terça-feira, 1 de novembro de 2022

A Minha Casa Não é Essa - Parte 25

 


Continuando...

   

            Depois de falar com o sargento, ficou aguardando o seu comentário. Mas como Téo permaneceu em silêncio, apenas olhando para o soldado John, ele se dirigiu ao amigo Rachid e falou em farsi:

           - Amigo, temos que levá-los para o nosso esconderijo, para eu poder ter tempo para sumir da vista do sargento. Concorda?

           Rachid fez uma cara que não estava gostando da ideia do amigo. Respondeu num tom um pouco alterado:

           - Mohammed. Não! Não! Não! Não podemos deixar a descoberto o nosso esconderijo! Não acho uma boa ideia!

           - Mas Rachid, eu estou em maus lençóis. Vamos então para a outra ruína. Lá também vamos conseguir ficar escondidos durante um bom tempo. É o que precisamos para sair das vistas do sargento. A gente dá um jeito de fugir. O que acha?

           - Aí está bem. É bem mais lógico. Não podemos entregar o doce para a formiga, não é?

           - Tudo bem.

          A conversa dos dois chamou a atenção de Téo, que ficou de orelha em pé tentando entender o que falavam, mas desistiu. Esperou que terminassem e perguntou bastante curioso, o que discutiam:

           - Eu estava perguntando se concordava em levar vocês para o nosso esconderijo. Ele concordou, mas depois de muita insistência minha. Ele ponderou que primeiro tínhamos que falar com os outros quatro meninos. Com a gente tem que ser tudo votado. Só que eu falei que era emergência. Então falaríamos depois com eles.

          - Que língua danada é essa! Acho que não se parece com língua nenhuma!

          - A origem é persa. Muita gente fala. Ela e a outra língua, Pashto. E tem mais algumas.

          - Você conhece tudo desse país, para ser brasileiro.

          - Puxa sargento, o senhor não para de me alfinetar com essa desconfiança.

  Se não fossem verdadeiras as minhas palavras, eu não teria salvado o senhor lá dentro. E nem o soldado. Eu só falei à verdade que eu sei. Até agora eu só fui legal com o senhor. Eu sei que o senhor quer me ferrar. Esquece isso! Eu só quero sobreviver!  

          - Eu não quero ferrar você. Eu peguei você roubando armas americanas para vender para o inimigo. Então tenho que deter você.

           - Mas eu não vendo armas, vendo é ferro velho. Àquelas armas que eu estava pegando, não iam servir para nada, estavam todas inúteis. Pode testar uma por uma e o senhor vai confirmar o que estou falando. Além do mais, o senhor disse que os mortos não eram soldados americanos.

           - E daí! Mas as armas são americanas! Vendedor de ferro velho! Você é cara de pau mesmo!

           - Então testa! O senhor vai ver se eu tenho razão ou não! É tudo sucata!

           - Está bem. Mas... – interrompeu o que ia falar com Mohammed e se dirigiu para Peter: - Cadê as armas, Magricela?

           - Vou pegar sargento. Já tinha me esquecido delas por lá.

           - Viu como elas são tão importantes? Iam largar elas por aí, e ainda quer me ferrar!

           O sargento olhou meio sem graça para Mohammed, mas não querendo entregar os pontos, mandou o soldado Peter pegar apenas algumas armas, pois sabia que não teria como carregar todas elas. Era só ele e Peter. Então só levaria algumas amostras para a base.

           O magricela foi até onde tinha acontecido o atentado e pegou algumas que estavam espalhadas pela via. Só em olhar, viu que do jeito que estavam amassadas, não serviria para nada.  Assim mesmo entregou-as ao sargento e ficou esperando por mais alguma ordem.

           Téo pegou a primeira metralhadora e, mesmo vendo do jeito que estava danificada, assim mesmo acionou o gatinho. Ele sabia que poderia ser consertada, por um bom armeiro, mas fez cara feia, não testou as outras e jogou-a no chão. Depois se arrependeu e pediu ao soldado para leva-las de volta.

...Continua semana que vem!

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