terça-feira, 6 de julho de 2021

Nos Escaninhos do Coração - Parte 33

 


 Continuando...

         Depois de conseguir amarrá-la, com todo o cuidado possível tentou puxá-la. Mas para sua decepção não conseguiu mexer um dedo sequer. Isso era preocupante, pois mesmo não empregando muita força, acreditava que não teria dificuldade em tirá-la de dentro da barraca. Pensou que Karen estivesse apenas com as pernas presas pelas cordas. Ficou tenso, entretanto não podia deixar transparecer o seu estado. Não queria e nem deveria achar que aquilo poderia ser sério. Pensou rapidamente e fez a única coisa que deveria ser feita: mergulhar e descobrir o que estava impossibilitando a retirada da amiga. Porém antes de submergir, tentou, mesmo com a água barrenta, visualizar alguma coisa no interior da barraca. Mas era impossível enxergar um palmo na frente do nariz. Mergulhou e entrou na barraca. O lugar era apertado, mas com cuidado, foi se guiando pela perna de Karen, até chegar onde o pé dela estava preso. Por sorte era apenas uma fita que prendia o seu pé à barraca, que por sua vez ficara presa também entre as pedras. Por isso, num caso de pura sorte, Karen não fora arremessada para o fundo da cachoeira.

          Identificada a dificuldade, Bordélo subiu para pegar ar. Karen olhou com uma expressão preocupada, mas ele procurou deixá-la tranquila.

          - Está tudo bem, minha querida. Já localizei o lugar que o seu pé está preso e só subi para respirar. Mas já vou descer e remover o que o está prendendo. Fica tranquila.

          Ele acabou de falar e mergulhou novamente, tendo como orientação a perna de Karen. Como já tinha identificado o obstáculo, sacou da sua faca, que estava sempre na sua cintura e cortou a fita. Imediatamente a amiga foi empurrada para fora da barraca, e ele a controlou com a corda que tinha amarrada à sua cintura. Em seguida, já que o ar estava por um fio, subiu rapidamente. Já em cima percebeu que não aconteceu como tinha pensado, pois ela ainda continuava com uma parte do corpo enfiada na barraca, e ele então desvencilhou-se de tudo que ainda atrapalhava a sua saída para a liberdade.

          Bordélo manteve a amiga, além de amarrada na sua corda, segura pela sua mão. Com cuidado puxou-a até encontrar uma pedra em que ela pudesse ficar de pé. Porém ela não conseguia ter firmeza suficiente para erguer o corpo, pois suas pernas ainda estavam completamente dormentes. Ele a mantinha o mais próximo possível, tendo em vista que a correnteza ainda estava muito forte. Só havia conseguido realizar até ali o planejado, graças aos amigos que o mantinham firme na corda. Entretanto ele sabia que não iria conseguir voltar tendo que ficar agarrado a ela. 

           De repente ele sentiu um puxão na corda. Automaticamente olhou na direção dos amigos. Aí percebeu que alguma coisa não ia bem, pois gesticulavam e falavam coisas que o barulho do rio engolia. Ele então apontou um dedo na direção do ouvido e em seguida balançou-o sinalizando que não tinha ouvido nada. Imediatamente apontaram rio acima. Qual não foi a sua surpresa e susto: uma árvore imensa, que tinha sido arrancada com raiz e tudo o mais, vinha rolando em sua direção e de Karen. Tinha que pensar rápido. Sinalizou para os amigos, pedindo que o puxasse um pouco. Pegou então a amiga pela cintura e carregou-a até conseguir uma proteção atrás da pedra maior, apesar da mesma estar há um suspiro de distância da queda da cachoeira.

................Continua semana que vem!

 

 

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