Continuando...
O menino não fez nenhum comentário, esperou que o próprio sargento fizesse, entretanto ele preferiu se calar, não teceu comentário algum sobre a arma, e mudou o rumo da prosa:
- Mohammed, onde fica o esconderijo de vocês?
- Fica do outro lado da cidade. É perto. Para variar é numa casa que foi bombardeada. É a nossa mansão. Eu falei que é mansão, porque soubemos que já foi uma bela propriedade, de gente rica. A gente só chama de mansão.
- Então vamos pra sua mansão. Peter você vai me ajudar a levantar John.
- Sim sargento.
O soldado magricela que estava mais próximo de John, tentou ergue-lo sozinho, mas faltou força. Então pediu para que ele o ajudasse a erguê-lo, porém ele nada respondeu. Do jeito que estava, com a cabeça arriada, assim permaneceu. Peter então pediu ajuda ao sargento, que ainda conversava com Mohammed.
- Sargento. John está muito estranho. Eu não consegui erguê-lo. O senhor pode me ajudar?
- Peter, eu não mandei você levantá-lo sozinho! Me espera!
- Eu sei, sargento. Só fui tentar, pra testar a minha força. Mas ele está muito pesado. Esse grandalhão pesa muito.
Sargento, olha só o jeito dele. Estou preocupado porque ele não está se movendo.
- Não está se movendo? Mas ele estava até conversando. Só estava sentindo dor. Me deixa dar uma olhada.
O soldado John, com a tentativa do soldado Peter de levantá-lo, tinha ficado de barriga para baixo. O sargento então colocou-o de barriga para cima e encostou-o novamente no muro. Mas o que ele viu, não gostou nem um pouquinho: a cara de John estava inchada e muito vermelha, e ainda por cima, para piorar o quadro, do canto da boca escorria um liquido viscoso, meio esverdeado. Téo assustou-se mais ainda quando encostou a mão na testa do soldado.
- Peter, ele está ardendo em febre! Já está inconsciente! Daqui a pouco ele pode ter uma convulsão! Olha na mochila de Apache e pega o antitérmico.
- Mas sargento, já disse que não tem remédio nenhum! A mochila está vazia!
- Esqueci. Temos que fazer alguma coisa.
Com a agitação dos dois, Rachid indaga a Mohammed:
- Mohammed, o que está havendo? O que eles falaram?
- Eles estão preocupados com o soldado. Disse que ele está inconsciente, devido à febre que está muito alta.
- E o que é que temos com isso? Vamos embora e deixa eles se virarem sozinhos.
- Não posso. Se eu sair, ele pode atirar em mim.
- Atira nada. E eu estou com as duas metralhadoras dos milicianos. Se tentarem, eu atiro. Mas acho que não vai ser preciso, eles estão mais preocupados com o amigo. Essa é a hora.
- De repente você está com a razão. Vamos sair de fininho. Mas não pega nas armas.
Mal começam a se mover procurando não chamar a atenção, uma voz ecoou a pouca distância das suas orelhas:
- Para onde vocês pensam que vão? Podem parar por aí mesmo. E virem-se devagar. Isso. Podem voltar para cá.
- Mas sargento, a gente só ia ver se o caminho está livre. Tudo bem. Quer que a gente fique aqui pertinho de vocês, a gente fica.
- Estou sabendo. Conta outra. Vocês têm algum medicamento para combater a febre?
- Temos sim. Mas vocês não têm um remédio desses simples de se achar? Até aqui, que falta tudo, tem esse medicamento.
- Apache deve ter perdido, Mohammed.
- Então vamos embora, sargento. Já ficamos aqui mais tempo que o necessário. Vamos para o nosso esconderijo.
- Tudo bem, mas me passa as armas que o seu amigo esconde aí na mochila.
- Mas sargento... Vamos Rachid, entrega as armas para o sargento. Eu pedi para você deixa-las por aqui.
- Mohammed!
- Sem discussão. O soldado está doido para meter umas balas em nós dois.
Rachid bem contrariado abriu a mochila e pegou as duas metralhadoras, entregando-as ao sargento, enquanto o magricela, com a sua arma engatilhada, acompanhava todos os seus movimentos.
.......Continua na Semana que vem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário