Continua...
Os três gritaram de alegria, mesmo não ouvindo o que ele dizia. Deduziram pelo seu sorriso escancarado, misturado com o balançar de braços. Comemoravam e iam soltando a corda lentamente. Só interromperam quando Bordélo sinalizou dizendo que podiam parar. Em seguida deu a volta em torno da pedra novamente e ficou em cima de uma pequena, que tinha visto antes, onde a correnteza não era tão forte.
Luiz ao ver o amigo sumir atrás da pedra, gritou lá da margem:
- Amigo! Cuidado! Se amarre direito! Arriba, amigo!
Bordélo sorriu e respondeu, mesmo sem escutar o que ele dizia:
- Fica tranquilo Luiz! Vou pegar nossa amiga! Pode apostar nisso!
Bordélo tinha recolhido toda a corda que estava de reserva, enrolou-a e prendeu-a no corpo. Deu um puxão e Luiz respondeu de volta. Sentiu que estava firme. Mas gritou e levantou o polegar confirmando.
- Estou bem seguro! Eu mesmo vou soltando a corda devagar! Rezem por nós!
Após o pedido de uma oração, Bordélo fez um sinal da cruz e olhou para o céu. Em seguida, num ato de fé, rogou a Deus, mas pedindo desculpas por não poder se ajoelhar, para que tirasse a amiga dali sã e salva.
Ele estava bem próximo de Karen. Mas teria que ter muito cuidado ao tentar resgatá-la das mãos do perigo. Apenas um passo a separava do desastre. Qualquer descuido e Karen poderia se soltar, e ser arrastada para a cachoeira, onde, com certeza, não escaparia com vida. Tinha que ter sangue frio. Essa era uma empreitada deveras arriscada. Até aquele momento a sua vida fora preservada, não se sabe como. Talvez a mão da sorte conduzira o seu destino pousando-o entre aquelas duas pedras, mas na boca do precipício.
Bordélo foi se aproximando cautelosamente. O barulho da água batendo lá embaixo nas pedras, o assustava. Sentia um mal estar terrível, mas sabia que não podia vacilar. A sua calma, mesmo que aparente, ajudaria a amiga a ter forças para sair dali para a vida. A coragem era fundamental naquele momento. Continuou até quase tocar em Karen. Ela estava de olhos fechados, mas o mais importante é que respirava. A cabeça encostada na pedra, numa posição que evitava um possível afogamento, mesmo que dormisse ou desmaiasse. Ela estava com uma parte do corpo livre e para fora da barraca. Mas as suas pernas, ele não tinha certeza se estavam presas, pois estavam metidas dentro da barraca. As conjecturas, naquele momento, seriam irrelevantes. O que importava mesmo era que a sua amiga estava viva.
....................Continua semana que vem!
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