terça-feira, 8 de junho de 2021

Nos Escaninhos do Coração - Parte 29

 


Continua...

          O local onde estava a corda, se o rio não estivesse cheio, era fácil chegar até ela. Ali havia três pedras grandes. A maior saía da base da cachoeira e ficava, com o rio normal, quatro metros acima da lâmina d’água. As outras duas deixavam de fora mais ou menos um metro e meio. Naquele momento além da maior, apenas uma ponta das duas aparecia. Só que essas duas só eram vistas da outra margem do rio.

         Luiz olhava aquela corda balançando no meio da água. Depois de algum tempo disse:

          - Amigos, acho melhor voltarmos para o acampamento. Vamos recomeçar lá de cima.

         André então interpelou-o:

         - Ué! Você não disse que por aqui é o melhor lugar para se procurar Karen? Por que desistiu?

          Luiz respondeu injetando um pouco de esperança nos amigos.

         - Escuta só meus amigos: alguma coisa me diz que aquela corda é da barraca de Karen. Ela pode esta presa entre as pedras. Ela e a barraca.

        - Você acha mesmo? – perguntou esperançoso Bordélo.

        - Claro meu amigo! Escuta só. Nós temos quantidade suficiente de corda para chegarmos até aquelas pedras. Eu vou me amarrar e...

        Bordélo interrompeu-o dizendo:

       - E, nada! Nada disso! Você levou uma pancada na cabeça! Já esqueceu? Quem vai sou eu! E não se fala mais nisso!

         Luiz sorriu meio contrariado, mas sabia que ainda não estava em condições de se arriscar numa empreitada daquele tamanho.

        Já estava tudo pronto para Bordélo começar a sua aventura. Era um risco que não sabia se iria valer a pena. Podia ser apenas uma tira da corda da barraca que estava presa. Mas não tinha como não arriscar. E não pensou duas vezes. Aquilo era tudo ou nada. E se a amiga estivesse ali presa, devia estar bem debilitada. Já estava amarrado e pronto para entrar n’água.

       Em uma árvore próxima, de grande porte, a corda foi amarrada por segurança. André também passou a corda pela cintura, para controlar o escape. Luiz e Luiza ficaram na beira do rio segurando também para ter mais segurança.

       Bordélo entrou n’água. A correnteza estava muito forte ainda. Rapidamente ele foi empurrado para a cachoeira, bem antes de chegar a tal pedra. André sugeriu que recolhessem o amigo e que ele entrasse novamente mais acima. A sugestão foi aceita e então o puxaram rapidamente.

        Os quatros foram rio acima. André procurou outra árvore para prender a corda. Depois voltou a coloca-la novamente em volta da cintura. Luiz orientou Bordélo a nadar o máximo que pudesse para o meio do rio. E depois ficou junto de Luiza, na margem, segurando a corda.

        Bordélo sentia muita dificuldade para enfrentar a correnteza. O esforço era sobre humano. Luiz então gritou para o amigo tentar se segurar em alguma pedra. Assim poderia descansar um pouco. Depois gritou para André soltar mais corda, pois ela estava ficando esticada.

          Bordélo seguiu a orientação do amigo e depois de algumas tentativas agarrou-se numa pedra. E olhando ao redor, observou que, um pouco à frente, tinha outra pedra, não totalmente submersa, onde um galho de árvore boiava sem ser arrastado pela correnteza. Parecia que ali formava um remanso. Então avisou aos amigos que iria para outra pedra próxima. E foi o que fez. Realmente onde parou não foi arrastado. Dali então fez o seu ponto de observação. E antes de se aventurar na correnteza, pegou o galho e dividiu em dois. Jogou um pedaço do ramo pela sua direita e o outro pela sua esquerda. Queria, antes de se aventurar, ver os trajetos que iriam tomar.

          De onde estava dava para ver a pedra grande. As outras duas pedras menores não estavam visíveis. Mas dava para acompanhar os ramos que caminhavam em direção à cachoeira. O que estava indo pela direita, ia bem rápido. Parecia que ia direto para a pedra grande. Mas de repente tomou um caminho que o levou para mais distante.  Acabou perdendo-o de vista. Já o da esquerda deslizava sem muita correria. Em alguns momentos parava e circulava e em seguida voltava a se movimentar. Ele não conseguiu naquele momento saber a causa. Ficou apenas observando o movimento do ramo. Até que acelerou um pouco e foi direto para onde ele queria chegar: a grande pedra. Não teve dúvida que ali era o caminho. Acenou para os amigos e pediu, por meio de gestos que dessem mais corda. Mas quando estivesse na grande pedra, mais próximo da cachoeira, ou fora de visão a sinalização, seria por puxões na corda, previamente combinado.

................Continua semana que vem!

 

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