terça-feira, 3 de setembro de 2024

Uma Luz e Nada Mais - Parte 19

 


Continuando...

          Ao passar pela porta do quarto de Natasha parou e a viu deitada, envolvida em pensamentos tristes. Sentiu vontade de bater na porta e entrar. Entretanto preferiu abortar a ideia, com receio de causar algum problema para sua querida enfermeira. Naquele mesmo instante Natasha se levantou e Dyllon ouviu o seu pensamento: não vou ficar sozinha aqui com a minha ansiedade, vou ver o meu paciente.

             Antes de sair, Natasha foi até ao banheiro, lavou o rosto e se penteou. Em poucos minutos entrava no quarto de Dyllon, que voltara feito relâmpago.  Ele, de olho fechado, sorriu e desejou uma boa tarde para ela.

           - Muito boa tarde, Dyllon. – respondeu sorrindo – Pelo visto está transbordando de alegria! Quero saber o motivo, hein!

            Ela falou e se aproximou do, agora, amigo. Colocou as mãos sobre o seu braço esquerdo e, com expressão assustada, retirou-as imediatamente. O susto deixou-a muda, por algum tempo. Olhava para Dyllon fixamente até que deixou escapar um leve sorriso. E esse sorriso veio com uma interrogação lacrada. Custou a se manifestar a respeito do que vira.

            - Dyllon, o que é isso? Quem fez isso? Não estou acreditando que eles... Não, eles não fariam isso!

            - Calma. Não vá se assustar. Se afasta um pouco. Você está me vendo?

            - Claro! Por que eu não estaria?

            - Puxa! Ainda bem! Depois eu explico tudo. Mas olha agora.

            Dyllon foi se levantando devagar até ficar sentado na cama. Natasha colocou uma das mãos em frente da boca, parecia que queria esconder a sua surpresa.

            - Não acredito no que estou vendo! Dyllon, quem te soltou? Estou, nem sei o quê! Assustada? Admirada? Surpresa? Sei lá, Dyllon! Mas uma coisa estou, com certeza, é feliz de ver você em liberdade! Você consegue andar?

            Dyllon não respondeu, simplesmente desceu da cama e andou pelo quarto. Depois ainda deu uns pulinhos, para espanto de Natasha. Em seguida pegou-a pelos braços e simulou uma dança. A enfermeira já não conseguia mais esconder a sua alegria e acabou abraçando-o, com um abraço apertado.

            - Quem fez isso? – perguntou de novo.

            - Eu mesmo. – falou secamente.

            - Como assim? Você... Não estou acreditando. Vai, me explica isso direito.

            - Foi estranho. Depois que você saiu, comecei a perceber algumas mudanças em mim. De repente ouvi os seus pensamentos. Isso, os seus pensamentos. Vi você chorando...

            - Sim, eu chorei! – interrompeu-o bruscamente.

            - Puxa. Então, o seu rosto chegou até próximo do meu rosto e deixou cair uma lágrima, e as lágrimas se misturaram. 

            - Verdade, Dyllon? Estou assustada com isso! Você é bruxo, ou coisa assim!

            - Que bruxo, nada! Vou continuar. Na hora que eu relatar o que aconteceu depois disso, aí você vai dizer que eu não existo. Sou apenas um sonho. Um super-herói que a sua cabeça criou para tirá-la daqui.

            Quando Dyllon fez uma pausa, proposital, Natasha, meio esbaforida, balançou um dedo demonstrando negação.

            - Não! Não! Claro que você existe! Você é real! Para com isso, Dyllon! Está querendo me deixar maluca?

            - Calma, Natasha. Eu existo e você também. Já imaginou como a minha cabeça está? Vinte anos dormindo, de repente acordo e... Sabe que penso, às vezes, que estou sonhando? É o que parece, você não acha? Fica calma. Vou mostrar uma coisa para você. Vou ver se vai dar certo. Eu levei o maior susto quando aconteceu. Abri as abraçadeiras, não sei como. Levantei e passei pela porta e... Depois eu falo mais.

            Natasha ameaçou falar alguma coisa, mas ele colocou a mão na sua boca, impedindo-a. E ficou em silêncio, circunspecto, olhos fechados. Mas isso só durou alguns segundos, pois abriu os olhos novamente e olhou dentro dos olhos de Natasha. Depois passou as suas mãos no rosto dela, em um gesto carinhoso. Natasha segurou a mão do amigo e beijou-a, retribuindo o carinho recebido. Ela respeitou o silêncio que ele lhe impôs e esperou para ver o que ia acontecer. 

.......Continua Semana que vem!

 

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