terça-feira, 11 de março de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 46

 


Continuando...

               Lentamente a porta da enfermaria ou quarto de Dyllon foi abrindo. Mal terminou de abrir, Natasha ouviu um bom dia, que ecoou pelo corredor. Lá estava o estranho Dyllon sentado em cima da cama, com um sorriso escancarado.

               - Qual o motivo da alegria? – perguntou Natasha, também sorridente.

               - É sobre a sua alegria!

               Natasha escondeu imediatamente o seu sorriso. Em seguida uma cara aborrecida tomou conta do seu lindo rosto, agora não tão bonito assim. Uma carranca substituía o seu rosto original.  Dyllon se assustou e, com um sorriso murcho, deixou claro que estava completamente sem jeito. Antes de falar alguma coisa, esperou que ela soltasse os bichos em cima dele. Mas para a sua surpresa ela emudeceu e sentou-se na pequena poltrona, entristecida ou decepcionada, cabeça arriada, com as duas mãos em baixo do queixo.

               Dyllon pulou da cama e foi até ela, que continuava com a cabeça baixa. Ele percebeu o motivo daquilo tudo. Andou um pouco pelo quarto esperando que ela se equilibrasse. E com a sua força de pensamento foi fazendo esse trabalho. Quando ele sentiu que ela já estava normal, sem raiva e nem ressentimento, era a hora de esclarecer algum mal entendido.

               - Natasha. – ela levantou a cabeça – Minha querida, você não entendeu quando falei da sua alegria. Falei, porque sabia que você estava feliz. Mas pode ficar certa, que não invadi o seu quarto, com o meu pensamento. Mas uma coisa me intriga: você é a única pessoa que, às vezes, bloqueia os meus pensamentos. – disse isso, ficou um pouco de lado, colocou a mão na boca e sorriu -  Isso acontece, quase sempre. – prendendo o riso - Mesmo assim, eu não tentei, nem em pensamento – riu- invadir o seu quarto. Você acredita em mim? Somos amigos, Natasha.  Você é a minha única amiga.

                A enfermeira conseguiu sorrir. Mas no fundo não acreditou muito no que ele falara. Foi um sorriso morno, mas fez com que Dyllon ficasse aliviado. Mas os seus olhos ficaram marejados de lágrimas. A emoção era bastante. Estava tão feliz, que tinha vontade de contar tudo para Dyllon, sem constrangimento algum. Ia contar,mas... nem tudo. Pensou melhor.

                - Dyllon, realmente estou muito feliz. Nunca cogitei que pudesse me sentir assim, mas foi além das minhas expectativas. Sabe o que eles fizeram? Zé Antônio e William.

                - Sei. William desligou as câmeras. – Dyllon interrompeu, não deixando que ela concluísse.

               - Puxa! Então...

               - Só isso que ouvi. Do resto me desliguei. Pode ficar tranquila que não invadi a sua privacidade.

              - Tudo bem. Me acertei com ele, Dyllon. Sem querer me descobri apaixonada. Acho que ele também.

              - E tá mesmo, Natasha. Ele gosta muito de você. Disse alguma coisa a respeito de tentar descobrir os paradeiros dos médicos e da enfermeira?

              - Primeiro ele vai descobrir os nomes completos. Tem uma contato bom no departamento de pessoal. Só tem um problema. No meu caso, o meu nome é esse mesmo. E acredito que Carla, deva ser também o nome real. Agora com os médicos, já é outra história. Eles não são estrangeiros, como se apresentam e os nomes não são verdadeiros.

               - Eu já sabia. Só que não consegui descobrir os nomes verdadeiros. Nunca peguei eles pensando nisso e nem falando a respeito. Parece que um desconhece a origem do outro. É uma mentira bem construída. Acho que eles acreditam tanto nessa farsa, ao ponto de “abolir” o nome de batismo.

               Continuaram falando sobre coisas triviais. Natasha falou sobra a sua rebeldia na hora do café. Depois de três anos levando, sem esquecer um dia sequer, a bandeja até o lugar certo de descarte, ela resolveu largar tudo em cima da mesa. Depois olhou na direção de onde deixara a bandeja e teve vontade de fazer careta, pois tinha quase certeza que era, de alguma forma, vigiada, não sabia por quem, era na hora do café, do almaço, do lanche da tarde e do jantar. Dyllon orientou-a a permanecer fazendo tudo que fazia antes. Não podia deixar que suspeitassem dela. Ela então acabou aceitando o conselho do amigo.   

               Naquele mesmo dia, José Antônio ia sair de folga. Natasha estava nervosa. Não ia poder ver o namorado, pois era assim que já se considerava. Saiu do quarto de Dyllon para tentar vê-lo, mas foi em vão. No momento que ele passou pela outra porta, só ia voltar daqui a quinze dias. Esfregou as mãos e de repente se viu deixando cair uma lágrima. Passou a mão nos olhos e voltou para o quarto do amigo. Ele já a esperava, com um sorriso de acolhimento. Pegou-a pelas mãos e puxou-a até próximo de si e abraçou-a. Não precisou dizer nada, mas Natasha sentiu que estava sendo abraçada não só no corpo, mas também na alma.  

.......Continua Semana que vem!

    

 

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