terça-feira, 18 de junho de 2019

A História de Helô - Parte 37



Continuando...

          A entidade rondava a menina, mas não conseguia entrar em sintonia com ela. Aproximava-se e deixava bons fluídos. Até que nesses momentos Helô conseguia ter uma visível melhora. Em um desses dias, já no último dia do mês, a Madre Maria de Lourdes distribuiu fluídos pelo corpo de Helô e, em seguida, foi até a sala da Madre Joana de Maria. Lá chegando, encontrou outras entidades da sua equipe. Imediatamente começaram a fazer a limpeza no ambiente, retirando manchas escuras que se espremiam pelos cantos e outras ligadas com a Madre Joana. A sala de repente ficou com uma luz azulada. A Madre sabia que em muitos anos aquela sala não tivera uma claridade tão intensa. A faxina foi necessária para que a execução dos planos, por ela arquitetados, tivesse êxito. Depois que as vibrações se equilibraram, a Madre Maria de Lourdes começou a falar algumas coisas no ouvido da Madre Joana. Começando, sugeriu a liberação da irmã Amélia. Tentou por muito tempo cravar essa ideia na sua cabeça, entretanto percebeu que ela não demonstrou qualquer reação a sua sugestão, mesmo com o ambiente limpo, favorável a comunicação entre os dois planos. Então, como estava difícil, pediu ajuda às outras entidades, que começaram imediatamente a moldar a ideia que ela queria plantar no cérebro de Joana. Após a preparação começou o trabalho, mas não estava fácil, tendo em vista que Joana tinha uma cabeça dura e desequilibrada. Foi preciso o auxílio de outras entidades trabalhadoras da seara do bem, especializadas nesse tipo de serviço, e por meio de alta sugestão foram implantando a ideia arquitetada pela Madre, que consistia no afrouxamento da perseguição a irmã Amélia e numa programação festiva com o intuito de se arrecadar fundos para o convento, principalmente para o orfanato, utilizando autoridades e famílias abastadas da capital paulista e muitos políticos conhecidos do senador e que rezavam na mesma cartilha. Mas a ideia não fixava na mente da Madre Joana. Ela não conseguia assimilar todo o plano. Um fio negro chegava até ela e atrapalhava essa assimilação. Foi então que uma das entidades seguiu o fio. Distante dali tinha uma massa disforme conectada a esse fio. A entidade chamou a Madre Maria de Lourdes e ambas conseguiram desconectá-las. A mancha sumiu rapidamente e a Madre Joana sentiu um estremecimento no corpo. A equipe então voltou ao trabalho. O caminho que acharam mais fácil foi desenhar no cérebro dela muitas cédulas de dinheiro. E a arrecadação de toda essa grana estava atrelada a um evento festivo. Aí sim, aquele dinheiro que já estava imantado na sua cabeça despertou a cobiça da Madre Joana. Ela já estava achando que a ideia era toda sua.  Sorriu satisfeita. Fora possuída completamente com a criação. Criação que abraçou como sendo sua. O pensamento só tomou realmente forma quando o dinheiro não saiu um segundo da sua cabeça. O que imaginou, aí já era seu o pensamento, que poderia arrecadar com o evento, trouxe de volta o sorriso que há muitos anos tinha sido afastado litigiosamente. Naquele momento parecia outra mulher. Era um sorriso sem gosto de sangue.           
          Enquanto se preparava para apresentar a sua ideia às assessoras e posteriormente ao Senador e ao padre, a imagem de Helô se meteu nos seus pensamentos. Nisso teve mais ideias: ia aproveitar a festa para apresentar Helô a qualquer autoridade.   Ia falar com o Senador, que era a pessoa mais indicada para tal serviço. Ele conhecia a nata da sociedade, mas a nata mais podre. Depois sentaria com todas as comparsas para delinearem o que chamou de “a grande festa”. Depois de tudo acertado, comunicaria a todas as irmãs o que tinha sido resolvido. Com elas escolheria algumas com aptidão para organizar toda a parte cultural. Teria com certeza, entre outras coisas, muita música e teatro.
           A Madre Joana ficou ruminando, pelo menos durante dez dias, a sua ideia. Queria se convencer se realmente seria lucrativa. Quando a dúvida aparecia, notas e mais notas de cem reais despencavam do céu e caíam no seu colo. Aí se empolgava totalmente. Ela não via e nem sentia, mas sutilmente estava sendo sugestionada pela Madre Maria de Lourdes ou por outras entidades.
          Finalmente, numa segunda feira, ao acordar, a certeza já morava dentro de si. Despertou totalmente convencida. O seu projeto era real. Não tinha mais dúvida alguma na sua realização. Estava feliz com a sua ideia. Empolgada, mandou a irmã Celeste chamar todas as assessoras para comunicar o seu plano festivo. Elas ouviram caladas, mas a ideia não desceu bem. Não entendiam aquele comportamento da Madre Joana. Uma pessoa que nunca demonstrou qualquer sensibilidade e motivação para festas e, de repente, aparece com uma programação festiva. Dava para deixar qualquer um com um pé atrás e isso foi o que aconteceu. Elas ficaram mudas ante a exposição da Madre. A irmã Arminda, discretamente, perguntou entre dentes para a irmã Celeste:
          - Celeste,  o que aconteceu com ela? Coração mole, agora?
          - Sem perguntas. É aceitar e pronto. O negócio é bom.
          A Madre percebeu que a sua ideia não teve boa acolhida pelas suas assessoras. Gentilmente, o que não era de sua natureza, explicou tintim por tintim o que tinha bolado.
          - Minhas queridas, senti claramente que a minha ideia não foi entendida, mas vou explicar. Pensei no ganho. E vamos ganhar muito, podem ter certeza. O dinheiro vai chover na nossa horta. O senador vai ficar encarregado dos convidados. Cada um deles vai contribuir com uma grande soma. E tem mais: já temos algumas meninas com quinze anos para... Vocês sabem. Temos os jogos, a sala já está pronta, além de termos a oportunidade de apresentar as meninas que já estão prestes a sair daqui. Vai que alguém se interessa por elas? Já tem algumas prontas para o trabalho lá fora. Podem render uma boa soma. Entenderam a minha ideia?
.........................Continua na semana que vem! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário