terça-feira, 5 de novembro de 2019

A História de Helô - Parte 56



Continuando...

         Com ar de incredulidade, concordou em sair dali o mais rápido possível. Pensava como aquilo era uma maluquice. Não o fato da criminalidade envolvendo a Madre Joana e seus comparsas. Aquilo sim era real e concreto. Era palpável. 
         A Madre pediu a Helô para que fechasse os olhos e que Rodolfo fizesse o mesmo. Ele fez, mas pensou que aquilo pudesse ser um truque. A Madre falou para Helô sobre tudo o que ele tinha pensado. A menina sorriu e antes de falar com Rodolfo, com a sua curiosidade peculiar, inquiriu:
         - Madre, eu já estou pra lá de acostumada. Eu nem percebo que voei. Agora a senhora faz também com Rodolfo. Todo mundo pode voar assim?
          - Voar. Engraçado! Não, Helô, a maioria da humanidade está pregada no chão. Você, Rodolfo – mesmo ele não acreditando – são exceções. Vocês são mais leves.
          - Eu sou leve, mas ele até que é fortinho!
          - Não é isso. Quando as pessoas vão se livrando das imperfeições, vão ficando mais leves. É quando a bondade já ocupa um espaço no coração. Aí fica mais fácil ajudá-las a sair do chão.
          - Acho que entendi, mas a senhora me acha assim tão boa?
          - Assim! Assim! Nem tanto, mas você é uma menina boazinha. Tem que continuar melhorando dia após dia. Helô, nós temos que praticar os ensinamentos de Jesus. Mesmo sendo em dose homeopática, não podemos nos descuidar um dia sequer. É orai e vigiai.
          - Está bem, Madre. Eu tento, mas é difícil!
          - E quem disse que é fácil?
          Ela deu um sorriso murcho e depois falou com Rodolfo:
          - Rodolfo, a Madre mandou avisar-lhe que ela ouviu tudo que você pensou. Até por último, quando disse que era um truque. Ela escuta tudo.
          - Puxa! Estou ficando impressionado! É difícil acreditar nisso tudo!
          - Falando igual à Madre: e quem disse que é fácil? Agora feche os olhos. Isso. Vou fechar os meus.
              Do lado de fora Helô bateu no seu ombro. Ao abrir os olhos já estava na frente da gruta. Do ar de incredulidade, passou para surpresa. Sorriu e disse:
        - Como foi isso, Helô?
        - Estamos na entrada da gruta e você ainda me pergunta como foi? Não tem truque nenhum. Ainda continua não acreditando que existe a Madre Maria de Lourdes, não é?
     - É difícil pra mim, Helô! Eu fui criado num templo evangélico! Eu sempre escutei que só existe Deus, Jesus e o espírito santo. Agora acreditar que aquela Madre está aqui com a gente, é muito difícil! Como acreditar numa coisa que não estou vendo? Mas que foi estranho, foi! Você ainda falou em truque e eu pensei nisso mesmo. Como cheguei aqui, nem desconfio e com certeza você não me carregou no colo. Realmente isso é coisa pra se pensar muito. 
          - Como eu ia carregá-lo? Ainda mais no colo!
          Helô sorriu e num impulso segurou a mão de Rodolfo. Esse toque causou-lhe um bem estar enorme. Ele também sentiu-se nas nuvens. Os dois mergulharam numa onda de prazer. Apertaram-se as mãos com mais força. Parecia que estavam com medo que alguma coisa pudesse separá-los. Os corações batiam descompassados. O espaço de cada um, naquele momento, era pequeno. A emoção transbordava. A Madre sorria feliz. Abraçava os dois com felicidade plena. Ficaram os três envolvidos num facho de luz de cor azulada.  A sua missão estava quase completa, - pensou - ao proporcionar o encontro daquelas duas almas.
          A Madre foi-se afastando, mas não ficou muito longe dos dois. Esperou até que os corações serenassem. Quando percebeu que Helô podia entrar em sintonia novamente com ela, disse:
          - Helô, está na hora de vocês voltarem para a festa. Por enquanto ainda não sentiram a falta de vocês, mas a qualquer momento isso pode acontecer. Aí não vai ser bom. Tem alguns irmãos, que sintonizam com a Madre Joana, que estão tentando furar o bloqueio de qualquer jeito. O laço que os une é muito estreito, entretanto vamos continuar vigilantes, mantendo uma proteção compacta em torno dela, para afastá-los o máximo que pudermos. Vocês dois não podem chegar juntos. Avisa a Rodolfo.
         - Está bem, Madre.
           Rodolfo, a Madre falou que está na hora da gente voltar, mas temos que ter cuidado. Por precaução, não podemos chegar juntos.
          Ela falou e no mesmo instante saiu puxando-o pela mão, para saírem rápido dali, mas alguns metros à frente para. Rodolfo não entendeu e perguntou:
          - Ué!  O que houve?
          - Eu tenho que perguntar uma coisa à Madre, mas andando eu não consigo concentrar-me. É coisa rápida.
          - Madre, veio-me uma coisa aqui na cabeça. Invadiu de repente. Lembrei-me das meninas. A senhora não pode fazer nada por elas, não? Fico pensando nos maus bocados que vão passar nas mãos daqueles bandidos.
          A Madre queria explicar o que envolvia aquilo tudo, mas sabia que Helô não ia entender, naquele momento, aquela questão. Aquilo tudo era resgate de vidas passadas e ela não podia se intrometer, entretanto tentou assim mesmo justificar-se.
         - Minha filha, nesse momento não podemos fazer nada por elas.
         - Mas por que, Madre?
         - Agora não posso explicar. São muitos os porquês. Na maioria das coisas os espíritos não podem intervir. Em breve poderemos conversar sobre isso e mais uma porção de coisas que envolvem os dois mundos, onde eu vivo e onde você vive. Está bem? Agora vão andando, que já estão ficando atrasados.
..............Continua semana que vem!

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