terça-feira, 26 de outubro de 2021

A Paixão por Lady Gaga - Parte 2

 


 Continuando...

                Alfeu, logo depois que a mulher se afastou, puxou o hippie pelo braço e falou baixinho sobre um sítio, de sua propriedade, que tinha ali bem próximo. Terra boa e barata. O hippie escutava atento o que o comerciante falava. No final perguntou sobre o preço. Aí Alfeu disse que não se preocupasse com isso, ele ia ter muito tempo para pagar. Ele sorriu e meteu as mãos nos bolsos e puxou-os para fora. Vazios. Nem um centavo para contar história. Alfeu quase caiu de tanto rir. Depois do riso sossegado, acertaram tudo na hora, mas em segredo. Ele jamais poderia contar para ninguém sobre a transação, exigiu o comerciante. Nem mesmo para a mulher e o filho. E que depois dele conhecer o sítio acertariam os detalhes finais. E tudo realmente foi acertado em segredo absoluto.

               Em pouco tempo de posse das terras, Tonico já tinha avançado bastante na organização do plantio e criações de porcos e frangos. Tudo começou a funcionar com a ajuda financeira do dono da venda e de algumas pessoas amigas suas, interessadas na produção do sítio. Era um empréstimo atrás do outro. O casal estava endividado, mas feliz.

               Um terço do sítio foi todo plantado com a erva. O restante tinha de tudo que a terra pudesse dar. A única roça já existente era de banana. Um bananal a perder de vista.

               A criação de porcos e frangos só servia mesmo para trocas. Longe de matar um ou outro. Eram naturalistas por excelência. A única exceção era o ovo, os não galados. Então era ovo todo dia na refeição. E assim o menino foi sendo criado. Filho único. Não conseguiram gerar mais nada. Ficavam tão relaxados, que o tempo foi passando e esqueceram de trepar.

                O lugarejo, que não tinha mais de duzentos moradores, distava dois quilômetros da propriedade. Quando o pai do menino ia à venda comprar qualquer coisa, - não, trocar – saía antes do galo cantar e só voltava lá pras quinze horas. O rítmo que empregava na sua caminhada, era de dar inveja a qualquer monge budista. Parecia que media onde botava o pé. Quem o visse andando, tinha quase certeza que não encostava os pés no chão. Essa lerdeza tomou corpo,  depois de dois anos de trabalho duro.

             Quando levava um franguinho ou um leitãozinho, – como era contra a violência – o bichinho ia por livre e espontânea vontade seguindo-o até o único comércio de secos e molhados da região, que era a venda do seu Alfeu, e não é que os bichinhos iam na mesma calma do seu Tonico, pai de Hendrixson. Os animais adoravam comer um matinho da sua plantação antes da caminhada. 

            Quinze horas chegava ele e o seu jacá cheio de açúcar, farinha, feijão e mais algumas coisas. Uma hora depois aparecia o frango ou o leitãozinho. Parece que o dono do estabelecimento não dava falta, porque a maior parte da sua transação era mesmo a troca. Os bichinhos conseguem sempre voltar para casa sem fazer alarde. No mês seguinte, lá estavam com seu Tonico novamente para serem trocados e o proprietário nem percebia.

............Continua semana que vem! 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário