Continua...
Luiza olhava para André e parecia que queria dizer alguma coisa, mas a voz não saía. Ele colocou uma das mãos no seu ombro e tentou transmitir uma calma que estava longe existir, e tremia feito vara verde.
- Calma Luiza. Eu estou aqui com você. Fica calma.
- Como ficar calma? Por um acaso você vai encarar a mãe desse bicho? Não adianta me mandar ficar calma, não! Você deve estar quase se borrando também! Droga, André! Me tira logo daqui!
Com o tom ríspido que Luiza falou, André chegou a ficar corado. A princípio ficou mudo, mas depois de algum tempo, mesmo estando envergonhado, disse:
- Poxa Luiza, você sabe que sou capaz de dar a minha vida por você. E pode ficar certa de que se a onça entrar eu vou me atracar com ela, mesmo que custe a minha vida.
- Desculpe André. Eu falei assim porque estou nervosa.
- Tudo bem. Agora vamos tentar soltar o seu pé. Segura o telefone e direciona o facho para clareá-lo. Mas se o bicho entrar, você bota a claridade pra cima dele, porque normalmente eles se assustam.
Luiza pegou o telefone e com a lanterna já funcionando, iluminou a pedra. André meteu as duas mãos por baixo dela, forçou para cima e puxou-a na sua direção empregando bastante força. Na primeira tentativa a pedra já cedeu um pouco, logo um sorriso de esperança brotou nos seus lábios. Virou-se para a amiga, demonstrando confiança, e disse:
- Viu Luiza? A pedra balançou um pouquinho! Acho que não vai ser difícil tira-la! Vou tentar agora com mais força! Deus está do nosso lado! Doeu o pé?
- Não. - respondeu ela, não aparentando mais nervosismo.
Na segunda tentativa a pedra soltou-se completamente. André com uma expressão de total alívio, sorriu um sorriso de vitorioso e falou baixinho:
– Nem tudo que se apresenta impossível de cara, é tão difícil assim!
Luiza, com o pé já liberado, levantou-se rapidamente e deu um abraço apertado no amigo. Em seguida dirigiu-se como um foguete em direção à saída. André sorriu e falou:
- Ei! Me espera aí! Vai me largar aqui dentro?
Antes de sair da caverna ela parou, olhou para trás e jogou uma pergunta no ar:
- André! E se esse bicho aparece aqui agora? Vamos embora logo! Esperar mais o quê, André?
- Está bem. Mas será que ele entra por aqui? Achei tão difícil essa entrada. Pode ser que lá no fundo tenha alguma passagem.
- Mas você não vai olhar, vai? Vamos sair – apontando para a saída da caverna - por ali. Você chegou bem, logo vamos sair bem pelo mesmo lugar.
- Acho que só tem esse lugar mesmo! Fica tranquila, não vou olhar bicho nenhum. Ele é pequeno, mas é selvagem. Vai que ele me ataca! Pode deixar minha querida, não me arriscarei à toa.
Ele então colocou a corda em volta de Luiza e foi puxando-a até que chegasse à árvore. Logo que se sentiu em segurança, ela tirou a corda que estava presa no seu corpo e jogou-a para André. Ele como era forte conseguiu rapidamente subir até onde ela estava.
A árvore era resistente o suficiente para aguentar o peso dos dois. Isso o deixou tranquilo. Mas tinha um problema para resolver: dali até a trilha, o terreno era cheio de pedras soltas e muita terra fofa, que inviabilizaria qualquer tentativa de se usar grampos. Então qualquer ensaio nesse sentido, seria um suicídio. Logo a única saída, seria pular de uma árvore para a outra. E eram apenas três árvores naquela encosta. Mas seria preciso muita coragem e destreza para realizar esta empreitada. Contudo isso não seria problema suficiente para inibir o casal destemido. Seria apenas mais um desafio transbordando adrenalina.
........................Continua semana que vem!
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