quarta-feira, 3 de novembro de 2021

A Paixão por Lady Gaga - Parte 3

 


Continuando...

              Tonico encontrava a mulher Janis balançando na sua rede surrada, olhando para o céu azul e sorrindo.  Toda vez era a mesma cena. Ele nunca perguntou o porquê do sorriso. Talvez nem ela soubesse. O filho estava sempre sentado por perto, também sem fazer nada. Isso foi até ele ficar adulto, já que não ia com o pai até o centro do lugarejo. Preguiça ali não faltava.

             O nome verdadeiro da mãe de Hendrixson ninguém sabia. Até ela tinha esquecido. Um certo dia, lá no final dos anos de 1960, ela pegou a sua carteira de identidade, rabiscou o nome e escreveu Janis Joplin, em homenagem a cantora americana, só deixando o da silva. Tonico também não lembrava mais do nome dela, já que até o seu tinha esquecido. Acha que tinha perdido a sua identidade, na volta do festival de Woodstock.  E era a única coisa que realmente povoava a cabeça dos dois. Guardavam com orgulho um jornal da época que mostrava uma porção de gente nua e suja de lama. No meio daquele mundo de gente, duas setas feitas de caneta, apontavam para duas pessoas irreconhecíveis. Dois hippies perdidos no meio do lamaçal. Juravam de mãos juntas que eram eles dois.

          Quando os pais viajaram para o festival, em agosto de 1969, Hendrixson devia ter, os pais não tinham certeza, quatro anos. Foram e deixaram ele com uns hippies de uma comunidade que moravam. Quando chegaram nem o reconheceram direito. O menino, além de sujo, estava com uma barriga imensa, cheia de vermes e barro. Assim mesmo o garoto sobreviveu e conseguiu chegar a adolescência sem ficar doente.

          Hendrixson estava beirando os dezoito anos. Isso contado por ele mesmo, num dia de lucidez total. Arranjou um mês, o de setembro, e uma data e cravou ali o seu aniversário. Procurou os pais e anunciou que faria dezoito anos no dia dezoito. Janis e Tonico olharam-se e sorriram. O pai se levantou da rede que dividia com a mulher e abraçou-o desejando um feliz aniversário. Foi a primeira vez que isso aconteceu. O filho agradeceu, mas falou que faltavam ainda alguns dias. Apontou para uma folhinha bastante ensebada, que trazia na mão, e disse que era ainda dia onze. Mesmo assim o pai demonstrou contentamento e abraçou-o novamente. Depois pediu para que ele colocasse o calendário no mesmo lugar.

             A semana voou. Hendrixson estava tão contente que foi até um córrego próximo, com um pedaço de sabão, e se banhou. Não tinha muita intimidade com a água, mas foi para o sacrifício, já que era a primeira vez que comemorava o seu aniversário. A mãe fez até um bolo de banana. Pelo menos isso ela sabia. E uma vez por ano ela fazia um, mesmo não tendo nada para comemorar. Cantaram parabéns e brindaram com cachaça.

...........Continua semana que vem!    

 

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