terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Uma Luz e Nada Mais - Parte 41

 


Continuando...

              A enfermeira olhou-o com um olhar tristonho e começou a andar no quarto, em silêncio. Ela procurava o que responder ao rapaz, mas não encontrava nada que pudesse justificar aquelas duas portas no quarto de Dyllon. Estava num beco sem saída. Pensou, pensou. A conclusão era obvia, não podia falar. Ou não queria falar. Parecia que tinha esquecido o que Dyllon falara para ela: fala tudo.

              - Zé Antônio, não posso falar nada. Não é questão de falta de confiança, não é isso. Mesmo nos falando, praticamente, pela primeira vez, eu sei que posso confiar em você. Mas... – fez uma pausa.

              - Mas... – disse Zé Antônio.

              - Eu... – respirou fundo – Eu estou com medo. E cheguei a conclusão que só posso contar com você. – calou e dirigiu um olhar, já cheio d’água, para o rapaz.

              José Antônio engoliu em seco. Nem conseguiu falar nada naquele instante. Ficou engasgado. Olhava aquele rostinho tão encantador, cheio de doçura, mas que o encarava com tanta tristeza, que sentiu até vontade de chorar. Ela sem querer conseguiu desarmá-lo, fê-lo se culpar pelo estado que a deixara.

               - Desculpa, Natasha. Não foi a minha intenção deixa-la assim. Você está com medo do quê? De alguma pessoa? Quem está querendo fazer mal a você?

               Depois de algum tempo em silêncio, de cabeça baixa, Natasha levantou a cabeça e olhou-o nos olhos, e disse:

               - Realmente estou com muito medo. Você sabe, estou aqui há três anos. Recentemente alguma coisa soprou no meu ouvido, que eu só tinha mais dois anos aqui. O meu contrato vai terminar daqui a dois anos. E essa coisa que brotou na minha cabeça, dizia claramente, que quando findasse o contrato eu seria morta.

               - Mas como pode ser isso, Natasha? Nem sei se acredito nisso. Qual o motivo?

              - Zé Antônio, eu não posso ainda dizer o que está do outro lado daquelas portas, mas posso adiantar que faço parte de um evento secreto. Você sabe que sou enfermeira. Então... Não posso dizer mais nada. Eu gostaria que você me fizesse uma favor. Você se lembra da outra enfermeira antes de mim?

               - Lembro, mas nunca soube o nome dela.

               - É Carla. Mas não sei o seu sobre nome.

               - Posso tentar descobrir. Tenho alguns contatos aqui na base. Natasha o que é que está havendo? – perguntou José Antônio.

               - Na verdade, não sei. É só suspeitas. Inclusive gostaria de saber, também, sobre os paradeiros dos médicos anteriores aos Doutores Walter e Ferguson. Os nomes deles eu sei, um passarinho me contou. Um se chama Dr. Jacobson e o outro Dr. Herbert.

              - Conheci, mas nunca soube os seus nomes. Também nunca me interessei em saber quem eram eles e o que faziam ao entrarem naquela sala misteriosa. Sempre estive centrado no meu serviço. Já que não podia falar com nenhum deles, só tinha era que me preocupar com os meus afazeres. Estou curioso em saber quem é esse passarinho. – ele terminou de falar e deixou brotar um leve sorriso.

             - Zé Antônio... – Natasha fez uma pausa, enquanto mastigava algum pensamento. -  Você é curioso, hein menino! Calma que eu vou falar. Agora sem brincadeira. Eu suspeito que a enfermeira Carla, foi morta, quando acabou o seu contrato. E, de repente, os médicos. Depois, quando eu puder, eu te falo o porquê da minha suspeita.  

             - Mas o que é que você quer que eu faça? Claro, depois que descobrir os nomes completos de todos eles.

            - Gostaria, quando você ficar de folga, de saber o paradeiro dessas três pessoas. Será possível?

            - Natasha essa pergunta é muito difícil de responder. Tenho que saber os nomes completos, para depois tentar descobrir o paradeiro dessas pessoas. Mas deixa isso para depois. Agora não vou poder saber de nada.

            - Tá bom. Tem outra coisa, pensei agora: e as câmeras lá fora? Você entrou no meu quarto e eles vão saber! E agora?

            - Calma. Quem está no controle é o meu amigo. Quando eu cheguei próximo a sua porta, ele desligou a câmera. Entrei e ela foi ligada novamente. Tenho 40 minutos, desde que saí de lá, para ficar com você. Tenho que sair às 07:50 h. Você vai abrir a porta e vai ver se a câmera está com a luzinha vermelha apagada. Se tiver, eu saio.

            - E se ele esquecer de desligar?

            - Aí eu estou frito. Acho que nós dois estaremos em maus lençóis.

            - Zé Antônio, mas eu posso sair e, quando passar em frente da cabine, faço um sinal para ele, mesmo não o vendo.

            - Nem tinha pensado nisso. Agora, vamos falar só de nós dois. Eu até sonhei com esse momento. Nesses três anos só vendo você sem poder trocar uma palavra, foi torturante. – o rapaz fez uma pausa, enquanto passava as mãos nos cabelos de Natasha.

             - Que olhar é esse, menino? Você jura que vai se controlar?

             - Eu juro. Mas... -  puxou-a para junto do seu corpo e beijou-a ardentemente. Ela aceitou ser beijada, pois não demonstrou qualquer sinal  de rejeição. Pelo contrário, abraçou-o também com paixão.

 ,,,,Continua Semana que vem!

 

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