terça-feira, 23 de novembro de 2021

A Paixão por Lady Gaga - Parte 6

 


Continuando...

            Hendrixson ameaçou chorar, mas como nunca tinha chorado, resolveu gritar. O galo Bertoldo, que já estava na janela, deu mais um voo daqueles matinais, mas dentro da escuridão, e caiu, dessa vez, em cima dos porcos. Foi um alvoroço só. Dessa vez ele perdeu uma quantidade considerada de suas penas. E ainda saiu de lá pulando numa perna só, porque a outra tinha ficado na boca de algum porco.

             O tempo foi passando e Hendrixson foi dando continuidade a obra do pai. Mas a solidão foi deixando-o acabrunhado. Numa dessas idas a cidade viu uma linda menina. Aquilo mexeu com o seu coração. Depois desse dia começou a sonhar com uma mulher loura. Acordava pensando nela. Só que a do sonho era diferente da que tinha visto, e que nunca mais avistara.

                Hendrixson já estava com trinta anos e nunca mais tivera notícia dos seus pais. Tinham sumido pelo mundo e da sua vida para sempre (?) Com o tempo, até a fisionomia deles foi se apagando na sua memória. Depois até os nomes se perderam também.

              Já estava enjoado de fumar sozinho. Um dia qualquer, olhando para uma árvore a poucos metros da casa, viu um mico olhando-o fixamente. Acenou para o animal, mas ele pulou para outro galho e sumiu das suas vistas.  No dia seguinte foi a mesma coisa. E isso foi por meses. Até que um dia o bicho chegou até a rede de Hendrixson e deu várias voltas ao redor, até que finalmente subiu.

              Depois desse dia os dois viraram unha e carne. Onde Hendrixson estava, o mico estava em cima do seu ombro. Podia-se dizer, já amigos inseparáveis. Tropêço, o mico, já dormia numa caminha improvisada no quarto de Hendrixson. Agora não era mais o galo Bertoldo que o acordava, um dos seus descendentes, mas o mico Tropêço. Mas esse tataraneto de Bertoldo se assustava também como o seu ancestral. Só que agora era com o mico. Mal Tropêço gritava, o galo voava desesperado até cair dentro do lamaçal da pocilga. Pelos olhares dos porcos, já era uma persona non grata.

              Numa manhã nublada, Hendrixson se esparramou na rede e acendeu o seu cigarro. O mico logo arranjou um espaçozinho e se aconchegou debaixo do sovaco dele. Na primeira tragada, Hendrixson encheu o pulmão de fumaça. Segurou por algum tempo, até onde deu. Depois soltou-a todinha em cima de Tropêço. No início o mico ficou desesperado, mas foi se acalmando até que começou a rir e a rolar por cima de Hendrixson. O rapaz percebeu que o amigo estava doidão, então pegou o cigarro e colocou na sua boca. Mas não é que o mico fumou! Entretanto depois de rir bastante, lambeu, lambeu e depois comeu o cigarro de uma vez só. Aí Hendrixson caiu na gargalhada, como nunca fizera em toda a sua vida.  E riu mais ainda, quando o mico cruzou as pernas e colocou os braços atrás da cabeça. Ali estava formada definitivamente a dupla. Agora Hendrixson tinha um companheiro para dividir o baseado. 

..................Continua semana que vem!

 

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