terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 42

 


Continuando...

               No alto de uma das guaritas, onde a tarde já estava sendo engolida pela noite, a sentinela deu o sinal de um ataque a área que era guardada por um destacamento com 56 soldados, mas que desconheciam como sobreviver numa selva, caso houvesse algum confronto com guerrilheiros, índios, contrabandistas ou traficantes, fora da fortificação. O grupo era suficiente bom para defender  o pequeno forte, pois estavam armados com armas de última geração, para combate em guerra, entretanto não foram preparados para um combate, se preciso, dentro da floresta.  Eram simples soldados que desconheciam técnicas de sobrevivência na selva. Aonde estavam, se sentiam protegidos pela pequena fortaleza, que pensavam ser inexpugnável. Ali achavam que dariam o recado, segundo o treinamento que tiveram.

                O soldado de serviço na guarita, com aquela iluminação forte, não teve dúvidas ao anunciar que estavam sendo atacados, só que não conseguia identificar por quem. Parecia que toda a área, vigiada vinte e quatro horas, aonde existia radiação, estava coberta por uma luz que não deixava ver o interior.

                A noite se aproximava, mas a intensidade da luz era tão forte, que toda área virara dia. A sensação que o soldado tivera, era que o sol tinha pousado naquele lugar esquecido por Deus.

               Todos os soldados, cerca de 54, pois dois estavam acamados com virose, já estavam prontos para um possível ataque, de quê ou de quem?  Não sabiam. Dentro da fortificação, construída para isolar toda a área contaminada e para proteger o pelotão de ataques de animais selvagens e de bandidos, virou um pandemônio. Um corre-corre generalizado tomou conta do restrito espaço. Todos armados até os dentes, sem saber o que atacar e de quem ou do que se defender. O único alvo à vista era a imensa luz. Como atirar numa luz? O pelotão só esperava a ordem do sargento.  

               O imenso foco de luz começou a girar. Só foi percebido pelo vigia, que observou que as árvores que estavam na escuridão, começavam a ficar iluminadas. Depois voltavam a ficar escuras novamente. Com isso concluiu que o foco de luz não era esférico.

              - Sargento! A luz está girando! E o foco é oval! Aos poucos está aumentando a velocidade! O que é que eu faço aqui em cima? Continuo ou desço? – o soldado da vigia, gritava para o sargento.

              O sargento olhava sem ver ou perceber qualquer movimento naquele foco de luz. Não sabia que ordem dar aos seus soldados, que esperavam ansiosos pela sua decisão. Decisão? O sargento não conseguia nem pensar. A sensação era que alguma coisa embaralhava seus pensamentos. Depois se deu conta que estava sendo arrastado em direção à luz. De repente foi despertado pelo soldado da guarita gritando novamente.

               - Sargento! Sargento! O senhor não sabe o que estou vendo! A luz agora está me deixando ver o interior da área contaminada! Meu Deus! – fez uma pausa - O senhor não imagina o que eu estou vendo! Sargento, tem uma porção de gente entrando e saindo das casas! Como elas entraram? Como passaram sem ninguém ver?

             - Desce! – gritou o sargento.

              Mal o soldado pisou no chão, o sargento subiu rapidamente até a guarita, a mais ou menos cinco metros do chão. Não acreditou no que viu. Todos os mortos estavam vivos. Pelas informações que tivera, há vinte anos atrás não sobrara nenhuma alma viva naquele pequeno povoado, encravado no coração da floresta amazônica. Na realidade, de tão pequeno, não tinha classificação. Era uma pequena rua, com seis casas de cada lado. Casas, se assim podia ser chamado aqueles seis casebres, só mesmo com muito boa vontade.

              O sargento estava presenciando alguma coisa que não podia classificar de normal. A luz ainda estava abraçando aquele pequeno lugar, carregado de radiação nuclear. Via e tinha certeza que era real, não era miragem. Estava próximo dos seus olhos, pessoas que supostamente tinham morrido, circulando como se nada tivesse acontecido. O relatório era claro quando dizia que todos os moradores tiveram os seus óbitos confirmados. Segundo ele, a radiação tinha tirado do mundo aquelas almas. Foram crianças, adolescente e adultos, não restando uma viva alma para provar o contrário.  E agora, como acreditar no relatório que estivera na sua mão, quando os seus olhos  viam o contrário?

 .......Continua Semana que vem!

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