janela e desabou um temporal que nunca tinha visto antes. Outro dilúvio? Parece que o tempo conspirou contra a minha esperança. Falar em esperança, é hoje a moeda com mais valor no mercado. E do sonho?  Vou enviar um e-mail para Papai Noel, pedindo algum para mim. Isso se o seu trenó estiver operante.

                  Tudo parece um filme. Espero que ele seja de ficção. Ante a burrice global, tem de ser um curta metragem. Qualquer seriado, seria apenas uma dúvida. Pelo andar da carruagem, o seriado seria de apenas um capítulo. Não é pessimismo, repito, é suspeita mesmo. É suspeita do futuro. Ele já é e sempre foi uma incógnita, mas se podia sonhar, agora está mais para pesadelo.

                  Desejo acordar e encontrar tudo no seu lugar. A coisa como sempre foi. Vou começar dezembro e já estou montando a minha árvore de Natal. Encher de luz. Encher de esperança. Encher de sonhos. Encher de pedidos e encontrar um Natal como sempre foi. E na virada do Ano? Um céu chovendo luz colorida dos fogos de artifício. A família reunida... E todas as famílias sonhando...  Não quero mais nada. Vou abrir mais uma cerveja ou vinho e acreditar que o mundo vai em frente. Pensar que jardins estão floridos. Trenós passeando pelas ruas iluminadas. Papai Noel distribuindo presentes a quem mandou carta ou mesmo sem carta alguma.

                   Num edifício em frente, já vejo todos os apartamentos com seus pisca-pisca iluminando a noite. O mundo voltou a ter cor. Nada aconteceu de ruim. E não vai acontecer. Assim espero, pois na minha cartinha pedi isso ao bom velhinho. E desculpe as minhas “lágrimas” iniciais, mas termino com um grande e feliz sorriso.  Já é dezembro! Graças a Deus!

 

              * Eu e a minha parceira Martha Taruma, desejamos, para os nossos leitores amigos e seus familiares, um FELIZ NATAL e um ANO NOVO cheio de otimismo, com a certeza de que as nuvens carregadas de pessimismo, se dissipam rapidamente evitando qualquer risco de temporal, e que um sol de AMOR brilhe no horizonte, iluminando corações e mentes. “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade.”       

 


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Pensamento de Poeta - Estar Por Um Fio

 


Estar Por Um Fio

 - José Timotheo -   

Tudo é por um fio

Andar...

Andando mal acompanhado

É estar por um fio

Pensar...

Pensamentos alheios

É estar por um fio

Comentar...

Frases que não te pertencem

É estar por um fio

O que você fizer

É estar por um fio

Não dê chances ao azar

Pois se pairar dúvida sobre você

É estar por um fio

Fio de navalha

Fio de lei

Não fale, não pense

Não...

É estar por um fio

A vida vai se esvaindo

Só em pensar que se está por um fio

No meio fio

Se caminha

Às vezes, para nunca mais

E você nem percebe

O fio foi desligado

Tudo é só por um fio

                                                                         Fim