Continuando...
O velho Alfeu falou que acertaria tudo sobre a sua viagem. Mandou-o se preparar para cruzar oceanos. Depois falou baixinho para que ele comprasse roupas novas, porque o lixo que usava não o deixaria nem chegar no rio de janeiro. Logo após a saída Hendrixson, ele quase morreu de tanto rir.
Hendrixson voltou para casa, foi no esconderijo e pegou uma grande soma de dinheiro e colocou dentro de uma carteira antiga que fora do pai. Estava sorrindo à toa. Olhou para o céu azul e pensou se lá onde morava lady gaga também tinha céu, e azul igual ao do sítio. Andou pelo quintal, jogou comida para os porcos. Andou mais alguns metros e jogou bastante milho para dentro do galinheiro. Agora, como já estava escurecendo, ia fazer um “rango” para forrar o estômago. Não tinha nem percebido que ficara o dia inteiro fora do sítio. Nem lembrou do almoço, café da tarde... Nada. Mas estava feliz.
Deixou o céu ficar bem estrelado e acendeu, deitado na rede da varanda, o seu primeiro baseado. Deu uma tragada tão forte, que pensou que a rede estivesse balançando. Deu uma gargalhada tão alta, que o tataraneto de Bertoldo, mesmo antes de se acolher na janela, já saiu voando desarvorado para dentro da pocilga. Mas dessa vez os porcos, já com tolerância zero, deram uma tremenda corrida nele. Aí foi um alvoroço tremendo, como nunca Hendrixson tinha visto. E isso foi mais um motivo para gargalhar a todo o pulmão. O eco invadiu a mata e parece que chegou até as orelhas do velho Alfeu.
Depois de um cigarro bem fumado, ele acendeu outro. Fato que nunca tinha acontecido. De repente se viu acima da rede. Flutuava. O tataraneto de Bertoldo pousara na sua barriga. Sentia cócegas. E ria, e ria... Em seguida veio o porquinho listradinho voando. Agora tudo voava.
Com a mão em cima da barriga, sentiu um calorzinho: o cigarro queimava a sua camisa. Deu outra tragada. Então o mundo virou de ponta cabeça. Lady Gaga apareceu de jet ski no pequeno riacho, que estava no azul do céu.
Acendeu o terceiro baseado. E apagou. Sonhou a noite inteira com a sua deusa loura. Sentiu-a deitada na sua rede, cantando uma canção que ele não conhecia. Mas também não fazia a menor diferença, porque era apenas mais uma que não conhecia. Na verdade, não conhecia nenhuma. E ela cantava, cantava... E foi uma infinidade de canções sussurradas no seu ouvido, entre as incontáveis tragadas que dava no cigarro.
O sol cedinho já começava a queimar. As malas já estavam arrumadas. Um carro grande apareceu na sua porta para levá-lo até ao aeroporto. Na saída da porteira, lá estava o velho Alfeu e mais uma porção de pessoas que não conhecia. Vinham saudá-lo e desejar uma boa viagem.
............Continua semana que vem!
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