Continuando...
Dyllon, depois do abraço que dera em Natasha, foi para um canto do quarto e ficou em silêncio. Parecia que estava tentando escutar alguma coisa ou alguém. Natasha percebeu e respeitou o silêncio do amigo. Ele ficou circunspecto durante uns dez minutos. Depois olhou para a amiga e, em seguida, caminhou na sua direção.
- Natasha, eles estão me chamando de novo. – disse Dyllon.
- Quem são eles, Dyllon? Que mistério é esse? – perguntou Natasha com muita curiosidade.
- Não sei. Como me chamam, é que é o mais estranho. Eu não ouço nenhuma voz que venha de fora. A voz está dentro de mim. Não sei se é telepatia. Nem sei se estão por perto.
- O que eles dizem, Dyllon?
Ele ficou pensativo. Queria entender o chamado para poder transmitir para a enfermeira. Sabia que era para ir embora, mas para onde? Não conseguia entender se havia palavras. Só percebia que era um chamamento, entretanto não conseguia ver letras. O sinal que recebia, ele só sentia. Não conseguia decifrar se era código. Mas como entendia? Não sabia dizer.
- Natasha, não sei o que é. Só sei que me chamam. – disse Dyllon, parecendo decepcionado por não poder esclarecer o que recebia.
- Muito estranho, Dyllon. Só queria entender um pouquinho esse processo de mensagem que passa na sua cabeça. Caramba! Isso é coisa de doido! Você entende, mas não sabe como entende. Vou pirar, meu amigo!
Natasha não conseguiu se segurar e desatou a rir. E o amigo a observava calado, não achando graça nenhuma em uma questão que só causava confusão na sua cabeça. Foi muita coisa, em poucos dias, que entrou na sua vida. Ele não conseguia imaginar aonde ia parar essa enxurrada de informações que alagava seus pensamentos. E nem imaginava como essas transformações se operavam. Realmente era uma coisa de doido.
A enfermeira ficou sem graça, ao perceber que o amigo ficara calado e com um ar tristonho. Imediatamente engoliu o riso. Para demonstrar que estava arrependida, num gesto carinhoso, passou a mão na cabeça dele, encostou a boca na sua orelha e sussurrando pediu desculpas. Para finalizar, beijou o seu rosto, enquanto alisava os seus cabelos. O estranho Dyllon, depois dessa demonstração de afeto, deixou que o sorriso iluminasse o seu rosto. Em seguida, abraçou-a e sapecou um beijo na bochecha da amiga. Com isso demonstrou que aceitara as suas desculpas.
José Antônio entrou no único vagão de um trem que pegava de quinze em quinze dias, numa linha de um metrô completamente desconhecida, numa estação sombria, em um buraco que parecia mais com uma caverna. Toda vez que ali chegava, se perguntava o que estava fazendo naquele lugar completamente misterioso. Não tinha certeza, mas achava que estava em algum lugar mais profundo que as linhas de metrôs normais. Normalmente eram apenas seis pessoas que se encontravam naquele período, e faziam a mesma coisa: ficavam enfileirados e se serviam – era obrigatório – de um café muito ralo e comiam uma bolacha, muito sem graça, e entravam no único vagão, velho seu conhecido.
Não foi a primeira vez que percebeu que, logo ao entrar, se sentia sonolento. Achava que era da atmosfera reinante naquele lugar sombrio, onde as pessoas não podiam se falar. Não conversavam, por que não se conheciam? Não era isso. Logo que chegava na plataforma, você não podia se dirigir a ninguém. Entrava na fila, mudo, para pegar o cafezinho ruim e a bolacha péssima, e tinha que ficar de cabeça baixa. Esse silêncio obrigatório, estava corroendo a sua alma. Era um lugar escuro. A segurança se vestia de negro. Quem eram essas pessoas? Toda vez se perguntava. Agora, depois que conversara com Natasha, sentiu medo. Antes se sentia incomodado.
Depois de sentar-se, não demorou muito, e já estava dormindo. Não só ele, mas todos ressonavam, quase ao mesmo tempo. Uma sinfonia enlouquecedora, para quem estivesse acordado.
....Continua Semana que vem!
Muito boa a historia!! Ja quero ler mais! ❤️ gostei bastante
ResponderExcluirObrigado, minha neta! Te amo muito!
ResponderExcluirte amo 😁❤️
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