terça-feira, 7 de dezembro de 2021

A Paixão de Lady Gaga - Parte 8

 


Continuando...

            Lady Gaga, Lady Gaga. Hendrixson ficou repetindo o nome, enquanto caminhava debaixo de um céu estrelado, até chegar em casa. A escuridão não atrapalhou em nada a sua caminhada, pois estava iluminada pela imagem da loura.

                A vida de Hendrixson mudara completamente. Toda a noite sonhava com Lady Gaga. Acordava cantando alguma coisa que não sabia o que era. Aquilo era alegria. Percebeu que estava mais feliz do que quando fumava. Tinha dia que nem se lembrava de enrolar um baseado. Mas não deixava de fazer o que o pai deixara escrito.

              Ele começou a ir ao armazém mais amiúde. Seu Alfeu já estava ficando acostumado com as suas visitas. Assistia algum tempo a televisão e depois voltava para casa. E foi assim durante alguns meses. O velho Alfeu percebeu claramente que as visitas que recebia de Hendrixson tão constante, era única e exclusivamente para tentar ver, mais uma vez, a cantora Lady Gaga.

               No início ia duas vezes na semana, depois passou para quatro e finalmente foi diariamente. A sua ansiedade era visível, a ponto do velho Alfeu perguntar, mesmo sabendo o motivo, o que estava acontecendo. A princípio ele ficou engasgado, não sabendo o que responder. Depois da insistência do comerciante, ele se abriu. Disse que era por causa da cantora, que não saía da sua cabeça. Pensava nela o dia todo. Fora os sonhos. Era só dormir e lá vinha ela. Segredou até que no último sonho eles se casavam. O velho Alfeu sorriu e sugeriu que ele fosse atrás dela e a pedisse em casamento.

                Hendrixson tirou o seu chapéu de caubói e coçou a cabeça várias vezes. Depois foi até o lado de fora do armazém, coçou mais uma vez o cabelo, que já estava todo desgrenhado, e bateu com o chapéu na coxa. Girou no calcanhar e foi direto para o dono do armazém. Frente a frente, nada falou. Estava engasgado com a timidez. Mas o comerciante como o conhecia um pouco se adiantou e disse para que ele viajasse e fosse ao encontro do seu amor. Hendrixson sorriu e balançou a cabeça dando asas a sugestão do velho Alfeu. Entretanto logo em seguida fechou o cenho. Não sabia como fazer isso. Nem sabia onde a sua deusa morava. O seu Alfeu pacientemente falou tudo para ele. Mesmo sendo um comerciante num lugar que nem no mapa estava, ele tinha alguma instrução quando ali chegou. E era uma pessoa atualizada com tudo que acontecia no Brasil e no mundo. Pegou Hendrixson pela mão e levou-o para trás do balcão e puxou uma cadeira para que ele sentasse. E foi claro com Hendrixson.

              Ele sabia que o rapaz ia questionar sobre como sair daquele lugar e ir para outro, agora sabia que era Estados Unidos da América, que falava outra língua e ele falava um português muito ruim. Como ia ser isso tudo?

               O velho Alfeu foi logo falando sem rodeios, sobre a sua condição financeira. Fato que Hendrixson abriu os olhos, sem entender como o comerciante sabia que ele tinha algum dinheiro. Disse na bucha que ele tinha muito dinheiro guardado e que podia, estava na hora, usá-lo. Hendrixson tentou contestar, mas o velho Alfeu foi mais rápido e perguntou se ele sabia quem comprava as bananas deixadas na porteira. E sobre os porquinhos e os frangos que sempre voltavam para casa. Hendrixson estava com os olhos arregalados e a boca aberta, quase encostando no queixo. 

.............Continua na semana que vem!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário