terça-feira, 10 de agosto de 2021

Nos Escaninhos do Coração - Parte 38

 


Continuando...

          Karen só foi respirar mesmo com normalidade, quando o seu corpo venceu aquele mundo d’água, que batia no seu rosto quase sufocando-a. Agora estava entrando novamente na vida. Nessa hora fez uma rápida análise do que tinha passado até aquele instante. – Qual o pior momento?  Quando fora arrastada pela água, até ficar presa nas pedras? Rapidamente respondeu a essas suas perguntas: - Sem dúvida o pior momento, foi ficar pendurada na cachoeira, com aquele mundo todo de d’água me sufocando.

          Bordélo puxou-a até colar o seu corpo no dela. Choroso abraçou-a bem apertado. E nesse abraço viu, por cima do ombro, um rastro de sangue que era tragado pela cachoeira. Engoliu em seco. Mas sabia que naquela hora, o pulsar da vida sim é que era relevante. As feridas do corpo iam cicatrizar rapidamente com certeza. A preocupação era somente com as feridas da alma. Em quanto tempo iriam cicatrizar? Com essa pergunta apertou um pouco mais o corpo de Karen contra o seu e sentiu o coração dela bater no seu peito. E tão apertadinho estava, que não teve vontade de se afastar. Só voltou a realidade quando deram um puxão na corda.

          Da margem os amigos continuavam a puxá-los lentamente. Bordélo já tinha recolhido quase toda a corda em excesso e amarrado na cintura, apenas deixou o suficiente para Karen. Ele a manteve, aproximadamente, um metro distante. Os dois iam sendo puxados entre as pedras. Bordélo orientava a amiga a se proteger levando sempre a mão à frente, para evitar que batesse com as pernas em alguma pedra.  Apesar da tensão que ainda apertava o coração dos dois, finalmente conseguiram chegar num local livre de pedras. Só foi colocarem as caras à vista e a alegria dos amigos suplantou o barulho do rio. Uma explosão de gritos de alegria ecoou pelo vale. Era uma cena emocionante de se ver. Eles pulavam e gritavam, feito crianças brincando. E os dois foram rapidamente puxados para fora d’água. Mas o rastro de sangue deixado por Karen continuou sendo engolido pela cachoeira...

                                        

             DE RETORNO À MONTANHA ITA-ITA....

 

André interrompeu a sua lembrança. Talvez não recordasse de mais nada ou, de repente, a dor que sentia tenha-o puxado para o presente assustador. O vento acabara de balança-lo violentamente, batendo com o seu corpo no paredão rochoso. Com o choque, assustado, arregalou os olhos e urrou de dor. Mas, por incrível que pareça, esse movimento brusco o ajudara a erguer o corpo e desvira-lo. E como o vento continuava a balança-lo, milagrosamente conseguiu se segurar numa pequena fenda na pedra.

           Seu corpo acomodou-se de modo que a dor abrandasse um pouco, ajudado também pela retirada da corda que pressionava as suas costelas, causando com isso dor dilacerante. 

...................Continua semana que vem!!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário